Eduardo Guardia (BTG Pactual Asset Management)<br />Crédito: GRI Club/ Flávio Guarnieri

Veja os temas abordados por Eduardo Guardia em fórum do GRI

Para ex-ministro, momento é positivo a aportes no setor imobiliário, em decorrência da mudança do perfil do investidor.

9 de setembro de 2019Mercado Imobiliário
O CEO da BTG Pactual Asset Management e ex-ministro da Fazenda, Eduardo Guardia">Eduardo Guardia, traçou um cenário positivo para o Brasil e o mercado de real estate – particularmente a indústria de fundos imobiliários (FIIs) – ao participar do Fórum GRI de Fundos Imobiliários 2019. Ele ressaltou os desafios do panorama internacional, a importância de agendas públicas locais como as reformas da Previdência e tributária, e o bom momento do País, diante da queda da taxa básica de juros e da retomada da cadeia produtiva nacional, incluindo o setor imobiliário.

No evento, ocorrido em 21 de agosto em São Paulo, Guardia falou sobre o potencial do segmento de FIIs, que tem crescido ao longo dos últimos anos. "É um momento de oportunidades. Vemos notícias positivas sobre o setor imobiliário. Reforço o aspecto da mudança de comportamento do investidor, que virá atrás de ativos ilíquidos como real estate", declarou.

"Os fundos imobiliários mostram com muita clareza o que já está acontecendo. De 2017 para cá, saímos de menos de 100 mil investidores de FIIs na Bolsa para mais de 360 mil", continuou ele ao abordar o panorama macroeconômico e a retomada de investimentos no Brasil durante o evento promovido pelo GRI Club Real Estate. Antes, Guardia tratou o tema de forma mais ampla, em entrevista exclusiva ao GRI Hub.

Guerra comercial EUA x China

Ao iniciar sua exposição, Guardia repassou o panorama global. "Os desafios são enormes [...]. Temos um cenário internacional marcado por uma desaceleração em função da desalavancagem da China", pontuou o ex-ministro. Ele lembrou que o início da diminuição de ritmo se deu a partir de 2017. Outro ponto citado foi o protecionismo do governo americano, de Donald Trump. 

"Essa elevação de taxa de juros de 2018 [anunciada pelo Fed, Banco Central americano] tem um efeito defasado sobre a economia e começa a ser sentida a partir de 2019, também com a valorização do dólar. Portanto, o cenário internacional é marcado por uma desaceleração", contextualizou. 

Para Eduardo Guardia, o principal risco no âmbito supranacional é o acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que deve impactar os demais mercados mundiais. Assim, "a retomada do crescimento econômico [brasileiro] não virá impulsionada pelo setor externo", complementou. 

Potencial interno

"De onde virão o dinamismo e o crescimento? Creio que da redução de juros, algo brutal para a economia brasileira. Nunca convivemos com taxas de juros nesse patamar e com a perspectiva de manutenção em níveis baixos", disse o ex-titular da pasta da Fazenda. 

Embora tenha diminuído a previsão de crescimento da economia, o Boletim Focus do Banco Central de 26 de agosto manteve a expectativa de queda da Selic, a taxa básica de juros, a 5% ainda em 2019. Também o prognóstico para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, passou de 3,71% para 3,65%.

"Na nossa visão, esse processo de redução de juros, já iniciado, vai continuar, o que é necessário para que possamos retomar a economia brasileira. O ponto importante é que o Banco Central tem motivos para manter esse processo de redução de taxas sem prejuízos", afirmou Eduardo Guardia">Eduardo Guardia no evento do GRI Club.

Diante dos fatores analisados, ele ressaltou o incremento da participação privada na oferta de crédito e a retomada do mercado de capitais, sobretudo no mês de julho, características que mostram "uma melhor alocação dos recursos na economia". Trata-se de "um setor financeiro altamente capitalizado, líquido, bem regulado e capaz de prover crédito, quando houver o aumento da demanda", disse. 

O ex-ministro também falou sobre a agenda política do País e temas essenciais que devem estimular o investimento privado, como o programa de desestatização e concessão de ativos federais. 

Em entrevista ao GRI Hub, Guardia fez uma análise mais ampla sobre o bom momento dos FIIs e falou sobre o potencial da diversificação da carteira, a exemplo do portfólio da próprio BTG Pactual Asset Management. "Hoje, estamos em todas as classes de ativos, todas as verticais – temos crédito, fundo de fundo, presença em hospitality, shopping, logística, corporativo. Vemos oportunidades em todos os segmentos desse setor", declarou.

Eduardo Guardia deu início à segunda edição do Fórum GRI de Fundos Imobiliários. Neste ano, participaram do evento cerca de 1000 investidores – institucionais e pessoas físicas, que puderam acompanhar as principais tendências e as oportunidades nos diversos segmentos de FIIs, em painéis com os mais reconhecidos especialistas da área. 
 

Brazil GRI 2019

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A discussão sobre o mercado imobiliário e o potencial de investimentos em FIIs continua na 10ª edição do Brazil GRI, que ocorre nos dias 12 e 13 de novembro no Grand Hyatt Hotel São Paulo. Saiba mais sobre o evento.