Que lições as lideranças do setor imobiliário aprenderam nesta pandemia?

13 de maio de 2021Mercado Imobiliário

A pandemia do novo coronavírus impactou vários setores da economia e não foi diferente com o mercado imobiliário. Em que pese os galpões logísticos, prédios residenciais e loteamentos terem mantido bons volumes e sofrerem menos o impacto da Covid-19 se comparados com shopping centers e hotéis, também nas empresas desses ramos foi necessária uma adaptação da liderança.
 
Em conversas que tenho regularmente com executivos do setor, pude confirmar que líderes de todas as companhias precisaram se reinventar, rever processos, estratégias e custos, adaptar a dinâmica ao modelo de trabalho remoto por tempo integral. Este último trouxe grandes desafios no que diz respeito à comunicação e interação entre colaboradores, fornecedores e clientes.
 
No que se refere a custos, a principal lição foi aprender a lidar com algo inesperado, pois ninguém estava preparado para essa pandemia. Foi necessário avaliar com ainda mais atenção o caixa da empresa a fim de desenhar um planejamento adequado e montar estratégias para ter saúde financeira pelo máximo de tempo possível, uma vez que a situação de normalidade não era previsível.
 
Corte nos salários de funcionários e mesmo a suspensão de alguns contratos de trabalho foram analisados e levados em consideração nesta estratégia para manter o caixa das empresas, o que se configura como outro grande desafio, pois neste cenário nenhum líder quer perder colaboradores, ainda mais se formos olhar para as lideranças de áreas comerciais, de aquisições e novos negócios.
 
Falando especificamente dos shoppings, sem dúvida nenhuma o grande aprendizado foi negociar com os lojistas, reduzindo a tendência de vacância. Com os decretos de isolamento social, muitas lojas foram severamente afetadas - e sabemos que nem só de grandes redes varejistas é composto um shopping. Justamente as menores são as que sofreram um impacto maior devido à falta de um e-commerce bem estruturado para vendas online.
 
Como primeira medida, a revisão destes contratos foi muito importante para que em seguida as administradoras pudessem entrar em contato com os lojistas a fim de negociar novas condições visando bons termos para ambos os lados. Conversando com executivos deste setor, pude sentir que não foi fácil, mas que ambos os lados estavam dispostos a chegar a um acordo.
 
Com o ciclo de planejamento orçamentário começando em meados de outubro para ser entregue em novembro, executivos do setor de shoppings sofreram bastante com as restrições de funcionamento. Fica complicado fazer uma previsão orçamentária sem saber ao certo se haverá apenas restrições de horário e capacidade ou se pode ocorrer um novo fechamento total do shopping.
 
Falando um pouco de pessoas e a interação entre elas, a grande lição apontada pela maioria dos executivos em conversas que tive foi rever o processo de comunicação empresarial. É fato que nenhum líder previa ou estava acostumado a ter 100% de sua equipe trabalhando em home office por período integral.
 
Quando estamos no escritório, onde é comum a interação constante entre os colegas, até mesmo um cafezinho pode ajudar a resolver questões importantes ou desencadear novas ideias brilhantes. O que se vê hoje são reuniões e mais reuniões, trocas incessantes de e-mails e mensagens de WhatsApp, que por mais relevantes que sejam, podem levar um tempo precioso.
 
Aprender a gerenciar seu tempo com tantas distrações que nos traz o home office foi um ponto importante e desafiante. Outro desafio/lição foi o processo de entender que cada pessoa tem o seu tempo: a inteligência emocional neste período sem interação social ganhou ainda mais valor na avaliação dos líderes.
 
Entre desafios e aprendizados, o que pude perceber claramente nestas conversas é que será necessário rever muitos processos dentro das empresas, em todas as áreas. A comunicação ainda é um fator muito importante e precisa se tornar cada vez mais eficiente. Não obstante, para que haja tais avanços, pode-se até cogitar mudanças na estrutura organizacional.

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