Hedge Investments quer triplicar valor sob gestão em três anos

Valor atual já chega a R$ 1,7 bilhão. "Perseguíamos o modelo da Hedging-Griffo", diz André Freitas.

6 de setembro de 2017Mercado Imobiliário
A ideia de resgatar o modelo de gestora independente implementado com sucesso pela Hedging-Griffo a partir da década de 1980 e de colocá-lo em prática exatamente num momento de transição do mercado para um novo ciclo, de modo a capturar integralmente suas oportunidades, foi o que motivou a estruturação da nova Hedge Investments.

A bem da verdade, a Hedge existia desde o final de 2014, centrada na gestão de um hedge fund focado em commodities; porém, de dezembro de 2016 para cá, vem passando por uma guinada tal que não seria exagero a referência a ela como praticamente uma nova companhia.

A transformação principiou com a chegada de André Freitas, um dos fundadores da Hedging-Griffo e, até então, responsável pela área imobiliária do Crédit Suisse Hedging-Griffo (CSHG). Depois de se desligar do banco, ele adquiriu o controle da Hedge e, pouco a pouco, foram migrando para a nova plataforma também os demais componentes de seu antigo time, vários deles como sócios.

"Perseguíamos um modelo novo de empresa, que era o que tínhamos na Hedging-Griffo, e queríamos que ele se encaixasse em um novo ciclo", diz André. "Sou muito otimista com o início de ciclo que estamos vendo agora para real estate. Por um lado, já observamos as taxas de juros caindo. Por outro, a vacância ainda é alta e vai demorar a ser absorvida, mas há uma mudança em alguns segmentos muito nítida. Por exemplo, no ramo de lajes corporativas AAA, começa a existir uma absorção líquida positiva. Diversos projetos de logística também estão novamente aparecendo", adiciona ele.

Planos ambiciosos

A partir de janeiro deste ano, quatro fundos ligados ao setor imobiliário que eram geridos pelo CSHG foram transferidos para a Hedge. Além deles, a companhia soma um conjunto de carteiras administradas de clientes institucionais e pessoas físicas do segmento private banking, totalizando cerca de R$ 1,7 bilhão sob gestão até agora.

Os planos para o futuro são ambiciosos. André prefere não falar em meta; entretanto, acredita que seja possível triplicar a cifra em até um triênio. "Queremos crescer de maneira orgânica e temos a expectativa de, nos próximos dois a três anos, chegar a um valor de recursos sob gestão entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões", revela.

A cautela se justifica. Afinal, o montante vai depender de uma série de variáveis, da eleição de um novo governo federal – e seu compromisso com a responsabilidade fiscal – à própria aceitação dos produtos da Hedge pelos investidores.

Tripé estratégico

André Freitas aposta em um tripé para que a Hedge consiga se diferenciar de outras gestoras e conquiste seu lugar ao sol. A primeira base é um forte alinhamento com o interesse dos clientes. "Isso está no nosso DNA. Só vendemos produtos que nós mesmos também compramos", afirma.

O segundo aspecto é uma visão de trader. "Atuamos no mercado imobiliário com cabeça de trading, atentos ao market timing e cavando oportunidades, o que vem muito da minha origem como trader de commodities. Entendemos que o portfólio é vivo. Nunca nos apegamos a um imóvel. Compramos quando está barato e vendemos quando está caro', descreve André.

Completa a trinca uma combinação de gestão ativa dos produtos e ativismo. "Como estamos numa estratégia de fundo de fundos, vamos procurar onde é possível melhorar a gestão, a administração, a comercialização e a precificação dos ativos em que investimos. Não significa que todos os ativos em que investimos, dentro dos nossos investimentos de fundos de fundos, necessitem disso; porém, alguns, sim. Há, por exemplo, fundos que cobram taxas de administração muito altas, e a realidade mudou com a queda dos juros", aponta ele. "Em resumo, vamos ter uma atenção dentro da indústria bastante grande e reparar em detalhes. Quando avaliarmos que algo está desalinhado com o melhor interesse do investidor, vamos agir via conversa com o gestor, com o administrador ou, se for o caso, via assembleias para propor ajustes."

Além da estratégia de fundos de fundos, a Hedge está alerta a outra frente. "Começamos a olhar para o mercado primário de novo e vemos que há viabilidade. Creio que 2018 será um ano de retomada, com várias ofertas públicas", aponta André Freitas. Na visão dele, estamos diante de uma janela de oportunidade.

"O volume da indústria de fundos imobiliários listada em Bolsa no Brasil é ínfimo e deve triplicar nos próximos três anos. Vai alcançar facilmente R$ 150 bilhões, o que ainda é pouco. Depois de quatro anos patinando, a evolução vai vir de forma exponencial", prevê.

Composição do time

Para capturar essas oportunidades que se desenham no horizonte, a Hedge montou um time de peso. Além de André, há outros sete sócios. "Vemos muito benefício nessa relação de partnership por permitir um alinhamento de todos os envolvidos em torno do mesmo objetivo, gerando resultados e uma distribuição mais equilibrada desses resultados na empresa", explica André Freitas.

Na área imobiliária da companhia, estão quatro deles: Alexandre Machado, João Phelipe Toazza, Mauro Dahruj e Maria Cecilia Andrade. O grupo trabalha junto há muitos anos e agrega um histórico de 42 ofertas.

Junto com André, os quatro integram o comitê de investimentos da Hedge, que decide sobre todos os ativos e os produtos a desenvolver. No dia a dia, cada um se concentra em uma área de especialidade: Alexandre no segmento de shoppings; João, no de lajes corporativas e também no de logística; Mauro no de logística e no fundo de fundos, ao lado de André; e Maria Cecilia assume a figura de uma espécie de COO e faz a interface com entidades de classe e CVM, sendo também responsável por coordenar as emissões que vierem a ser realizadas.