Setor imobiliário em 2019: Accor prioriza expansão no Brasil

Patrick Mendes, CEO na América do Sul, afirma que grupo deve abrir cerca de 40 hotéis na região, 75% deles no Brasil.

27 de novembro de 2018Mercado Imobiliário
A AccorHotels tem adotado uma estratégia agressiva na América Latina e, ainda que tenha sentido os efeitos dos solavancos nacionais em 2018, sobretudo em maio, mantém o Brasil como prioridade em seu processo de expansão. 

Nesta entrevista, que abre a série 'Setor imobiliário em 2019', para a qual o GRI Hub está ouvindo diversos dos maiores nomes do setor imobiliário, Patrick Mendes, CEO da AccorHotels na América do Sul, conta como o grupo está encerrando 2018, os desafios que tem pela frente, perspectivas e planos para 2019. Acompanhe a conversa, realizada durante a participação do executivo no Brazil GRI 2018

Como a Accor encerra o ano de 2018?
Tivemos um primeiro quadrimestre muito bom. Depois, em maio, perdemos em um mês o que ganhamos nos meses anteriores. Já a terceira fase foi a recuperação, que tem caminhado pouco a pouco. De junho a dezembro, vemos um retorno positivo, alavancado principalmente por São Paulo, mas também notamos recuperação em outras cidades, como Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e Brasília. O maior desafio interno ainda é o Rio de Janeiro.

Você cita que o Rio é um desafio. Está trabalhando em alguma estratégia para para reverter esse cenário?
Atualmente, temos 105 hotéis no Rio e já estamos trabalhando em Comunicação, Marketing e Relações Públicas para tranquilizar os clientes, principalmente os brasileiros, que correspondem a 70% da clientela [da cidade fluminense].

Sobre o período eleitoral, como o setor hoteleiro tem acompanhado o resultado das votações? 
É evidente que o cenário político e o momento atual Interferem positivamente. A realidade é que a Bolsa [de Valores] está voltando, os contratos do pré-sal estão dando resultado, há a previsão de retomada da atividade econômica, os brasileiros estão mais confiantes, as empresas que tinham demanda reprimida estão tornando a investir, e já vejo investidores internacionais – que estavam esperando a eleição – manifestando o desejo de voltar com força [ao Brasil].

Sente, então, uma abertura maior dos potenciais investidores?
Sim. É claro que os primeiros posicionamentos [políticos] que estão sendo tomados tranquilizam os investidores estrangeiros. Hoje, eu já vejo investidores estrangeiros que estão retornando, que querem voltar a analisar projetos. 

Para 2019, as perspectivas são favoráveis?
Sem dúvida, todos os sinais apontados são bastante positivos. Para 2019, projetamos [para a AccorHotels na América do Sul] um crescimento entre 6% e 7%, com a abertura de cerca de 40 hotéis na América do Sul, dos quais 75% serão no Brasil. Neste ano, inauguramos o hotel nº 300 no País, em Curitiba, num total de mais de 360 na região sul-americana. Temos ainda 160 no pipeline e já ultrapassamos o nosso objetivo de chegar a 500 hotéis [na região]. Nosso objetivo é chegar a 650 até 2022 – 500 em operação e 150 em construção. Acreditamos que as aquisições que fizemos nos últimos cinco anos – incluindo o grupo Posadas, a BHG e a rede Atton – nos ajudam a ter uma visibilidade maior na América do Sul no próximo ano.

Também há possibilidade de trazer outras marcas, adquiridas em outras partes do mundo, para a países sul-americanos, em especial para o Brasil?
As aquisições globais sempre terão impacto por aqui. Acabamos de adquirir 50% do SBE Entertainment Group, [rede de luxo] que possui entre suas marcas o SLS [Hotels & Residences], além dos grupos Mondrian e Delano, e pretendemos lançar essas marcas na América do Sul, incluindo o Brasil. Também queremos trazer [a suíça] Mövenpick, outra aquisição do grupo, para a região. 

Em relação a tecnologias e novos serviços, o que a Accor planeja para o próximo ano?
A Accor tem o papel de ser um dos precursores [do segmento] em termos de tecnologia. Temos um sistema de distribuição muito elaborado, conectado a todas as operadoras mundiais, e também utilizamos a evolução tecnológica para melhorar a experiência do cliente, que vai do aplicativo – que precisa ser cada vez mais user friendly –  a muitos outros investimentos em tecnologia de base, desde a reserva, o comentário e o pagamento, por exemplo. Também acabamos de lançar um quarto 360º no Pullman Vila Olímpia [em São Paulo], que soma todas às tecnologias modernas e futuras do ramo hoteleiro. No mesmo hotel, temos ainda um robô no lobby, que auxilia os hóspedes, com atendimento personalizado e informações apuradas sobre o que ocorre dentro ou no entorno do empreendimento.


GRI Hotéis 2019

GRI Hotéis 2019

As perspectivas e os desafios do setor hoteleiro estarão em discussão no GRI Hotéis, que vai reunir os principais players desse mercado atuantes no Brasil em 7 de maio em São Paulo. Saiba mais sobre a programação


Entrevista concedida a Estela Takada