Financiamento de imóvel na planta ganha players privados

Santander e Bradesco ingressaram recentemente no crédito associativo, mercado dominado por instituições públicas.

31 de julho de 2019Mercado Imobiliário

Antes dominada pelos bancos públicos – Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil –, uma fatia do mercado de financiamento imobiliário começa a ganhar novos players. Em 2018, o Santander anunciou seu ingresso no crédito associativo, modalidade de financiamento que permite a contratação ainda na planta, e, agora em julho, foi a vez de o Bradesco lançar uma linha semelhante. As duas instituições firmaram parceria com a MRV Engenharia e Participações.

"O financiamento de imóveis na planta tem sido muito utilizado para linhas do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), setor que apresentou um crescimento de mais de 50% nos últimos cinco anos", informa o Bradesco em nota enviada por sua assessoria de imprensa ao GRI Hub. 

O primeiro empreendimento beneficiado pela ação é o Imperial Garden, localizado em Campinas (SP). "Outra parceria será anunciada em breve. Com isso, o Bradesco aumenta seu portfólio de produtos nessa indústria, apoiando ainda mais um setor estratégico, grande gerador de emprego e renda", completa a instituição financeira. 
 

Mudanças na Caixa

Ao mesmo tempo, a Caixa vem promovendo importantes alterações no seu modelo de empréstimos, com foco na retomada imobiliária, e estudando outras, caso da revisão do indexador de crédito imobiliário, de Taxa Referencial (TR) para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O anúncio formal dessa novidade é esperado em breve e possibilitaria redução substancial dos juros cobrados – passando dos atuais 8,5% para a faixa de 6% ao ano.

Em junho passado, a Caixa informou mudança tanto para empréstimos concedidos por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) quanto pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). No caso do SFH, a taxa teve queda de 0,25 ponto percentual, passando de 8,75% ao ano mais TR para 8,5% mais TR. Já no SBPE, para chegar a 8,5% + TR, a diminuição foi de até 1,25 ponto percentual. 

Para Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), mesmo antes de tal posicionamento da Caixa, o horizonte traçado para o crédito imobiliário já era positivo. "[O registro de] 40% de crescimento [no crédito imobiliário com recursos do SBPE entre abril de 2018 e o mesmo mês de 2019] nos coloca em um patamar importante. A entrada da Caixa com taxas competitivas deve fazer com que o mercado se expanda ainda mais", disse ele ao GRI Hub ao participar do GRI Residencial Brasil 2019.
 

Recorde histórico de financiamentos via SBPE

Segundo a Abecip, os financiamentos imobiliários com recursos do SBPE atingiram R$ 6,59 bilhões em maio passado, alta de 20,6% em relação ao mês anterior e de 46,6% comparativamente a maio de 2018. O valor é o mais elevado para um mês de maio desde 2015.

Nos primeiros cinco meses do ano, foram aplicados R$ 27,7 bilhões na aquisição e construção de imóveis via SBPE, elevação de 39,7% em relação a igual período do ano passado. No acumulado de 12 meses – período de junho de 2018 a maio de 2019 –, os empréstimos de R$ 65,25 bilhões para aquisição e construção de imóveis com recursos do SBPE asseguraram alta de 41,3% em relação ao apurado nos 12 meses anteriores.
 

TR anima mercado

O potencial de um novo indexador do crédito imobiliário, um substituto à TR, como em análise pela Caixa Econômica Federal, anima o mercado. "Esse é um movimento muito importante que a Caixa se propôs a capitanear. Quando olhamos o mercado imobiliário hoje, observamos que é todo operado por TR. A grande dificuldade é que os recursos emprestados só têm um funding possível, a poupança", disse Gilberto Duarte. 
 
Porém, há que se levar em conta o fato de o IPCA trazer um risco ao comprador em caso de volatilidade. "Falamos de um período de 25 a 30 anos. O que ocorrer nesse prazo, a exemplo de uma subida de juros, pode causar um desbalanceamento", alertou Paulo Duailibi, líder imobiliário do banco Santander. Para ele, uma taxa pré-fixada seria a melhor alternativa. 
 

Elevação dos preços

Outro movimento recente favorável ao mercado imobiliário diz respeito ao valor das unidades habitacionais. No mês de junho, os preços nominais dos imóveis residenciais subiram 0,36% em todo o País, aponta o Índice Geral de Preços Imobiliários – Comercial (IGMI-R/Abecip). Com esse resultado, o aumento acumulado do valor em território nacional ao longo do primeiro semestre totalizou 1,19%.
 

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