Insegurança cresce e abala confiança da construção

Empresários citam 'demanda insuficiente' como principal problema

30 de março de 2021Mercado Imobiliário
Após retomada no final de 2020, a confiança no setor de construção civil voltou a apresentar quedas no início deste ano. No acompanhamento realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em março, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu pelo terceiro mês consecutivo, atingindo o menor nível desde agosto do ano passado (87,8 pontos).

Em relação ao mês anterior, a confiança no setor cedeu 3,2 pontos, atingindo 88,8 pontos. Vale lembrar que a instituição considera um cenário pessimista para valores abaixo dos 90 pontos. Veja o gráfico abaixo.


Fonte e elaboração: FGV

O Índice de Situação Atual, que capta a percepção dos empresários sobre o presente, chegou a 87,8 pontos após recuo mensal de 2,2 pontos. Já a confiança no futuro no setor, medida pelo Índice de Expectativas, teve a quinta queda consecutiva, desta vez de 4,1 pontos, e atingiu 90 pontos.

Entre as diferentes esferas da construção, o segmento de edificações, que representa o mercado imobiliário e vinha em ascensão, foi o grande responsável pela baixa no índice de confiança, uma vez que caiu 5,8 pontos. O segmento de obras de infraestrutura se manteve estável e o de serviços especializados teve alta de 1,2 pontos.

Enquanto isso, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção (ICEI-Construção), outra pesquisa que mede o otimismo do setor, aponta queda de 5,5 pontos de fevereiro para março, chegando a 52,2 pontos. O estudo é feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que considera otimistas valores acima de 50 pontos. Veja abaixo.


Fonte e elaboração: CNI e CBIC

Em fevereiro, os níveis de atividade e de emprego se mantiveram abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que ocorre desde o final de 2020. Na comparação com janeiro, o primeiro item permaneceu estável nos 45,9 pontos e o segundo teve aumento de 0,7 pontos, chegando a 46,8.

Já nos índices de expectativa, a maior queda mensal foi em relação aos novos empreendimentos e serviços, indicador que recuou 3,9 pontos, para 52. É importante ressaltar que os demais aspectos, que incluem nível de atividade, compra de matéria-prima e número de empregados, também se mantiveram acima dos 50 pontos.

Quanto à intenção de investir na indústria da construção, março registrou o recuo mais intenso deste ano, de 3,2 pontos, chegando a 38,5. A CNI, contudo, pondera que "esse comportamento ocorre tipicamente no mês de março e que a posição do índice ainda é superior à média histórica, de 34,8 pontos".

O que causou a queda na confiança da construção?

Na sondagem da FGV, os empresários da construção apontam os fatores limitativos à melhoria nos negócios, ou seja, as causas para a queda na confiança. As principais são: demanda insuficiente (38,2%), custo de matéria-prima (27,1%) e competição no setor (25%). Fora isso, 27,7% dos executivos assinalaram a categoria 'outros', que envolve fatores como pandemia e cenário macroeconômico.

“O resultado de março mostra uma piora disseminada entre os diversos segmentos. Dessa forma, no primeiro trimestre do ano, os empresários percebem uma situação mais desfavorável que a do último trimestre de 2020, indicando uma deterioração do processo de recuperação”, avalia Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasieliro de Economia (IBRE) da FGV.

Enquanto isso, a CNI indica, em nota, que "além da preocupação com o desabastecimento e preço dos insumos, a evolução da pandemia no início do ano e as medidas de restrição à circulação associadas a ela aumentaram as preocupações dos empresários, impactando negativamente as expectativas".

O órgão ainda lembra que as condições da economia brasileira, em geral, vêm piorando e afetam fortemente a construção. "O índice de condições atuais, que havia sido de 49,6 pontos em fevereiro, foi para 43,8 pontos em março, próximo aos patamares verificados entre agosto e setembro de 2020".

Por Daniel Caravetti GRI Residencial para Renda eSummit