Projeção da Abecip indica que crédito imobiliário vai bater recorde em 2021

Estimativa aponta que financiamento via SBPE atingirá quase R$ 200 bilhões

23 de julho de 2021Mercado Imobiliário

Segundo projeção da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) divulgada nesta quinta-feira (22), os financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 19,6 bilhões em junho, maior volume para o mês na série histórica iniciada em 1994 (pós-real).

Desse modo, no primeiro semestre de 2021 foram utilizados R$ 97 bilhões do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) para o financiamento de imóveis, valor próximo ao total de 2020, que bateu o recorde histórico, com R$ 124 bilhões. Por isso, quando comparado ao primeiro semestre do ano passado, que operou R$ 43,4 bilhões, a alta é de 124%. 

Se somado aos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), alicerce do programa Casa Verde e Amarela, o crédito imobiliário concedido no primeiro semestre chega a marca de R$ 121,7 bilhões. Neste caso, porém, o aumento é de 70%, já que no mesmo período do ano passado este montante foi de R$ 70,2 bilhões.

A projeção da Abecip para o fim deste ano, juntando os dois fundos, é de R$ 251 bilhões destinados ao financiamento imobiliário, o que representaria um acréscimo anual de 42%. Neste desenho, o SBPE atingiria o novo recorde histórico, com R$ 195 bilhões contratados e alta de 57%, enquanto o FGTS alcançaria R$ 56 bilhões e elevação de 7%.

Vale lembrar que, por ter uma demanda consistente, o nicho econômico costuma apresentar resultados estáveis, sendo mais resiliente às crises econômicas, como nos anos de 2016 e 2017. Entretanto, é menos capaz de surfar os grandes ciclos imobiliários. Atentas a isso, algumas incorporadoras tradicionalmente focadas apenas na habitação social têm começado a
investir também no médio padrão.

Produção imobiliária

Dentre os R$ 97 bilhões contratados da poupança no primeiro semestre deste ano, R$ 79,7 bilhões financiaram a aquisição de imóveis. O restante, R$ 17,4 bilhões, subsidiou a construção de novos empreendimentos. Neste quesito, a alta é de 89% em relação ao mesmo período do ano passado, que somou R$ 9,2 bilhões.

Fato é que o setor imobiliário está vivenciando um ciclo bastante positivo e a produção de imóveis só não é maior por conta do aumento no preço dos insumos da construção. Olhando para os próximos meses, outra ameaça é a previsão de aumento nas taxas de juros. 

Enquanto a projeção para o final deste ano é de uma Selic de 6,75%, para os próximos 10 anos a curva de juros já atinge a faixa de 9%. "É natural que tenhamos reajustes nas taxas do financiamento imobiliário", diz a presidente da Abecip, Cristiane Portella.

De qualquer forma, são patamares inferiores aos que o Brasil viveu nos anos de 2015 e 2016, no qual a Selic ultrapassou os 14%, dificultando a atuação do setor imobiliário. Naqueles anos, foram verificados 38,3 mil e 32,1 mil distratos de imóveis, de acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)

No ano passado, por exemplo, mesmo com o enorme impacto econômico da pandemia, houve apenas 17,2 mil distratos. Segundo Portella, que acredita num excelente segundo semestre para o setor imobiliário, "são valores normais, que não chegam a preocupar".


Por Daniel Caravetti