Executivos apontam maior interesse em multipropriedades durante a pandemia

Aumento expressivo no VGV e tendência cultural do compartilhamento são os principais atrativos

6 de abril de 2021Mercado Imobiliário
Na última quinta-feira (1), o GRI Club realizou um eMeeting sobre os empreendimentos de multipropriedade, reunindo virtualmente os principais líderes do mercado imobiliário brasileiro. No encontro, os executivos discutiram o panorama do segmento, indicando oportunidades e dificuldades enfrentadas.

Apesar de muitas atividades se prejudicarem com os efeitos da pandemia, a multipropriedade manteve bons resultados. Para 85% dos participantes, há maior atratividade de projetos deste setor devido à alta procura pela segunda residência no período de isolamento social. 

Além desse movimento, muitos consumidores optam pela multipropriedade pelo fato de os custos serem fracionados entre os adquirentes, caracterizando-a como uma alternativa mais acessível para a compra de um imóvel de lazer.

Exatamente em razão dessa característica, nos últimos anos algumas empresas do setor dobraram o número de projetos, aumentaram o VGV e a quantidade de vendas online, o que faz com que grande parte dos executivos se mantenha otimista e acredite em oportunidades futuras.

Entretanto, apesar do bom resultado, ainda existem barreiras de entrada para este segmento. Na visão de 27% dos participantes da reunião, a maior dificuldade está no processo de comercialização, seguido pela falta de funding para a fase inicial do projeto (24%), operação hoteleira e condominial (22%) e alto índice de distratos (16%). A menor parte (10%) acredita que o maior empecilho seja o relacionamento com os clientes no pós-venda.

Ao discutir as vantagens deste perfil de empreendimento para os desenvolvedores, 54% dos participantes assinalaram o aumento expressivo no VGV como o principal fator, tendo em vista que, ao vender muitas vezes o mesmo apartamento, ocorre ganho de margem. O segundo item mais destacado foi a tendência cultural do compartilhamento (24%).

Uma boa localização, arquitetura e segurança são alguns dos pontos citados como essenciais de serem discutidos durante o planejamento e a concepção dos projetos. A antecipação de recebíveis também foi destacada como fundamental para o desenvolvimento de multipropriedades. 

Na frente comercial, como o mercado está mais maduro e cresce rapidamente, muitas companhias optam por desenvolver e realizar internamente as vendas a fim de garantir mais qualidade no tratamento do cliente.

Neste sentido, por mais que a velocidade de vendas tenha melhorado, os executivos frisam a necessidade de um tratamento adequado ao comprador, dado o ciclo mais longo desse perfil de empreendimento.

A hotelaria foi abordada durante o encontro, pois é um dos setores que mais movimentam - de forma direta e indireta - a contratação de serviços; muitas redes hoteleiras utilizam a multipropriedade, o timeshare e o direito de uso como fatores complementares de alavancagem da rentabilidade.

Os participantes do eMeeting destacaram a necessidade de preservar o ecossistema dos hotéis, a hospitalidade com os clientes, a saúde dos funcionários e dos fornecedores, bem como a importância da bandeira para o empreendimento, tanto do ponto de vista da comercialização quanto da operação, pois ela gera valor agregado ao cliente ao assegurar que o empreendimento será bem operado e a manutenção, bem feita.

Um tópico também abordado na reunião é a lei de multipropriedade. Atualmente, o Brasil é o único país da América Latina que possui norma específica para este segmento (Lei 13.777/2018), o que traz credibilidade para o empreendedor e consolida o mercado, dado que anteriormente os registros eram baseados na lei da incorporação imobiliária, gerando insegurança durante o processo.

Assim, questões como a participação do incorporador na gestão dos cinco primeiros anos, responsabilidade de IPTU por CPF, direito de preferência de compra, entre outros, atualmente são regrados por lei específica, tornando o setor mais estruturado do ponto de vista normativo.

Por mais que alguns fundos imobiliários tenham iniciado operações no segmento e existam novos players no financiamento, a complexidade aumentou tanto no aspecto contábil quanto operacional, além de haver novas questões a serem resolvidas devido ao aumento na quantidade de clientes.

Com o objetivo de captar o humor e as projeções dos executivos, enquetes foram lançadas e respondidas na tela durante a discussão. Veja na imagem a seguir.



Dentre todos os participantes presentes no encontro, 74% não possuem projetos de multipropriedade, mas apresentam interesse em conhecer mais sobre o setor (59%) ou já têm projetos a serem lançados nos próximos dois anos (15%). Na visão da grande maioria (86%), o comprador visa o lazer, e não um investimento.

Existe a possibilidade de haver sobreoferta em algumas regiões, mas as opiniões ainda são divididas. No tocante ao surgimento de um mercado secundário para venda de frações no Brasil, os participantes também não apresentam consenso, mas grande parte afirma que ainda é cedo para opinar (35%).

Dentre os participantes deste eMeeting, estavam nomes como: Camila Almeida (Habitat Capital Partners), Fabio Godinho (GJP Hotels & Resorts), Samuel Sicchierolli (VCI Holding), Maria Carolina Pinheiro (Wyndham Hotels & Resorts) e Rafael Almeida (Grupo Natos).

Por Júlia Martini

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