Novos projetos em São Paulo apostam em qualidade, tecnologia e inovação

Área comum tem ganhado importância nos empreendimentos imobiliários

27 de maio de 2021Mercado Imobiliário

Os impactos negativos da pandemia de Covid-19 já são conhecidos de todos, mas a situação também desencadeou avanços em muitos setores, como o mercado imobiliário: construtoras promoveram melhorias na estrutura dos novos projetos, optando por maior uso de tecnologia e medidas de segurança sanitária.

Focada no modelo residencial para renda, a Pivô Desenvolvimento Imobiliário entregou o Match Vila Nova em dezembro já totalmente adaptado ao conceito de prédio autônomo: “Tem portaria virtual, check-in online via QR Code, unidades acessadas por senha e armários inteligentes”, explica o fundador e CEO da incorporadora, Fernando Trotta.

Pivô Match Vila Nova, na Vila Nova Conceição. Crédito: Pivô Desenvolvimento Imobiliário

Outros três projetos da mesma linha devem ser entregues até o final de 2022: Pivô Match Jardins, Pivô Match Pamplona e Pivô Match Alameda Franca. “Queremos fazer um guarda-chuva de 20 a 25 prédios focados em renda residencial, situados em bairros nobres e terrenos pequenos”, conta Trotta.

Sobre a influência da pandemia na concepção dos novos projetos, o executivo ressalta que os empreendimentos da Pivô já tinham forte apelo tecnológico, até pelo perfil do comprador - investidores de uma base concentrada. “Temos o Amazon Alexa em todas as áreas privativas e comuns; tudo pode ser feito por comando de voz, o que naturalmente corrobora com a segurança sanitária”. 

Outro destaque são as parcerias para oferecer serviços personalizados aos moradores - e em alguns casos, aos visitantes. É o caso da loja Zaitt, situada no térreo do Pivô Match Vila Nova. “É um mercado 100% autônomo, aberto 24 horas todos os dias, onde tudo é comprado via QR Code no aplicativo, sem funcionários. A pessoa faz a compra pelo cartão e vai embora com o produto”, explica Trotta. 

A Pivô também tem parcerias com marcas como Reebok, LG, Omo e Le Creuset, oferecendo uma gama variada de experiências: academia, lounge de TV e cinema, lavanderia e cozinha compartilhadas. 

Em média, a incorporadora fica com 30% das unidades e vende o restante. Todos os apartamentos são operados pela Nomah. “Fazemos um mix de short e mid stay e estamos muito focados na experiência do cliente. São poucos os players que ficam com as unidades; geralmente a incorporadora vende e não participa da operação”, destaca o CEO da Pivô. 

A valorização da experiência do usuário também é uma grande preocupação da SKR, que tem como carro-chefe dos projetos em desenvolvimento o SAO 2222, situado na Avenida Rebouças e voltado para o mercado de renda, em parceria com CPPIB e Greystar. “Ele é nosso empreendimento modelo dentro de uma série de projetos que vamos desenvolver em São Paulo no âmbito desta parceria”, afirma Silvio Kozuchowicz, CEO da SKR. 

SAO 2222, em Pinheiros. Crédito: BR Corp

O executivo destaca ainda mais três empreendimentos de médio e alto padrão presentes no pipeline deste ano, que somam R$ 900 milhões de VGV (Valor Geral de Venda). Localizados nos bairros Campo Belo, Vila Clementino e Moema, os projetos têm como foco a venda das unidades, mas contam com uma expertise do mercado de renda.

"O multifamily está nos trazendo um know-how no que diz respeito à operação. Agregamos valor aos prédios por meio da implantação de serviços, da inserção de notas de consumo e da valorização das áreas comuns. Mesmo que o objetivo seja a venda das unidades, não estamos apenas preocupados com a entrega. Queremos que o local tenha um uso dinâmico", declara Kozuchowicz.

A SKR também zela pela introdução de tecnologia nos empreendimentos. O executivo aponta que todos os edifícios são desenvolvidos com potencial de carga de carros elétricos e estrutura de cabeamento para internet de última geração, além de contarem com um aplicativo próprio para uso dos serviços e comunicação com outros apartamentos e com os colaboradores.

"Através da nossa área de inovação, desenvolvemos um aplicativo chamado Compass, que acabou se tornando uma spin-off em razão do resultado positivo apresentado. Hoje, a plataforma está sendo requisitada para prestar serviços para outras incorporadoras", cita Kozuchowicz.

Enquanto isso, Firmino Lucio Júnior, diretor executivo da Lucio Incorporadora, elenca a Casa Brasileira como o projeto imobiliário em desenvolvimento mais marcante da companhia. “Esse produto de altíssimo padrão possui uma série de diferenciais de arquitetura, acabamento e especificações. Devemos tirar o Habite-se em junho e depois vamos efetivamente comercializar”, comenta.

Projeto da Casa Brasileira, no Itaim Bibi. Crédito: Lúcio Incorporadora

O projeto é composto por 18 pavimentos e 36 unidades que variam de 230 a 295 metros quadrados, localizado na Rua Jorge Coelho. “Entendemos que o altíssimo padrão não se trata apenas de metragem. Diminuímos as unidades por estratégia e mantivemos os quesitos necessários como pé direito e revestimento”, afirma Júnior. O ticket médio dos apartamentos é superior a R$ 10 milhões.

O executivo ressalta que projetos de altíssimo padrão já têm uma generosidade de espaços, o que reduziu qualquer necessidade de adaptação frente ao cenário de pandemia. “Essas unidades já têm pré-requisitos de iluminação e ventilação. Na Casa Brasileira, o pé direito tem 2,9 metros e todos os apartamentos têm varanda. É um público naturalmente exigente, então não houve grandes interferências”, afirma.


Mesmo assim, algumas novidades podem ser incorporadas, segundo Lucio Júnior: “As áreas comuns são cada vez mais relevantes, seja para residências ou espaços corporativos. Temos dado muito valor para o uso compartilhado do rooftop, um térreo mais agradável, que tenha um paisagismo mais envolvente. São itens que estão mais valorizados agora”.

Nos novos prédios corporativos, a incorporadora trará alguns incrementos, como ventilação natural, acessos touchless, cabines mais espaçosas nos elevadores e escadas mais largas, segundo revela o executivo. “Quase a totalidade dos empreendimentos é de áreas não tão grandes, de 4 a 6 mil metros quadrados, buscando prioritariamente a ocupação de monousuário. Entendemos que há uma nova demanda”, ratifica.

Com 50% do VGV na Casa Amarela, outros 50% nos empreendimentos econômicos desenvolvidos em parceria com a Riva 9 e os prédios corporativos, a Lucio estima lançar perto de R$ 1 bilhão em 2021. 

Já Mila Soares, diretora de Incorporação e Novos Negócios da Porte Engenharia e Urbanismo, elege o Eixo Platina como desenvolvimento de maior destaque da incorporadora. "É um projeto urbanístico que envolve a construção de prédios residenciais, lajes corporativas, salas comerciais, hotel, hospital, cinema, teatro, centro de convenções, centro de compras, praça de eventos e restaurantes".

Projeto de trecho do Eixo Platina. Crédito: Porte

Segundo a executiva, os empreendimentos estarão distribuídos ao longo da Avenida Alcântara Machado, entre o Sesc Belenzinho e o Parque Municipal do Tatuapé. A empresa atua há mais de 35 anos com foco na zona leste da capital paulista.

Ao longo de 2021, a Porte planeja lançar, no Eixo Platina, dois empreendimentos mixed-use: Métria 624 e Radial III. Fora do projeto, está desenvolvendo o Artem, uma torre residencial de alto padrão no Jardim Anália Franco. Soares comenta os diferenciais trazidos pela pandemia para o setor imobiliário.

"Houve uma valorização de áreas externas, biofilia, sustentabilidade e flexibilidade dos ambientes, além da necessidade de introduzir mais tecnologia nos empreendimentos", conclui.


Por Henrique Cisman e Daniel Caravetti