Imagem de capaTony Volpon, economista-chefe do UBS no Brasil<br />Crédito: GRI Club/ Flavio Guarnieri

UBS vê ciclo de investimento com dinheiro local como driver

Para Tony Volpon, economista-chefe do banco, há espaço para aumento expressivo de investidores de fundos imobiliários.

27 de agosto de 2019Mercado Imobiliário
Por um lado, no Brasil, um movimento de queda de juros que deve ser duradouro e um amplo volume de investidores acostumados à segurança renda fixa, mas em busca de retornos mais atrativos. Por outro, globalmente, taxas de juros baixas – ou até negativas –, em meio a um contexto de grande incerteza, e investidores dispostos a definir seus aportes muitas vezes mais sob a ótica de preservação do que de rentabilização. Como resultado dessa combinação, o ciclo de investimento no País ao longo dos próximos anos tende a ser calcado fortemente em capital local, avalia Tony Volpon, economista-chefe do UBS no Brasil. Para ele, em meio a esse quadro, um número expressivo de investidores no País deve aderir aos fundos imobiliários (FIIs).

"Com essa redução dos juros que veio para ficar, passaremos por um ciclo de investimentos, que vai se estender por muitos anos, no qual o driver do mercado local vai ser o dinheiro dos brasileiros. Isso não significa que não virá capital de fora. Com as reformas do ministro [da Economia] Paulo Guedes andando, virá. Porém, há muitos riscos no cenário, em especial globalmente, e muito dinheiro aqui ainda aplicado no CDI, começando a analisar para onde ir", afirmou ele em painel do
Fórum GRI de Fundos Imobiliários 2019 moderado pelo professor e consultor Arthur Vieira de Moraes. O evento realizado pelo GRI Club Real Estate em 21 de agosto em São Paulo. 

No último relatório disponibilizado pela B3, em julho, o total de investidores de
fundos imobiliários já ultrapassava 390 mil – aumento de 7,93% ante junho, mantendo a curva ascendente. "Em breve, não serão mais 400 mil investidores, e sim 500 mil, 600 mil", estimou o economista, que já foi também diretor do Banco Central e membro do Comitê de Política Monetária (Copom).  

"CDI plus"

Nesse horizonte de realocação de recursos dentro do Brasil, pesam a favor dos FIIs, entre outros elementos, seu atributo de tangibilidade, relevante na cultura ainda predominantemente patrimonialista nacional. 

"Os FIIs têm todas as características positivas para trazer alguém que desconhece o mercado financeiro para dentro: a proposta do produto, a tangibilidade etc. A existência do imóvel é um facilitador", opinou João Pádua, diretor executivo do Clube FIII, também durante a conferência do GRI Club. "Há mais de 18 ofertas [de FIIs] no pipeline e o mercado não para de crescer. Para o médio prazo, já dá para ver que os FIIs estarão no caminho de substituir as ações no bolso das pessoas físicas", adicionou.

Rodrigo Cardoso de Castro, CEO e sócio-fundador do Clube FII, corrobora essa visão. "À época do Fórum GRI de Fundos Imobiliários no ano passado, eram 170 mil investidores. Agora, estamos na casa dos 400 mil. Isso se deve à facilidade de entendimento do investidor", lembrou.

A se confirmar essa perspectiva, o panorama parece de fato promissor a esse veículo de investimento. "A grande demanda que vejo para os próximos anos é por algo parecido com renda fixa, já que o investidor gostaria de ter uma espécie de 'CDI plus'. O FII é interessante por ser quase um ativo de renda fixa, embora mais volátil. Ele pode prover um pouco desses dois mundos", acredita Volpon. 

Contudo, ele pondera: "será preciso ver, ao longo do tempo, se o FII performa mais como bolsa ou como renda fixa. Se mais como renda fixa, a demanda por esse tipo de investimento pode ser muito grande. A carteira do brasileiro sempre ficou concentrada entre 80% e 90% em renda fixa, e o restante na bolsa". 

 

Brazil GRI 2019

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