CrediHome e Kenlo miram home equity com processos mais tecnológicos

Digitalização das etapas de contratação torna modalidade mais competitiva

24 de setembro de 2021Mercado Imobiliário

Alternativa de crédito pessoal consolidada nos Estados Unidos, em países europeus e asiáticos, o home equity - ou crédito com garantia de imóvel - tem crescido acima de 50% ao ano no Brasil, beneficiado pela queda generalizada nas taxas de juros ao longo dos últimos três anos e pela revolução tecnológica nos processos de análise de crédito, avaliação jurídica, registro cartorário e contratação de seguros. 

Os protagonistas deste movimento são as fintechs, como a Kenlo, do grupo InGaia, que oferece o produto aos clientes das imobiliárias e dos corretores parceiros de forma 100% digital, incluindo a assinatura e o registro do contrato em cartório. “Testamos o home equity em um grupo limitado e agora a ideia é escalar, não apenas no universo das 8 mil imobiliárias e corretoras parceiras, como também para agentes externos”, afirma o CFO da InGaia, Dan Shigenawa

Outro player com forte atuação neste mercado, a CrediHome tem triplicado anualmente o volume de operações contratadas desde sua fundação, no final de 2017. “O mercado imobiliário cresceu 50% no ano passado em relação a 2019, deve crescer entre 40% e 50% esse ano em relação a 2020, e nessa esteira o mercado de home equity também tem crescido muito, em taxas até superiores a essas, e as empresas como a CrediHome têm se destacado ao melhorar a experiência do cliente”, avalia o fundador e CEO da fintech, Bruno Gama.

A diretora da GEO, Rossana Costa, celebra o movimento das fintechs no sentido de simplificar e digitalizar a obtenção de crédito imobiliário, no qual está inserida a contratação dos seguros obrigatórios. “Os grandes bancos ainda detêm cerca de 85% do mercado, então ainda é uma pequena parte que está engajada em oferecer um atendimento tecnológico, mas essas melhorias vão acabar contagiando os maiores players”, avalia a especialista. 

Que melhorias são essas?

Gama conta que quando começou a trabalhar no mercado de crédito imobiliário, há quase quinze anos, a contratação podia levar até seis meses. Hoje, o prazo já caiu para aproximadamente duas semanas, mas a meta da fintech é reduzi-lo ainda mais, para cinco dias entre a solicitação e o registro do contrato. 

Atualmente, a análise do cliente já é feita via preenchimento digital de proposta única, que tanto é enviada aos bancos parceiros - a CrediHome também é uma plataforma multibanco - quanto avaliada internamente. “Entregamos a oferta de crédito em minutos. Antes, isso levava semanas”. 

Outra grande evolução propiciada pela tecnologia ocorre nas etapas de avaliação jurídica e do imóvel colocado em garantia. Hoje, boa parte é feita por algoritmos, dispensando as visitas presenciais. “A gente usa uma base de dados para fazer a estimativa do valor do imóvel, e uma parte da diligência documental e jurídica também é feita por outros algoritmos”, diz Gama. 

Até mesmo nos cartórios tem havido evolução: parte dos registros já é feita de forma eletrônica, o que permite que a contratação do home equity seja, de fato, 100% digital. “A digitalização é um grande acelerador de negócios e gera um ciclo virtuoso para o mercado imobiliário em geral”, afirma Shigenawa. 

Na composição dos custos, os menores valores cobrados na contratação dos seguros - Habitacional Prestamista MIP e DFI - também estimulam a aquisição de crédito imobiliário, incluindo o home equity. Segundo a diretora da GEO, na comparação com o modelo tradicional dos grandes bancos, o custo cai pela metade, na média das operações, podendo o desconto ser ainda maior. 

“Em alguns casos, quando as pessoas começam a avançar na faixa etária, isso se torna um pouco mais gritante porque os bancos, em geral, tendem a ter um seguro por faixa etária, e nós produzimos uma operação que é com uma taxa única, então a fintech se favorece”, explica Rossana Costa.

Se o tomador tem 60 anos ou mais, o custo chega a um sexto (ou 83,3% menor). “Isso, quando multiplicado pela quantidade de parcelas ao longo dos anos, é uma pequena fortuna”. Ainda segundo a especialista, em torno de 50% da redução de custos se deve aos fatores operacionais, e a outra metade às tábuas de mortalidade usadas pelas seguradoras dos grandes bancos. 

Por que contratar o home equity?

Para o CFO da InGaia/Kenlo, o crédito com garantia de imóvel é o melhor produto para quem busca crédito de alto valor com prazo de pagamento longo e parcelas que se encaixam no orçamento. “Estamos falando de taxas possíveis inferiores a 1% ao mês, o que é muito mais barato do que qualquer crédito privado e com um prazo muito mais alongado para quitação”, explica. 

Shigenawa ressalta que a comparação com o crédito imobiliário para aquisição não é correta, uma vez que este último é lastreado na poupança. Ainda assim, o home equity permanece competitivo, com a vantagem de que o tomador pode utilizar o crédito para qualquer finalidade, enquanto o produto de aquisição é necessariamente voltado à compra do imóvel. 

Gama corrobora o ponto de vista: “O crédito imobiliário no Brasil usa - obrigatoriamente - o funding da poupança. O custo para o banco é de 70% da Selic, algo em torno de 3,5% atualmente. O home equity não usa o SBPE, mas sim o funding de mercado, por isso é um pouco mais caro, mas é absolutamente mais barato do que qualquer linha de crédito pessoal”. 

“Nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia é super comum o cidadão usar o imóvel como garantia de empréstimo porque é muito barato, e a gente está trazendo esse movimento para o Brasil, super convictos de que muita gente vai se beneficiar disso”, ratifica o fundador e CEO da CrediHome. 

Com otimismo semelhante, Shigenawa encerra: “Temos convicção de que, com o tempo, o home equity será cada vez mais ofertado e considerado pelos clientes, tornando-se o maior produto de crédito do país, seguindo o que é verificado nos países com economias mais maduras”.

Por Henrique Cisman