Imagem de capaUm dos quartos no Selina Lapa Rio de Janeiro. /Crédito: Divulgação Selina

Selina pode chegar a 50 unidades no Brasil até 2022

Plataforma mescla hospedagem, moradia, co-working e entretenimento voltado também ao público local, sobretudo jovem.

14 de maio de 2019Mercado Imobiliário

A Selina, plataforma de lifestyle, viagens e hospitalidade, definiu o Brasil como prioridade em seu processo de expansão. O grupo – operador de empreendimentos que, via de regra, mesclam hospedagem, moradia, co-working e serviços gastronômicos e de entretenimento voltados também à comunidade local, sobretudo aos jovens – pode chegar à casa de 50 unidades no País até 2022.

"A mensagem formal da companhia é de 30 [empreendimentos nesse prazo], mas acredito que possamos chegar a 50 sem nenhuma dificuldade", diz Fabio Andrade, diretor de Desenvolvimento de Negócios. Na análise dele, o Brasil tende a ser o país com maior participação no grupo, considerando a América Latina, ao final desse período. "Falando de países individualmente, o Brasil vai se equiparar [em relevância no portfólio] aos Estados Unidos", compara.

O aporte do grupo – que tem entre seus investidores Adam Neumann, fundador da WeWork – para tanto deve remontar a US$ 50 milhões. "O plano no Brasil é de chegar a 10 mil camas [até 2022]. Como o custo de conversão é de cerca de US$ 5 mil por cama, o investimento vai girar em torno de US$ 50 milhões", estima Andrade, que foi um dos painelistas da sessão de abertura do GRI Hotéis Brasil 2019.

A Selina já está presente em diversas outras localidades latino-americanas, mas só em 2018 fincou bases efetivamente por aqui. "A demora pra entrar no País foi justamente para entender a complexidade. Já temos unidades em funcionamento na Argentina, no Peru, na Colômbia, no Equador, mas faltava o Brasil porque a empresa entendia que seria muito complexo – a começar pelo idioma, questão que já está sendo superada", conta Andrade.

Segundo o executivo, a ideia é fechar 2019 com oito a dez aberturas no Brasil – o que daria ao País uma participação estimada em 10% no total do portfólio do grupo – e crescer ainda mais aceleradamente em 2020.
 

Primeiros passos: Rio e Florianópolis

Hoje, estão em operação no Brasil duas unidades, uma aberta oficialmente na Lapa, no Rio de Janeiro, e outra em Florianópolis, funcionando em esquema soft opening, com inauguração formal marcada para agosto.

O desempenho do empreendimento da Lapa – composto por um prédio histórico e um novo – superou as previsões. "Tem sido bem surpreendente. Normalmente, a expectativa para um primeiro ano de operação é de uma média de 45% a 50% de ocupação. Entretanto, nesses primeiros meses, conseguimos bater uma média de 65% de ocupação", relata Andrade.


Fachada do empreendimento da Selina na Lapa, Rio de Janeiro - RJ. /Crédito: Divulgação Selina

A unidade junta hospedagem, co-working, restaurante, bar e até uma rádio. "Os millennials e hipsters ali do Rio estão encontrando na Selina um lugar bacana para sair à noite também. Estamos atingindo nosso objetivo que é competir com o F&B [food and beverage] local. Além disso, com a proposta da rádio, que transmite online, os DJs têm trazido bastante público para se divertir na unidade", afirma o executivo.

Se na Lapa a proposta foi transportar para o empreendimento o espírito reinante no entorno da boemia e da música, em Florianópolis, a ideia se centrou em focar o mar, o esporte e a presença de um hub de companhias de tecnologia, fortes características locais. "Já fechamos parcerias com empresas que vão se instalar e utilizar nosso co-working. Nosso público são os 'Macpackers', pessoas que têm um MacBook de US$ 3 mil na mochila e trabalham em qualquer lugar", reforça ele.


Detalhe do empreendimento na Lapa. /Crédito: Divulgação Selina.

A vez de São Paulo: Vila Madalena e centro

As próximas unidades da Selina no Brasil serão em São Paulo: uma na Vila Madalena e outra no centro.

Na Vila Madalena, a obra deve terminar no começo de junho, quando devem entrar em atividade co-working, restaurante e bar. Já em agosto, inicia-se o funcionamento do hotel, que ainda aguarda licenças por conta da adaptação do edifício original, comercial.

O projeto do centro, por sua vez, na conhecida rua Vieira de Carvalho, vai ocupar o antigo Hotel Bourbon. A unidade vai juntar hotel, co-living, co-working, café e bar em estilo cubano. "Fechamos uma parceria com a Gamaro, que fez a compra do imóvel, e agora está em andamento o retrofit", relata Fabio Andrade.

Além disso, estão no pipeline da Selina outras localidades. "Já estamos em fase de discussão de contrato para Parati, Jericoacoara e Pipa, sem falar em mais um [empreendimento] no Rio", antecipa ele.

No Brasil, o mix de localizações deve contemplar cidades primárias, com grande potencial turístico, metrópoles, destinations (como a própria Jericoacoara) e remote locations, ou seja, lugares distantes e pouco acessíveis.
 

Modelo diferenciado

A relação com a Gamaro exemplifica claramente o modelo adotado pela Selina. As particularidades não estão apenas no público-alvo e no mix de produtos oferecido nos empreendimentos, priorizando a experiência – customizada para cada localidade – e a interação em hospedagem, trabalho, moradia e entretenimento.

A regra para a implementação das unidades também é bastante particular. Basicamente, a Selina aluga imóveis por longo prazo (20 anos), diretamente com o proprietário, executa seu retrofit com recursos investidos pelo próprio dono, e concentra-se na operação.

"O contratos são de locação pura. Não fazemos nenhum management agreement. Alugamos a estrutura por completo, com total foco em real estate porque, na nossa visão, a parte de hotelaria só vai representar 50% das nossas receitas. Os outros 50% virão das demais atividades", detalha Andrade. "Negociamos com os proprietários para que façam um investimento na propriedade, pois a Selina não compra nem aporta capital na conversão", completa.

O processo de reforma costuma durar cerca de quatro meses. Iniciada a operação da unidade, ela volta a ser modernizada de tempos em tempos. "Fazemos uma reserva em cima do nosso P&L [demonstrativo de lucros e perdas] para que sempre seja realizada uma atualização a cada cinco ou seis anos."

As negociações dos imóveis no País, atualmente, têm sido essencialmente individuais. "Isso porque focamos muito na localização e dificilmente um parceiro tem mais de um produto exatamente onde queremos estar. Mas somos também uma empresa de oportunidades. Então, avaliamos, sim, algumas outras ofertas; porém, ainda não conseguimos encontrar esse parceiro que ofereça o que precisamos", esclarece Fabio Andrade.

Reportagem de Giovanna Carnio, editora-chefe

 

GRI Residencial Brasil 2019

O co-living, um dos eixos de atuação da Selina, está entre as grandes tendências do segmento imobiliário de moradias e é pauta do GRI Residencial Brasil 2019. Saiba tudo sobre a programação e veja como participar.