Eduardo Guardia, CEO da BTG Pactual Asset Management<br />Crédito: GRI Club/ Flavio Guarnieri

Real estate ganha relevância para investidor, diz Guardia

CEO da BTG Asset reforça: com juro baixo, setor imobiliário será muito importante para investidor local e estrangeiro.

2 de setembro de 2019Mercado Imobiliário
No presente cenário de juros baixos, em que a busca por investimentos alternativos e mais rentáveis na comparação com a renda fixa cresce, o setor imobiliário vai ser uma área importante e atrativa a investidores locais e também ao estrangeiro, garante Eduardo Guardia">Eduardo Guardia, CEO da BTG Pactual Asset Management e ex-ministro da Fazenda. 

Ele participou em agosto do
Fórum GRI de Fundos Imobiliários 2019, em São Paulo, e concedeu a seguinte entrevista ao GRI Hub



Considerando sua experiência à frente do Ministério da Fazenda e sua trajetória público-privada, que avaliação faz desses primeiros meses da política econômica do governo Bolsonaro? E o que espera do horizonte de reformas pela frente?
O primeiro ponto importante a frisar é que a política econômica está na direção correta. Isso é fundamental. Temos enormes desafios no Brasil, mas o governo tem uma direção adequada para lidar com os problemas. Evidentemente, Previdência foi o tema central que o governo focou ao longo desses primeiros sete meses. Já aprovamos [essa reforma] na Câmara e vamos aprovar no Senado. Agora, os desafios para a economia brasileira são muito maiores. Em última instância, precisamos aumentar a produtividade e a competitividade da economia. Isso implica resolver a questão fiscal, melhorar o ambiente de negócios, reduzir o tamanho do Estado na economia e enfrentar um tema bastante complexo, que é o da reforma tributária. Esses assuntos estão na agenda. Então, quando olho para o conjunto, a direção está absolutamente correta e é isso que me dá segurança para dizer que o processo de redução de taxa de juros que já estamos vivenciando vai continuar e, pela primeira vez, teremos oportunidade de conviver com taxas baixas durante muito tempo. Isso vai mudar significativamente a 'cara' da economia brasileira e o comportamento do investidor, algo importante para o setor imobiliário.


Nesse horizonte de juros mais baixos, em que os investidores estão procurando alternativas de investimento mais rentáveis, como você enxerga o cenário especificamente para os fundos de investimento imobiliário, que vêm numa trajetória ascendente? Até onde vai esse movimento e o que você percebe de principais desafios e oportunidades?
O investidor brasileiro estava acostumado com alta taxa de juros, liquidez e segurança. [A estratégia] Era aplicar em título público, e isso mudou. Então, o investidor vai ter que correr mais risco e buscar classes alternativas de ativos. O movimento da bolsa para 100 mil pontos foi impulsionado pelo investidor local, não o estrangeiro. Quanto ao crédito, estamos vendo um aumento significativo das emissões locais, inclusive títulos perpétuos. A mesma coisa [se observa] no mercado imobiliário. Um exemplo que ilustra bem esse aspecto é o dos fundos de investimento imobiliário. Se compararmos de 2017 para cá, o número de investidores saiu de menos de 100 mil para mais de 360 mil, a liquidez diária negociada em bolsas saltou de R$ 29 milhões para quase R$ 80 milhões – e, nos últimos dois meses, para mais de R$ 100 milhões. Em 2016, os fundos eram negociados com desconto de 34%; já hoje, são negociados com um pequeno prêmio. Isso mostra que o investidor está buscando yield, está procurando investimentos alternativos. Não tenho a menor dúvida de que o setor imobiliário vai ser uma área muito importante não só do ponto de vista do investidor local, mas também, num futuro próximo, mostrando uma capacidade relevante para atrair o investidor estrangeiro.

Você enxerga uma participação maior dos fundos de pensão nesse mercado, sobretudo a partir da decisão do Conselho Monetário Nacional que proíbe investimento direto em imóveis após um período de transição de 12 anos?
Isso já está ocorrendo. Se olharmos as novas emissões dos fundos de investimento imobiliário neste ano – entre novas emissões e ofertas e [instrução] CVM 400 –, estamos falando de algo em torno de R$ 16 bilhões, ao passo que, em 2016, foram R$ 2 bilhões. Vê-se a diferença. Nesse fluxo, notamos logo um aumento da participação do investidor institucional.

O que O BTG tem de planejamento para a área de fundos imobiliários, mirando este segundo semestre de 2019 e o ano de 2020?
A asset do BTG é bastante ampla e diversificada. Temos, sob gestão e administração, mais de R$ 200 bilhões. Estamos bem posicionados em todos os investimentos, [com destaque para] os ativos líquidos – bolsa, juros, escambo, crédito –, e reforçando muito nossa presença nos segmentos ilíquidos – aqui falo de timber, infraestrutura e imobiliário. O que fizemos na nossa estratégia de setor imobiliário foi, em primeiro lugar, promover diversificação. Hoje, estamos em todas as classes de ativos, todas as verticais – temos crédito, fundo de fundo, presença em hospitality, shopping, logística, corporativo. Vemos oportunidades em todos os segmentos desse setor. Nossos ativos sob gestão aumentaram muito neste ano e vamos continuar crescendo. Acreditamos nessa classe de ativos. 

Entrevista concedida à editora-chefe, Giovanna Carnio

 

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