GRI Residencial 2021: ano será o melhor da história para o setor

Alta na demanda gera otimismo entre os investidores; em São Paulo, revisão do PDE é essencial

12 de agosto de 2021Mercado Imobiliário

Depois de uma longa espera, o GRI pôde novamente reunir de modo presencial membros do clube para o principal evento do mercado residencial no Brasil em 2021. Com o público reduzido para 50% da capacidade do Centro de Convenções do São Paulo Corporate Towers e seguindo todos os protocolos sanitários, o evento foi considerado um sucesso pelos organizadores e participantes, que puderam escolher entre nove salas temáticas simultâneas em três horários distintos, além dos painéis de abertura e encerramento. 

Após uma saudação inicial do CEO do GRI Group, Gustavo Favaron, a primeira sessão do dia trouxe o panorama do mercado residencial com foco nas mudanças ocorridas durante a pandemia e no que se pode esperar em termos de desempenho para os próximos meses. A moderação foi realizada pelo sócio da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu Araújo, com as participações de Maristella Diniz, managing director da GTIS Partners, Rafael Menin, presidente da MRV, e Régis Dall’Agnese, sócio da gestora RB Capital.

Primeiro painel do GRI Residencial 2021 fez uma leitura do atual momento do setor e projetou o desempenho nos próximos meses. Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club

Entre pontos de atenção e fatores de otimismo, o destaque do painel foi o entusiasmo com o atual momento do mercado residencial brasileiro. Segundo os debatedores, este deve ser o melhor ano da história do setor e há um potencial de crescimento ainda maior para os próximos anos, condicionado ao equilíbrio de algumas preocupações atuais, como a disparada no preço dos insumos da construção.

“A maior preocupação efetiva é com o custo, e quando eu digo custo, ainda que os insumos sejam os mais relevantes no momento, também há uma apreensão com com o aumento dos preços de terrenos, que geram um impacto importante no projeto, e em menor intensidade com a subida da taxa de juros, que apesar de se manter no patamar de um dígito, acende uma luz amarela se estará mais perto de sete, oito ou nove por cento”, resumiu Araújo após o evento. 

Enquanto as incorporadoras avaliam a viabilidade dos empreendimentos, os fundos voltam suas atenções às taxas de retorno dos projetos, de modo que a taxa de juros é até mais relevante que o custo efetivo de largada. A quantidade de novos lançamentos até dezembro revelada por Dall’Agnese indica que o apetite pelo setor residencial está grande. 

Entre um painel e outro, os participantes do evento eram estimulados a realizar networking. Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club

Em relação ao descontrole de preços dos materiais, a expectativa unânime é de que haja finalmente uma desaceleração, como já aponta o Índice Nacional de Custo da Construção do mês de julho medido pela FGV - variação de 1,24% ante 2,3% no mês anterior. A leitura é que deve haver uma correção dos preços porque a valorização das commodities já “bateu no teto”, além da questão cambial mais controlada no momento.

Outro destaque é o excesso de capital no mundo, com reflexos diretos no Brasil, que já não depende mais exclusivamente do sistema bancário. Em outras palavras, se o projeto for bom, haverá funding disponível.

Mais um fator positivo é o desequilíbrio entre oferta e demanda no mercado residencial brasileiro. O sócio da Brain exemplifica: “Na cidade de São Paulo, a despeito de termos um acumulado em doze meses de quase 80 mil lançamentos de unidades de 3 e 4 dormitórios, isso representa pouco mais de 10% do mercado quando somados, ou seja, está em falta. Três mil apartamentos de 3 dormitórios à venda em São Paulo é uma quantidade desprezível”.

No mercado econômico, cuja demanda pode ser considerada “infinita”, um dos assuntos comentados foi a possibilidade de aumento do valor limite das unidades, até para que a alta dos custos de produção seja melhor absorvida. O assunto foi aprofundado em um dos painéis simultâneos, que contou com a presença do secretário nacional de Habitação, Alfredo Eduardo dos Santos. 

Painéis simultâneos abordaram diferentes temáticas, aprofundando as discussões sobre o mercado residencial. Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club

Destaque também para a revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo (PDE), que já está em andamento. O painel foi um dos mais disputados pela audiência e teve as participações do secretário municipal de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo, Cesar de Azevedo, e do secretário de Estado da Habitação, Flávio Amary.

Uma das principais reivindicações diz respeito à limitação imposta pelo atual PDE para produtos de média e alta renda em muitas regiões da cidade, nas quais há direcionamento para a produção de unidades habitacionais econômicas.  

O assunto também foi brevemente comentado na sala destinada ao mercado carioca, já que as discussões sobre o Plano Diretor devem começar no 2º semestre. Na capital fluminense, destaque para as ações da prefeitura, como o Reviver Centro, debatidas junto ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, Chicão Bulhões. 

O evento foi encerrado com um painel sobre filantropia que contou com a ilustre participação do fundador e presidente do Conselho da Cyrela Brazil Realty, Sr. Elie Horn, um dos maiores filantropos do país.

Por Henrique Cisman