Mercado hoteleiro discute as estratégias adotadas para superar o cenário atual

8 de abril de 2020Mercado Imobiliário
Com a expectativa de retomada da economia nos primeiros meses do ano, o mercado hoteleiro se preparava para um ciclo de desenvolvimento de novos projetos, com projeções positivas de crescimento do setor no Brasil. No entanto, no cenário atual deixado pelo coronavírus, que vêm impactando diferentes setores do mercado imobiliário, o setor hoteleiro sofreu um choque e é um dos mais afetados no mercado imobiliário até o presente momento.

Como os principais players deste setor, entre desenvolvedores, investidores e redes hoteleiras, estão assimilando o cenário atual? Qual a expectativa deles em relação à retomada das taxas de ocupação? O que temos a aprender com o setor hoteleiro de outros países que foram afetados pela crise? Quais mudanças podemos ver na gestão de ativos hoteleiros? Quando poderemos ver a retomada e quais medidas deverão ser tomadas após a recuperação?

Essas e diversas outras questões foram discutidas em um eMeeting do GRI Club, com moderação de Roland Bonadona (Bonadona Hotel Consulting),  na manhã de quinta-feira (02/04). A reunião online reuniu cerca de 80 dos maiores nomes do setor para compartilhar experiências de como os players estão reagindo e quais estratégias estão sendo adotadas para superar este ciclo.

Como o mercado hoteleiro global vem reagindo frente à crise deixada pelo Coronavírus 

A China, primeiro país a ser afetado pelo Coronavírus no mundo, é um dos maiores mercados globais e o setor hoteleiro no país foi muito afetado pela pandemia. Patricia Boo, Diretora da STR Global, uma das principais empresas no mundo de dados e análises para o setor hoteleiro, apresentou uma pesquisa inédita sobre como o mercado chinês vem sendo impacto e como podemos contrapor o cenário deixado no país com a realidade brasileira. Desde o início do ano, o país vem apresentando quedas na taxa de ocupação hoteleira, com uma queda acentuada no mês de fevereiro após os sinais preocupantes em relação ao novo vírus. No entanto, notamos que nas semanas seguintes as taxas vêm se recuperando. Wuhan, epicentro da crise, é uma das cidades com uma recuperação rápida se comparada ao  resto do país, já que muitos profissionais da saúde foram chamados para conter a situação.

O Brasil, por sua vez, apresentava boas taxas de ocupação em fevereiro (principalmente pelo Carnaval). No entanto, os principais mercados do país foram afetados com o anúncio da pandemia global, com quedas gerais em março. A apresentação também contou com dados referentes à outros países, como Itália e Estados Unidos, além de paralelos de comparação feitos com outros períodos de crises globais, sentidas pelos principais países do mundo em anos anteriores e que tiveram diferentes recuperações. 

Se tomarmos como exemplo as principais cidades chinesas e seu ritmo de recuperação após o SARS em 2003, a retomada da ocupação poderá ser acentuada nos próximos meses. Em linhas gerais, as cidades chinesas sofreram queda significativa de ocupação nos 3 primeiros meses, desde o anúncio de alerta global devido à doença até a retomada de viagens na Ásia. Após isso, notou-se que as cidades demoraram 3 meses para atingir níveis de ocupação semelhantes ao período pré-crise. Em comparação com a retomada do mercado após o 11 de setembro e a crise global de 2008, os número são menos animadores, já que a retomada nestes períodos demorou 18 e 15 meses respectivamente.  

De acordo com pesquisa apresentada pelo FOHB, o mapeamento dos hotéis em operação neste momento estão da seguinte forma:

Sudeste: 53% em operação
Sul: 24% em operação
Nordeste: 48% em operação
Centro-oeste: 47% em operação
Norte: 74% em operação

*Mapeamento feito em março.

Quais medidas vêm sendo tomadas pelos principais players do mercado hoteleiro em relação a gestão dos ativos deste setor no momento atual?

Dentre os diversos segmentos imobiliários, o de hotéis parece ser um dos mais afetados. No entanto,  ativos hoteleiros não deixaram de ser estratégia adotada por investidores e desenvolvedores do mercado imobiliário. Obviamente, impactos vêm sendo sentidos com as operações interrompidas. No entanto, tais ativos, pensando no longo prazo, ainda são uma alternativa de investimento para muitos. Neste momento, a maior preocupação dos investidores é com a liquidez e fluxo de caixa dos próximos meses, que se operados no limite poderão representar um problema maior para alguns, influenciando em demissões em massa. Em relação à expectativa futura de retomada do mercado, nota-se que não há maiores preocupações em relação à rentabilidade total dos investimentos neste momento. 

Para as principais redes hoteleiras e gestores, nota-se uma divisão de comentários em relação à operação dos ativos no futuro. Um dos pontos levantados durante a discussão foi sobre a mudança que se irrompe no comportamento do consumidor no futuro para protocolos de limpeza dos espaços comuns e dos quartos. Para alguns, esse é um ponto que deverá ser levado em consideração entre investidores e operadores no decorrer do pós-crise. No entanto, muitos acreditam que tal percepção só acontecerá num curto de espaço de tempo.

Outro ponto que foi levantado ao longo do debate é em relação às questões contratuais e a forma de gerenciar hotéis com os movimentos da economia nos próximos meses. Num cenário de exceção, marcado por uma crise geral, alguns acreditam que os contratos hoteleiros tendem a serem impactados até o restabelecimento da situação econômica, enquanto outros não. Nota-se que tal crise fez com que a forma de gerenciar hotéis mudasse, já que muitas operadoras precisam encarar o atual momento com novas soluções e medidas alternativas.  Neste momento, gestores, investidores, proprietários, operadores e redes hoteleiras deverão se unir num esforço conjunto para superar o cenário atual.

Quais as expectativas futuras e o que podemos esperar do futuro?

Nota-se que, com taxas de ocupação baixas para o próximos meses, o choque será sentido por todos, causando um desconforto geral dos principais agentes envolvidos. No entanto, com uma estrutura sólida, muitos acreditam que o mercado tende a se recuperar nos próximos meses. Em diferentes cenários de projeção e  pesquisas realizadas, o mercado poderá ter um crescimento gradativo na metade do ano para aqueles mais otimistas e o ano poderá fechar com uma melhor taxa de ocupação geral já que o ritmo de recuperação tende a ser intensificado na retomada do mercado. Para aqueles menos otimistas, a posição é mais cautelosa e só veremos maior resultados no fim do ano.

Pergunta: Quando os hotéis no Brasil devem apresentar sinais de retomada?
Respostas:

Maio - 8%
Junho - 20%
Julho - 41%
Os impactos no setor serão profundos e só veremos resultados concretos a partir do final do ano - 41 %

*Pesquisa realizada com 52 executivos sênior do mercado imobiliário no dia 02/04/2020.

Tal pesquisa foi complementada pela apresentação do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), apresentado por Orlando Souza, com as ações que estão sendo realizadas neste momento junto ao Governo Federal e como os principais nomes do setor estão se mobilizando para termos resultados positivos no país nos próximos meses.

Entre os participantes presentes neste eMeeting estiveram: Marcelo Conde (STX Desenvolvimento Imobiliário), Marcelo Fedak (BlueMacaw), Max Lima (HSI), Pedro Cypriano (HotelInvest); Ricardo Mader (JLL), Samuel Sicchierolli (VCI SA), entre outros. 

 

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