Novos contratos e mais vendas: as expectativas nos shopping centers em 2022

Inflação e menor poder de compra são os maiores desafios para a retomada

9 de fevereiro de 2022Mercado Imobiliário

No final do ano passado, gestoras de fundos e administradoras de shopping centers já diziam que o cenário era de ampla recuperação em todo o Brasil, principalmente no volume de transações; a quantidade de consumidores ainda estava pelo menos 15% abaixo da média, e a vacância ainda era maior que no período pré-pandemia. 

Neste início de 2022, a expectativa dos players segue positiva, conforme identifica a sondagem realizada pelo GRI Club Real Estate Brazil com 30 líderes de empresas do setor, realizada entre os dias 1 e 7 de fevereiro. 

Para 83% dos entrevistados, haverá aumento na quantidade de inquilinos ao longo do ano em relação a 2021 - seja renovação ou assinatura de novos contratos. No grupo dos mais otimistas, 43% também acreditam que o preço pago por metro quadrado será maior, enquanto para os outros 40%, eles devem se manter. 

Em linha com as boas expectativas frente aos 12 meses anteriores, mais de 90% afirmam que o fluxo de consumidores e as vendas serão maiores. Neste grupo, cerca de 10% dos respondentes veem um crescimento de 30% a 50% nos indicadores, enquanto a maioria aponta que o mais provável é um resultado até 30% melhor. 

Assim como em outros segmentos, 2022 deve ser marcado por volume semelhante de lançamentos, com maior tendência de baixa em relação ao ano passado. Somente 16% dos executivos projetam quantidade maior de novos projetos. Os estados de São Paulo (60%), Rio de Janeiro (33%) e Paraná (13%) lideram as preferências para novos investimentos. 

Desafios para o crescimento

Ao contrário da percepção de empresários de outros segmentos imobiliários, as eleições e o ambiente político não aparecem como os maiores obstáculos para os “shoppeiros”, embora tenham sido indicados por 50% dos executivos. 

A inflação e o consequente menor poder de compra dos consumidores figuram no topo da lista, com 70% das escolhas (poderia ser assinalada mais de uma opção). Outro assunto que ainda preocupa é a covid-19: 26,7% temem que haja novas restrições de circulação se a pandemia sair do controle mais uma vez. 

De acordo com os entrevistados, a economia não deve crescer no mesmo ritmo do setor, mas também não se espera uma recessão em relação a 2021. 60% creem que o desempenho do Brasil será semelhante, 23% estão mais pessimistas e 17% mais otimistas. 

O setor provavelmente consiga fazer menos captações via fundos imobiliários, conforme indicam 56%. Para pouco menos de 30%, as novas emissões e os follow-ons terão volume semelhante ao do ano passado.

E-commerce e estacionamentos

A sondagem confirma que os estacionamentos devem perder relevância nos shopping centers, dando lugar a outros projetos imobiliários, segundo 86% dos respondentes.

Fundamental durante o período de fechamento das lojas, o e-commerce ainda não será protagonista, na opinião da maioria dos líderes: 53% acreditam que as vendas realizadas de forma online vão representar somente de 10% a 20% do faturamento bruto dos inquilinos, enquanto 27% dizem que será menos de 10%.

Por Henrique Cisman