Retrospectiva 2021: vacinação em massa impulsiona recuperação imobiliária

Escritórios, shoppings e hotéis voltaram a operar próximos da normalidade

15 de dezembro de 2021Mercado Imobiliário

 No início do ano, a incerteza sobre os rumos da pandemia ainda era gigantesca, uma vez que o Brasil não tinha sequer autorizado qualquer imunizante contra a covid-19 - a primeira dose foi aplicada em uma servidora pública do estado de São Paulo no dia 17 de janeiro.
 
Levou algum tempo para que mais vacinas fossem aprovadas pela Anvisa e então adquiridas pelos governos e aplicadas na população - além da Corona Vac, Pfizer e Astrazeneca foram as mais utilizadas, o que foi determinante para reduzir o alcance do vírus e permitir a retomada da atividade econômica. 
 
O Brasil chega ao derradeiro mês de 2021 como um dos países mais avançados em imunização: 75% das pessoas tomaram ao menos uma dose e 65,4% (ou 139,5 milhões) estão completamente vacinadas. 
 
O número de novos casos e óbitos vêm caindo semana a semana, e a normalidade parece cada vez mais próxima - em muitas cidades, o uso da máscara já deixou de ser obrigatório em vias públicas. Nem mesmo a nova variante Ômicron parece ameaçar a retomada.
 
O ano de 2021 marcou a reabertura definitiva de hotéis, pousadas, resorts, centros comerciais, shopping centers e prédios corporativos, mas não sem que, antes disso, uma segunda onda de contágios fizesse o país regredir para um nível ainda pior do que no início da pandemia. 
 
Em abril, as lamentáveis 82 mil mortes por covid - recorde desde a chegada do vírus ao país - pareciam indicar outro ano perdido (muito embora o último trimestre de 2020 houvesse reduzido as perdas para alguns setores, confiava-se que 2021 seria mais parecido com 2019 do que com o ano anterior).
 
Hoje, as administradoras de shoppings já veem uma aproximação do número de visitantes em relação ao período pré-pandemia; resorts e hotéis de lazer registram índices superiores a 2019, e os escritórios já não temem um aumento da vacância, já que muitas empresas finalmente estão voltando ao regime de trabalho presencial. 
 
Ainda em relação aos setores mais impactados pela pandemia, destacam-se algumas tendências que foram ratificadas ou ganharam força em 2021:

  • Integração das lojas físicas ao comércio eletrônico; 

  • Descentralização dos escritórios e maior demanda por unidades menores;

  • Definição de jornadas de trabalho flexíveis;

  • Valorização de ambientes abertos e conectados à natureza;

  • Instalação de coworkings em shoppings e hotéis;

  • Conversão de ativos deficitários e maior interesse por empreendimentos mixed-use.

Logística

Beneficiados pela aceleração do crescimento do e-commerce no Brasil, os ativos logísticos foram muito procurados durante o ano e as taxas de vacância ficaram na casa de um dígito nos principais centros. Mesmo assim, 2021 não foi marcado por grandes ajustes de preços nem pelo excesso de oferta no setor. 
 
Uma tendência que ficou mais robusta é a construção de galpões menores e mais centralizados para reduzir o tempo de entrega das mercadorias. O last mile se tornou realidade em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, muito embora ainda haja incertezas sobre a escalabilidade do negócio. 

Residencial

O setor de habitação teve um de seus melhores anos em 2021, principalmente pelo cenário favorável do primeiro semestre, quando os juros básicos ainda estavam nos menores patamares da história e a demanda por financiamentos imobiliários explodiu. 
 
A partir de março, o Banco Central iniciou a correção da Selic como meio de conter a inflação, mas a alta de preços se manteve durante todo o ano e já é consenso que o IPCA será superior a 10% no acumulado de janeiro a dezembro. 
 
O encarecimento das operações de crédito se refletiu em uma desaceleração das vendas no segundo semestre, com maior impacto sobre produtos econômicos. A inflação setorial continuou em disparada durante o ano, novamente impactando mais gravemente o mercado de baixa renda, cujas margens foram comprimidas.
 
Empreendimentos residenciais com vocação para renda tiveram um salto em 2021, com dezenas de novos entrantes, projetos de sucesso, atração de investidores e um amadurecimento do mercado como um todo.

Fundos imobiliários

O fraco desempenho econômico a partir do terceiro trimestre do ano - combinado com uma maior atratividade da renda fixa - resultou na saída de grandes investidores em fundos imobiliários, resultando em expressiva desvalorização das cotas, que em alguns casos chega a 30%.
 
Com menos apetite, as novas emissões e captações praticamente minguaram. Embora o momento seja de oportunidades para novos entrantes, o ano chega ao fim com nova retração do Ifix em relação a dezembro passado. 
 
De modo geral, entretanto, 2021 se encerra com um otimismo muito maior para o setor imobiliário. Em que pese as dificuldades econômicas e todo o ruído político previsto para 2022, uma retomada é muito mais crível que há 12 meses. 

Destaques do GRI Club no ano

  • Criação do comitê das mulheres atuantes nos setores imobiliário e de infraestrutura para dar mais espaço às executivas;

  • Retomada dos eventos setoriais e club meetings de forma presencial e implementação do formato híbrido;

  • Reuniões online de comitês para debater assuntos de extrema importância, como o PL que determinava a substituição do IGP-M pelo IPCA nos contratos de locação;

  • Consolidação do ambiente digital por meio da plataforma de uso exclusivo para membros do clube, otimizando o networking para gerar mais oportunidades de negócios.
     

Por Henrique Cisman