Metro quadrado caro é o que não se usa, defende Regus

Tiago Alves, CEO da empresa no Brasil, fala sobre mudanças no mercado de trabalho e impactos ao setor de escritórios.

19 de março de 2019Mercado Imobiliário

As recentes mudanças no perfil da população, a inserção dos millennials no mercado de trabalho e a chegada de novas tecnologias foram temas da análise de Tiago Alves, COO da Regus (marca do grupo IWG) para América Latina e CEO no Brasil, durante o GRI Escritórios Brasil 2019. O evento reuniu na última quinta-feira, 14 de março, importantes lideranças desse segmento imobiliário.

"Na nova economia, o metro quadrado mais caro é aquele que se paga e não se usa", ressaltou Alves. Entre outros pontos, a apresentação do executivo compreendeu temas que considera fundamentais ao planejamento de novos desenvolvimentos imobiliários. Ele citou, por exemplo, a queda da expectativa de vida das empresas como característica que impulsiona a expansão dos espaços de trabalho compartilhados, os chamados co-workings.

De acordo com dados globais da agência de avaliação de risco S&P, a expectativa de vida das companhias está despencando. Em 1920, uma empresa sobrevivia por 70 anos; em 2010, passou a 15 anos; e, em 2020, a taxa deve estar reduzida a oito anos. 

"Isso influencia porque a maioria dos edifícios tem uma vida útil de 20 a 25 anos. Outro fator que vem mudando muito é a questão da nuvem. Se, há cinco anos, eu falasse que todo o nosso business estaria na nuvem, provavelmente boa parte não acreditaria e consideraria que seria necessário ter um servidor e um ponto físico para conexão", argumentou.

Mudança de mindset

Avanços tecnológicos e mudanças sócio-econômicas são pontos-chave para que os players do segmento de escritórios planejem suas estratégias de negócios e novos projetos, reforçou Alves. "Pensem na mudança da ocupação dos prédios para atender a essa demanda", disse. 

"Segundo o Fórum Econômico Mundial, 65% das crianças de hoje trabalharão em funções que ainda não existem", continuou Tiago Alves. Nesse contexto, ele enfatizou ainda a importância de mudança de mindset e como o mercado imobiliário tradicional está evoluindo.  

Durante sua participação no encontro do GRI, ele também trouxe aos participantes outros dados. De acordo com pesquisa da Regus realizada em 2016, no Brasil, a maioria (69%)  dos empreendedores considera custo versus benefício como o item mais importante quando se trata de escolher o lugar para montar seu negócio. Cerca de 55% dos entrevistados também afirmaram que a busca pela agilidade é um dos principais fatores para evolução do trabalho flexível.

Consolidação do mercado 

No GRI Escritórios, o executivo da Regus também conversou com a equipe do GRI Hub. "Em 2019, a ordem é de consolidação desse mercado [de escritórios flexíveis e compartilhados]. Cada vez mais, iremos ver os grandes players se consolidando. Já os menores irão crescer ou deixarão de atuar como um espaço flexível, voltando a à locação tradicional."

"No primeiro trimestre deste ano, a demanda [da Regus no Brasil] está 30% maior do que no mesmo período de 2018. Ou seja, muita gente estava com a demanda reprimida, esperando um novo momento de mercado, bons ares, para poder voltar ao mercado", complementou, ao comentar dados específicos da companhia. 

Para a Regus e o Spaces, marcas do grupo IWG, esse é um bom momento. "Estamos ganhando mais ocupação e, consequentemente, gerando mais tração no nosso negócio, o que vai fazer com que abramos as novas unidades até mais rápido. É um bom momento de demanda, um bom momento de mercado", declarou.

O executivo reiterou o peso da economia compartilhada para o futuro do setor de escritórios. "O conceito de compartilhamento passa a ser uma base da nossa economia e da nossa sociedade. Em 2024, cerca de 30% do nosso setor de serviços virão de serviços compartilhados, como aplicações de transporte, hotelaria e co-working. Esse mercado que está em ascensão e em evidência", afirmou. 

O GRI Club e o grupo IWG firmaram recentemente uma parceria compreendendo a região das Américas, que prevê que o grupo se torne patrocinador do clube em todo o continente americano, com representantes nos conselhos do GRI Club em alguns países da América Latina e participação bastante ativa nas atividades do GRI na região, aportando com conteúdo sobre escritórios flexíveis e co-working. 


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