Rubens Menin aponta fatores decisivos ao sucesso da MRV

Confira entrevista com o fundador da incorporadora mineira, referência nacional em residenciais populares.

13 de setembro de 2015Mercado Imobiliário

O mercado residencial de habitações populares vai bem, obrigado. Focada nele, a MRV Engenharia registrou vendas recordes em 2014 e se prepara para mais um ano positivo. "Esperamos no mínimo repetir o que foi feito em 2014, com chance de crescimento", revela Rubens Menin, presidente do Conselho de Administração da MRV e presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). Nada mal, num período em que muitas das empresas do setor estão andando de lado ou mesmo para trás.

Em entrevista exclusiva, Menin fala sobre o peso do programa Minha Casa Minha Vida para os negócios da MRV, os esforços da companhia para reduzir ciclos produtivos e assim aumentar sua eficiência, e o papel fundamental que a internet passou a desempenhar no relacionamento com o consumidor e nas vendas de imóveis. Acompanhe:

GRI: O que espera para a MRV em 2015?
RM: Posso adiantar que, apesar de toda a dificuldade da economia, vemos que em 2015, assim como em 2014, estamos muito resilientes. Esperamos no mínimo repetir o que foi feito em 2014, com chance de crescimento.

GRI: E para o setor como um todo, qual a sua avaliação para 2014 e expectativa para 2015?
RM: O setor é muito amplo. Alguns segmentos estão com melhores fundamentos e outros um pouco mais prejudicados, resultado em boa parte do baixo crescimento do Brasil. A indústria é muito sensível a isso. O ano de 2014 foi ruim e 2015 não começou bem. O que se está desenhando para melhor é o segmento de imóveis populares.

GRI: Como descreveria o consumidor da MRV hoje?
RM: Atualmente, 60% dos nossos consumidores são jovens, com até 35 anos e que estão comprando seu primeiro apartamento. A grande maioria está na nova classe média, de 110 milhões de pessoas, que surgiu no Brasil nos últimos anos, ganhando poder de compra. O principal canal de venda para esse público é a internet. A MRV tem uma loja virtual enorme. Fazemos 4 mil chats com clientes por dia. Mais de 50% das nossas vendas começam nesse canal. Outro ponto fundamental é que esses consumidores exigem que os condomínios tenham cada vez mais lazer interno – para os que têm filho – e segurança – uma questão a que o público mais novo é especialmente sensível.

GRI: Qual a relevância das cidades médias para a companhia?
RM: As cidades médias são 70% do mercado da MRV. Têm muito significado para o nosso negócio e cada vez mais estão aumentando sua participação no nosso mix de vendas.

GRI: Quais os impactos da crise hídrica e energética sobre a MRV e o setor?
RM: Temos um grupo de trabalho na MRV focado apenas em consumo de água e energia. Estamos implantando nos nossos condomínios diversas iniciativas para melhorar o reuso de água e a adoção de energia solar e gás. Vamos encarar isso de frente. Na Abrainc, parte fundamental dessa pauta é que todo o setor trabalhe junto nela.

GRI: Ao olhar para trás, desde 1979, quando fundou a MRV, como enxerga a trajetória da companhia? E o que imagina para os próximos 36 anos?
RM: Somos a única empresa há tanto tempo trabalhando apenas nesse segmento. Começamos com três casas num ano e crescemos muito, com responsabilidade, trabalho de equipe e comprometimento. Assim, nos tornamos a companhia que mais produziu imóveis na história do Brasil. Hoje, um em cada 300 brasileiros mora em uma casa construída pela MRV. Em Uberlândia, por exemplo, o número é ainda mais impressionante: um em cada 16. Entendemos que os fundamentos do nosso setor – a demanda, o crédito e a renda – são muito sólidos. Além disso, o Brasil é continental. Também sabemos que, nos próximos 20 anos, serão necessários 25 milhões de moradias no País. Então, temos um enorme trabalho pela frente. O que precisamos é lutar sempre por eficiência.

GRI: Recente estudo encomendado pela Abrainc estimou em R$19 bilhões o custo anual de ineficiências e burocracia sobre a cadeia produtiva do setor imobiliário. Como mudar essa realidade?
RM: Identificamos o problema, fomos estudá-lo e estamos trabalhando com muita intensidade para tentar diminuir esses custos que comprometem os preços das moradias. É difícil. Nosso país é extremamente burocrático e isso pesa muito no Custo Brasil. É uma luta que começamos, mas ainda está muito longe de terminar.

GRI: Quais são os maiores desafios da Abrainc para este ano?
RM: Trabalhamos em projetos muito amplos. Estamos participando intensamente das discussões do Minha Casa Minha Vida 3, de estudos da cadeia produtiva e sobre desoneração e questões fiscais. Reduzir a burocracia faz parte da pauta da Abrainc todos os anos e é uma das prioridades da entidade. Hoje, 30 empresas participam associação, que está entrando em seu terceiro ano de atividade e tem feito trabalhos importantes para ajudar a melhorar o setor, com reflexos para toda a sociedade brasileira.

Entrevista concedida à editora-chefe, Giovanna Carnio