Players veem consolidação de modelo residencial para renda

Desafios a enfrentar dizem respeito a ganhos de escala e criação de marco regulatório adequado.

24 de junho de 2019Mercado Imobiliário
O mercado de residenciais para renda, conhecido mundo afora como multifamily, vem evoluindo ano a ano no País, impulsionado pelo afluxo de capital e pela expansão da demanda. A expectativa de players desse segmento que participaram do GRI Residencial Brasil 2019 é de que se estabeleça consistentemente como classe de ativo tal qual se viu ocorrer com shoppings e lajes corporativas – com potencial, inclusive, para ultrapassar a de shoppings em volume. Entretanto, restam desafios importantes a enfrentar, sobretudo do ponto de vista de obtenção de ganhos de escala e criação de um marco regulatório adequado.

É algo irreversível, sentencia um dos empresários que debateram o tema no evento do GRI Club. A expectativa é de chegada de novos entrantes para atender a um público crescente, não apenas de novas gerações sem apego a patrimônio e em busca de flexibilidade e serviços, mas também de diferentes faixas etárias e em distintas etapas da vida, que adotam novos comportamentos. Vem aumentando, por exemplo, o interesse de pessoas acima dos 50 anos, já sem filhos em casa, que aderem à locação por opção, não necessidade.

Além de mais players, deve-se observar nos anos pela frente uma maior organização da oferta. Escala, gestão única e profissional dos empreendimentos – mais uma vez, remetendo ao que se vê em shoppings –, de maneira a garantir um mix atrativo e a manutenção da qualidade da infraestrutura e dos serviços prestados ao longo do tempo, devem ser as palavras de ordem. 

Expansão geográfica

Quando se fala em escala, a capital paulista aparece como meca desse tipo de investimento, por sua multiplicidade de multi-regiões, o que viabiliza expansão geográfica intra-município; porém, outras cidades vêm sendo estudadas e já começam a surgir projetos – notadamente em localidades com grande presença de estudantes, fortes candidatas ao nicho do modelo conhecido como student housing.

Entram nesses alvos geográficos não apenas Rio de Janeiro como também municípios do interior de São Paulo, caso de Campinas e São Carlos. Nesses casos, a diferença de tamanho da operação é nítida e faz toda a diferença conectar os empreendimentos a uma grande plataforma de gestão, com vistas a otimizar recursos. Nesse sentido, começam a ser costuradas parcerias entre incorporadores locais e plataformas de gestão. 

Desafios legais

Do ponto de vista legal, poucos players do setor acreditam em mudanças significativas, com a criação de uma legislação atípica – em contraposição à lei do inquilinato, incompatível com as características do modelo de residenciais para renda – no futuro próximo. 

Além disso, observam-se movimentos do setor hoteleiro em busca de equiparação de condições de competição e traz preocupação um projeto de lei – PL 2474/2019, de autoria do senador Ângelo Coronel (PSD-BA) – em tramitação no Senado que visa regulamentar a locação de imóveis residenciais por temporada feita através de aplicativos, determinando que a prática só seja permitida se houver consentimento dos condôminos.
 

Brazil GRI 2019

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