Robotização em galpões é tendência para 2019

DHL mapeou principais rumos de supply chain neste ano. VP da companhia comenta impactos na América Latina.

27 de março de 2019Mercado Imobiliário

Dentre as tendências que prometem impactar mais fortemente a gestão da cadeia logística em 2019, a com maior peso para o setor imobiliário na América Latina deve ser a de consolidação da robotização nos galpões, avalia Plinio Pereira, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da DHL Supply Chain. 

"Os investimentos em robótica e automação mudam a dinâmica de operação dos centros de distribuição. Como exemplo, já existem no Brasil grandes galpões de 40 mil m2 ou 50 mil m2 totalmente automatizados que são operados por um contingente de mão de obra inferior a 100 pessoas. Nesse caso, a necessidade de áreas de apoio, como refeitório e vestiário, é menor; por outro lado, a infraestrutura elétrica e a rede de dados precisam ser mais robustas", ilustra ele.

A DHL mapeou neste início de ano quatro movimentos que vão chacoalhar a indústria de supply chain nos próximos meses. Além da robotização, figuram nesse ranking o aumento da incerteza, levando a busca por maior agilidade; o crescimento da atenção aos talentos; e a adoção da digitalização como forma de suprir gaps de serviços de transporte e repensar a entrega.

Tempos e intensidades diferentes

Para Plinio Pereira, provavelmente toda a América Latina vai ser afetada por essas quatro tendências, mas em tempos e intensidade diferentes. Os impactos sobre cada país da região dependem de variáveis como câmbio, abertura ao comércio internacional, disponibilidade e qualificação da mão de obra, e configuração das relações sindicais. 

"No caso de investimento em robótica e automação, os países que são mais abertos ao comércio internacional e com uma força de trabalho mais escassa, como o Chile, tendem a se beneficiar das novas tecnologias mais rapidamente. Por outro lado, os países com maiores barreiras comerciais, câmbio depreciado ou grande oferta de mão de obra, como ainda é o caso do Brasil e do México, devem adotar essas novas tecnologias de maneira mais lenta e gradual", afirma o executivo.

Pereira, contudo, ressalta que, além das quatro tendências apontadas, é preciso ter em mente a migração do varejo físico para o e-commerce, que considera um avanço irreversível de alto impacto para o mercado imobiliário.

A conta fecha?

No que toca à robotização nos galpões, o vice-presidente da DHL Supply Chain analisa que a América Latina está avançada em segmentos bastante específicos, nos quais existe alto grau de fracionamento, com destaque para os que adotam canais de venda através de representantes – caso de empresas da indústria de beleza e cosméticos – e para o e-commerce. 


Plinio Pereira, vice-presidente da DHL Supply Chain | Foto: GRI Club

Para os setores em que não há grande fragmentação da entrega, contudo, a conta do investimento em automação ainda raramente fecha. "A diferença é que, quando se olham as outras indústrias, a relação custo-benefício do investimento não é boa, pois a mão de obra no Brasil e na América Latina continua a ser relativamente barata, e o custo da tecnologia ainda é muito alto", diz.

A bem da verdade, equacionar a relação custo-benefício do investimento em automação não é tarefa fácil mundo afora. "Mesmo nos Estados Unidos ou na Europa, a realidade [de disseminação da robotização] não é tão acentuada. A diferença radical se vê no mercado asiático", compara o executivo.

Experimentação pela DHL

A própria DHL tem promovido diversas experimentações nessa seara da automatização e de novas tecnologias. "No campo da robótica, estamos testando equipamentos de movimentação autoguiados [veículos autônomos dentro dos CDs] e drones [para segurança patrimonial, contagem de inventário etc.], e também utilizando robôs em processos repetitivos e em áreas em que existam desafios ergonômicos. Além disso, temos iniciativas de sustentabilidade, como geração de energia fotovoltaica e uso de carros elétricos para entregas urbanas", ilustra Pereira.

Do lado de fora dos galpões, a empresa aderiu ainda a veículos elétricos – inclusive bicicletas – para efetuar entregas urbanas. "Já temos uma frota importante. Isso gera uma demanda para os CDs, que precisam ter pontos de abastecimento para carro elétrico", aponta. 

A DHL também tem usado óculos 3D para fazer treinamentos e simulações e impressora 3D para, por exemplo, imprimir embalagens no ambiente do galpão, antes de proceder à entrega do pedido.

Questionado sobre o emprego de veículos autônomos fora dos CDs, Plinio Pereira afirma que, antes, a indústria automotiva precisa desenvolver uma tecnologia efetiva e escalável. "A partir daí, podemos pensar em entregas com veículo autônomo. No entanto, ainda será necessário resolver os desafios da logística. O veículo dirige sozinho, mas, ao parar na porta do destinatário, quem vai levar o pacote?", questiona.


GRI Industrial & Logística Brasil 2019



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