Exclusivo: Brasil receberá mais investimento estrangeiro, diz CFO da Brookfield

Maior proprietária de escritórios do país, empresa destaca oportunidades mediante controle inflacionário e queda dos juros

22 de agosto de 2023Mercado Imobiliário
Por Henrique Cisman

Presença garantida no Brazil GRI 2023, Cristiano Machado, Managing Partner & CFO - Real Estate Funds da Brookfield, concedeu uma entrevista exclusiva ao GRI Club, na qual fala sobre o olhar do investidor institucional estrangeiro para o mercado imobiliário nacional, em um momento em que o país inicia o tão esperado ciclo de corte na taxa básica de juros. 

A Brookfield tem R$ 27 bilhões em ativos imobiliários sob gestão no Brasil, ocupando o primeiro lugar no ranking de proprietários de lajes corporativas. No ano passado, a empresa chamou a atenção do mercado ao comprar 80% do portfólio de escritórios da concorrente BR Properties por quase R$ 6 bilhões. Globalmente, o portfólio supera 270 bilhões de dólares em AUM no real estate. 

Na leitura de Cristiano Machado, como o Brasil foi o primeiro país a combater de forma rígida a inflação, por meio de uma "subida drástica" das taxas de juros, também deve ser o primeiro a colher os frutos dessa atitude. 

"Estamos vendo a inflação cair e isso já começa a se traduzir em outros números também. Recentemente, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou a projeção atualizada de crescimento dos principais países do mundo, e o Brasil, dentre as 12 principais economias, foi o que teve a maior revisão positiva do PIB", afirma. 

Cristiano Machado em entrevista ao GRI ClubCristiano Machado em entrevista exclusiva ao GRI Club (Foto: GRI Club)

O executivo diz acreditar que o Brasil pode continuar surpreendendo positivamente. Ainda hoje, o país tem a maior taxa de juros real do mundo. "Isso foi muito ruim nos últimos 12 a 18 meses, mas olhando para o futuro, é o país com a melhor perspectiva, que tem mais taxas de juros para cortar. Se a economia continuar nessa trajetória, a atenção [do investidor estrangeiro] vai voltar para o Brasil, e de uma forma mais acelerada do que a maioria está esperando", completa Machado. 

Por outro lado, ele pondera que a situação político-econômica global mais atrapalha do que beneficia a América Latina no momento. "É um cenário de bastante incerteza ainda, com a maior parte dos países lutando contra uma inflação acima da meta e juros acima do que é típico nesses países, além das incertezas geopolíticas em diversas partes do mundo, incluindo Europa e Ásia". 

Segundo Machado, essas preocupações tomam grande parte da atenção dos investidores, que por consequência ainda não têm o foco na América Latina e no Brasil. Na estratégia da Brookfield, estes são os melhores momentos para investir.

"Temos equipes focadas em cada local onde investimos, e o Brasil é um dos países nos quais estamos há mais tempo, então conhecemos a economia e como os ciclos se formam. Quando nem todos os players estão capitalizados o suficiente ou não têm uma perspectiva boa, e entendemos que a realidade é melhor do que essa expectativa, compramos ativos a um bom preço".  

Machado refuta que a crise imobiliária dos escritórios e de outras classes de ativos comerciais nos Estados Unidos e na Europa possa ter desdobramentos negativos no Brasil. "Se o investidor está presente de uma forma mais significativa no país, ele vai entender as diferenças entre um mercado e outro. A alavancagem no Brasil, por exemplo, é muito menor do que nos Estados Unidos. Isso, por si só, já deve ser levado em consideração". 

No curto prazo, são poucos os fatores que preocupam a Brookfield, já que a tese de investimento é de um período mais longo, geralmente de cinco a sete anos até a saída. No radar, está a capacidade dos países de controlar a inflação e reduzir as taxas de juros. 

No longo prazo, as questões geopolíticas deixam o alerta aceso. "Vimos durante a pandemia como as economias estão ligadas, por exemplo, as cadeias de produção, ou seja, como um problema local pode afetar outros locais, então sempre estamos monitorando os conflitos geopolíticos e a relação dos países". 

A Brookfield e outros grandes investidores institucionais estão confirmados no Brazil GRI 2023. Saiba mais!
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