Mercado residencial do Paraná se aquece, com destaque para o alto padrão

Incorporadores acreditam que 2021 vai superar o desempenho do ano anterior

10 de junho de 2021Mercado Imobiliário

Segundo a Brain Inteligência Estratégica, no estado do Paraná, as vendas de novas unidades residenciais cresceram 38% no acumulado de 12 meses, entre março de 2020 e o mesmo mês deste ano. O número passou de 4 mil para 5,6 mil imóveis comercializados.

"As vendas estavam muito aquém do tamanho do mercado nos últimos anos e agora vemos um aquecimento. Vale lembrar que Curitiba compreende aproximadamente metade dos negócios no estado", diz Fábio Tadeu Araújo, sócio-diretor da Brain.

A capital, inclusive, apresentou alta nos lançamentos, mesmo diante dos problemas de desabastecimento e aumento nos preços de insumos. No interior do estado, o número de unidades lançadas caiu, seguindo o movimento do mercado imobiliário nacional. 

Com isso, no total, o estado paranaense registrou um crescimento mais modesto de imóveis lançados. No acumulado em 12 meses, entre março de 2020 e de 2021, o total de imóveis novos colocados no mercado passou de 4,5 mil para 4,8 mil, aumento de 6,3%. 

De acordo com Araújo, os segmentos que mais crescem são o de alto e altíssimo padrão, já que os potenciais clientes vêm sofrendo um menor impacto financeiro na pandemia. Eles ainda enxergam a compra de um imóvel de luxo como uma oportunidade de investimento ou de se adequar ao cenário pandêmico.

Projetos imobiliários na capital

Incorporadores que oferecem este tipo de imóvel e atuam no Paraná estão se movimentando para atender a demanda. A Plaenge, por exemplo, está construindo cinco empreendimentos residenciais em Curitiba e planeja entregar dois deles até o fim de julho: Harmony Concept House, no bairro Água Verde, e WM 120, no Ahú.

A empresa ainda tem outros três lançamentos na capital paranaense: Experience, no bairro Ecoville, Vitra Água Verde, no Água Verde, e Fifty Cabral, no Cabral. Neste último empreendimento, as unidades chegam a até 364 m². 

Projeto de fachada do Fifty Cabral. Crédito: Divulgação/Plaenge

Entendendo que a pandemia fez com que as pessoas valorizassem mais a moradia e o bem-estar, Célia Catussi, superintendente de Novos Negócios da Plaenge, comenta quais elementos têm sido aplicados nos novos projetos da incorporadora, que também atua em outros seis estados do país e no Chile.

"Mantendo a sofisticação dos projetos, estamos trazendo flexibilidade para os ambientes e nos preocupando mais com a luminosidade e a ventilação. Isso é muito importante para os nossos clientes, que esperam que o imóvel traga uma melhoria na qualidade de vida", afirma.

A Laguna, por sua vez, tem três empreendimentos em fase de obras na capital paranaense e deve entregar um deles neste ano, o Almáa Cabral. Localizado no bairro homônimo, o empreendimento tem três torres e apartamentos de até 573 m², que chegam a valer R$ 6,9 milhões.

Almáa Cabral deve ser entregue em 2021. Crédito: Divulgação/Laguna


Em agosto deste ano, a empresa ainda deve lançar dois novos projetos. O primeiro, chamado BIOOS, terá uma torre residencial, uma torre comercial com uso adaptado para a área médica e um mall de interligação entre os prédios. Já o segundo, denominado VAZ Batel, será um empreendimento residencial com unidades de até 123 m².

"Atuamos no segmento corporativo, de hotéis e de galpões logísticos, mas o residencial, que está muito forte, é o nosso carro-chefe. Claro que a questão dos suprimentos nos preocupa e vai exigir uma adaptação, mas é melhor faltar material do que cliente", avalia Gabriel Raad, diretor-geral da Laguna.

Outra empresa que atua na região é a AG7, que lançou o AGE360 no fim do ano passado, junto com a Triptyque Arquitetura. De acordo com o CEO, Alfredo Gulin Neto, trata-se do primeiro wellness building do Brasil, já que une arquitetura inusitada com design arrojado e preza pela qualidade de vida dos moradores. 

AGE360 concorre ao prêmio Architecture MasterPrize. Crédito: Divulgação/AG7

O lançamento, que será localizado no bairro Ecoville, conta com certificação Fitwell, uma vez que integra a natureza em uma experiência de vida urbana, e concorre a um dos maiores prêmios de arquitetura do mundo, o Architecture MasterPrize, que reconhece projetos criativos e inovadores.

"É um empreendimento que extrapola a sua estrutura física, vem para ser uma referência de mercado e já está 70% vendido. Para os próximos 24 meses, planejamos lançar mais R$ 600 milhões em torno do Parque Barigui, região onde fica o AGE360", declara Neto.

Nas novas investidas, a AG7 seguirá focada na qualidade de vida, assim como na experiência de compra dos consumidores. "Nossa proposta é participar da jornada do cliente, pois ele nos cede a responsabilidade de construir o ativo mais valioso de sua vida. Estamos convictos que a indústria vai se transformar e vão prosperar as empresas que possuem um bom NPS [net promoter score]. O comprador tem que ser um advogado da marca", acrescenta o CEO.

Perspectiva de futuro

Os executivos entrevistados pelo GRI Club ainda confirmam o otimismo em relação ao mercado imobiliário paranaense. "Para 2021, espero um desempenho melhor do que o de 2020. Provavelmente será um ano de mais vendas e lançamentos", garante Raad.

Catussi explica por que compartilha da mesma opinião. "A velocidade de venda dos lançamentos que fizemos ficou 20% acima da nossa expectativa. Com certeza, teremos mais unidades lançadas neste ano do que tivemos no ano passado", assegura a executiva.

Já Neto se baseia na atual conjuntura econômica do estado. "Diferentemente de São Paulo, o Paraná tem uma economia muito dependente do agronegócio, que se fortaleceu na pandemia. Em Curitiba, ainda estamos formando um mercado de tecnologia muito forte, com algumas startups unicórnios. São jovens que vão seguir gerando riqueza e consumindo", aponta.

Por fim, Araújo lembra que o Paraná tem ficado constantemente entre as três capitais brasileiras que mais geram empregos formais no país. "Creio que esse será o melhor ano de vendas e lançamentos da história do mercado residencial brasileiro, sendo o Paraná um dos três mercados que mais vão crescer", conclui.


Por Daniel Caravetti