Adesão ao método de construção modular tende a se acelerar

É o que sinalizam uma pesquisa global e a implementação de projetos mais complexos e ambiciosos pautados nessa técnica.

11 de junho de 2019Mercado Imobiliário

Nos últimos anos, iniciativas que preveem a adoção da construção modular como parte da estratégia de desenvolvimento imobiliário têm surgido, pontualmente, em diversos segmentos de real estate. No futuro próximo, ao que tudo indica, o uso desse método deve se expandir mais aceleradamente e ganhar um escopo mais abrangente. É o que indicam uma pesquisa internacional divulgada pela plataforma Research and Markets e a implementação recente de projetos mais complexos e ambiciosos, a exemplo do AC Hotel New York NoMad, em Manhattan, integrado à rede Marriott International.  

Os módulos podem compor espaços completos ou parte deles, ou ainda aportar compartimentos que já chegam equipados para instalação, caso de banheiros e elevadores. Os benefícios do emprego desse tipo de metodologia estão principalmente vinculados a proporcionar construções mais ágeis e, consequentemente, diminuição de custos – um aspecto que ganha crescente relevância diante da perspectiva de elevação de dispêndios relativos à infraestrutura dos empreendimentos nos próximos anos, como aponta o referido estudo.

"A construção modular reduz o tempo de obra entre 30% e 50%. O processo é custo-efetivo em função da menor requisição de mão de obra em atividades no canteiro", pontua o relatório. De olho nesse horizonte, Índia, China e outros países do eixo Ásia-Pacífico vêm investindo fortemente nesse ramo.

Ainda segundo o documento – que levou em consideração países de todos os continentes, incluindo o Brasil –, o mercado global de construção modular movimentou US$ 102 bilhões em 2018 e deve chegar a US$ 142,5 bilhões em 2024, sustentado por taxa de crescimento anual de 5,5%.

Adesão na hotelaria

Desde 2014, a Marriott International pesquisa construção modular e, a partir de 2015, começou a estimular parceiros a usar estruturas pré-fabricadas no processo de desenvolvimento de empreendimentos de poucos andares. Agora, entretanto, virá uma experiência mais audaciosa. O AC Hotel New York NoMad, que será erguido na parte de Manhattan conhecida como Madison Square North, promete se tornar o hotel modular mais alto do mundo, com 26 pavimentos e 168 quartos.

Com previsão de início de operação em 2020, deve ser montado em apenas 90 dias, no segundo semestre deste ano, processo que envolverá uma intrincada logística, com transporte dos módulos pré-fabricados por vias nova-iorquinas durante a noite.

AC Hotel New York NoMad | Crédito: Divulgação / Marriott InternationalProjeto do AC Hotel New York NoMad | Crédito: Divulgação / Marriott International

Eric Jacobs, líder de Desenvolvimento (CDO) da Marriott International para a América do Norte, destaca que os procedimentos construtivos não mudaram (na região) de forma significativa em 150 anos e que é hora de promover maior inovação. "O hotel modular mais alto do mundo, num dos principais destinos internacionais, será um símbolo dessa mudança do jogo e impulsionará o interesse pelo método modular nas indústrias imobiliária e de financiamento", afirmou ele em nota oficial divulgada pela rede de hotéis.

Outras gigantes da hotelaria também vêm dando passos na seara dos empreendimentos modulares, de modo geral em prédios sem grande altura. A Hilton Hotels & Resorts, por exemplo, começa a operar neste ano o Home2 Suites by Hilton San Francisco Airport North, próximo ao Aeroporto de São Francisco, nos Estados Unidos, e já soma outras unidades que fizeram uso da técnica, incluindo o Hampton Inn & Suites by Hilton San Jose Airport, na Califórnia, o Hampton by Hilton Hamilton Park Racecourse e o Hilton Garden Inn Birmingham Airport – ambos no Reino Unido.

Por sua vez, a AccorHotels lançou oficialmente em meados de 2018, após diversos testes, um conceito inovador, o Flying Nest, que consiste em acomodações móveis, transportadas para diferentes localidades conforme a demanda. Os módulos, nesse caso, são contêineres marítimos transformados e que são montados na forma de ilhas, com quartos e área técnica para abrigar o suporte à administração.

Experiências no Brasil

Aqui no Brasil, também vêm despontando exemplos de construções modulares. Igualmente no ramo da hospitalidade, e com ampla semelhança com a proposta do Flying Nest, a rede brasileira Samba Hotéis trouxe ao mercado, em 2018, a marca Samba in the Box. A proposta é oferecer quartos econômicos em contêineres pré-fabricados, podendo todo o complexo ser montado e desmontado em um curto período de tempo.

No segmento residencial, o empreendimento Pinhais Park Residence, no Paraná, de perfil econômico (com enquadramento no Minha Casa Minha Vida) e com obras em andamento, prevê torres levantadas a partir de módulos pré-fabricados de madeira (wood frame). O projeto é da incorporadora Valor Real e tem a parceria da Tecverde Engenharia, empresa de tecnologia especializada em construção pré-fabricada.

“Do ponto de vista de eficiência, a velocidade de montagem é absurda: praticamente dois apartamentos ficam prontos todos os dias. Além disso, a obra é completamente industrializada. A equipe de montagem – e aí deixou de ser construção; agora, se fala de montagem – é muito pequena”, comentou Marcelo Lage, CEO da Valor Real, em painel do Smartus Proptech Summit, realizado pela Smartus, empresa do GRI Group, em maio. Ele também ressaltou a menor geração de resíduos em obra como vantagem da adesão à técnica. "O nível de desperdício é muito pequeno, com uma redução de 85% de resíduos em obra.”

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