Crédito imobiliário via SBPE deve subir cerca de 20% em 2019

Agenda de reformas é determinante para expansão acima ou abaixo dessa taxa, avalia Abecip. Podem sobrar recursos.

15 de fevereiro de 2019Mercado Imobiliário

Após expansão de 33% em 2018, na comparação com 2017, revertendo um quadro de três anos consecutivos de queda, os financiamentos imobiliários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para aquisição e construção devem manter a trajetória ascendente agora em 2019. Com isso, de R$ 57,4 bilhões (2018), podem chegar aos R$ 69 bilhões – ou mesmo ultrapassar essa casa.

"Estamos em um patamar em que ainda há espaço para crescimento e que já mostra uma inflexão do mercado, ou seja, paramos de cair e retomamos o crescimento. Trata-se de uma ótima notícia", analisa Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), instituição responsável pelas estatísticas. 

Uma ampliação acima ou abaixo dos 20% dependerá fundamentalmente de o País conseguir aprovar a necessária agenda de reformas, sobretudo a da Previdência. "Esses 20% podem ser superados caso as reformas não apenas se confirmem, mas sejam feitas de uma maneira mais contundente, com uma reforma da Previdência realmente forte. Já se não tivermos um cenário de [reforma da] Previdência tão intensa ou se for um pouco mais 'água com açúcar', vamos retificar esse nível para baixo."

O presidente da Abecip acredita que a tendência é de que parte dos recursos disponibilizados em 2019 acabe sobrando nos bancos por falta de projetos e de demanda, uma vez que a retomada da confiança ainda está no seu início. O volume de poupança estimado pela Abecip para este ano é de R$ 684 bilhões, quase 11% acima do registrado em 2018 (R$ 618 bilhões). 

Dança dos bancos

Em 2018, viu-se uma verdadeira danças das cadeiras entre os bancos quando se trata do total de crédito imobiliário concedido para aquisições e construções com recursos do SBPE. O Bradesco liderou o ranking (R$ 15,121 bilhões), seguido por Caixa (R$ 13,264 bilhões), Itaú (R$ 12,097 bilhões), Santander (R$ 10,170 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 5,086 bilhões). Em 2017, as posições eram bem diferentes: Caixa (16,426 bilhões), Itaú (R$ 8,546 bilhões), Bradesco (R$ 7,880 bilhões), Santander (R$ 6,204 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 2,763 bilhões). 

Duarte explica essa grande mudança. "Um aspecto fundamental é o movimento da Caixa de reforçar sua estratégia de se dedicar cada vez mais à habitação popular. Na medida em que ela focou o Minha Casa Minha Vida, abriu espaço para os bancos privados crescerem no mercado de poupança. E como ainda existe uma competição muito grande entre bancos, tem-se uma dança de cadeiras. Ora um banco está na frente, ora outro", afirma.

A expectativa dele é de que o vai-e-vem das instituições financeiras nesse mercado seja uma constante. "O que vamos ver é uma contínua troca de cadeiras, com competição, bancos que chegam com novos produtos, novas ideias e vão se reposicionar no mercado. Na verdade, estamos começando a observar de maneira marcante uma mudança do tipo de competição que tínhamos no passado. Havia um banco público dominante e vários bancos privados brigando entre si, e agora todos estão brigando com todos."

Retomada de preços

Outra perspectiva favorável ao mercado imobiliário neste início de 2019 diz respeito à retomada de preços. "Nos últimos quatro anos, tivemos valores nominais constantes para imóveis, o que na prática embute uma desvalorização real, ao se levar em conta a inflação, de quase 25%. Agora, já notamos algumas capitais, como São Paulo, Goiânia e Curitiba com retomada de preço, um bom sinal, que revela volta da demanda", diz o executivo, que também é diretor de Crédito Imobiliário do Banco Santander.

De acordo com ele, entre as capitais monitoradas pela Abecip, apenas Recife e Rio de Janeiro ainda registram queda de preços. 


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