Especialistas abordam potencial do mercado de FIIs

Fórum GRI de Fundos Imobiliários 2019 reuniu, nesta quarta-feira (21 de agosto), principais experts dessa indústria.

21 de agosto de 2019Mercado Imobiliário

Em um cenário de queda de juros – com taxa Selic a 6% e expectativa do mercado financeiro de que até o fim do ano chegue a 5% –, os fundos de investimento imobiliário (FIIs) vêm ganhando cada vez mais espaço, percebidos como opção atrativa a investidores em busca de maior rentabilidade. O atual momento e o potencial desse mercado foram temas do Fórum GRI de Fundos Imobiliários 2019, realizado nesta quarta-feira (21 de agosto) no Hotel Transamérica São Paulo. 

Com a presença de uma audiência de cerca de 1000 investidores – institucionais e pessoas físicas –, o evento do GRI Club Real Estate trouxe um time de peso para apontar as principais tendências e as oportunidades nos diversos segmentos de FIIs. Nos últimos dias, o clube também divulgou uma rodada especial da pesquisa Termômetro do GRI que confirma o horizonte favorável aos fundos imobiliários.

Momento de retomada

O dia começou com uma palestra de Eduardo Guardia">Eduardo Guardia, ex-ministro da Fazenda e atual CEO da BTG Pactual Asset Management. Sob a temática 'Brasil – A retomada de confiança do investidor está se concretizando?', ele fez uma análise sobre o cenário global – mencionando a desalavancagem da China e o protecionismo americano – e também sobre o momento político-econômico do Brasil, a agenda econômica em curso e as perspectivas para investimentos no País.

Guardia ainda ressaltou, no contexto nacional, a necessidade de aprovação das reformas da Previdência e tributária e falou sobre os sinais de retomada do País, com papel relevante da queda dos juros e da baixa inflação. "É preciso seguir o caminho das reformas e isso está sendo feito. Também é fundamental haver uma percepção local e internacional de que o País está na direção correta", disse. "Estamos vendo uma melhor alocação dos recursos na economia e a expansão do crédito", continuou.

Para o ex-ministro, o quadro atual é positivo para o mercado de FIIs. "Vemos o investidor buscando retorno em classes de ativos alternativas. É um momento de otimismo", considerou.

O sucesso dos reits

Na sequência, Jim Sullivan">Jim Sullivan, presidente de Assessoria e Consultoria do Green Street Advisors, especializado em assessorar proprietários de imóveis comerciais e investidores nos Estados Unidos e em várias partes do globo, elencou fatores que se revelaram chave ao desenvolvimento do mercado de real estate investment trusts (reits) dos EUA. Ele ainda compartilhou um retrato dos maiores mercados globais de reits (com larga liderança americana) e apresentou estudos de caso do México – e suas fibras – e da Índia.

Sullivan se mostrou otimista com as perspectivas dos fundos imobiliários no Brasil, mas destacou que, na sua avaliação, serão necessárias mudanças de estrutura nesses veículos para atingirem mais investidores institucionais, o que requererá maior interação entre líderes da indústria e governo. 

Principais temas em pauta

Para esta edição do Fórum GRI de Fundos Imobiliários, a segunda, realizada com parceria da Conveste Serviços Financeiros, a programação somou nove horas de conteúdo qualificado. Além das apresentações de Guardia e Sullivan, houve painéis com com especialistas e diversos dos principais gestores e distribuidores de investimentos imobiliários do Brasil. 

Em um sessão sobre fundos corporativos, os participantes foram unânimes em observar melhora no mercado de escritórios da cidade de São Paulo – particularmente nas suas regiões mais consolidadas – e apontar para oportunidades e desafios trazidos por uma nova categoria de entrante, a dos coworkings. Também foram debatidas formas de se avançar na direção de FIIs focados (total ou parcialmente) em desenvolvimento.

Na sequência, especialistas em FIIs de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) abordaram as possibilidades do instrumento. A nova linha de financiamento anunciada pela Caixa Econômica Federal (CEF) na última terça-feira (20 de agosto), indexada ao IPCA, esteve no centro do debate. 

Logo após, em análise do segmento logístico, as perspectivas trazidas pelos painelistas se mostraram positivas, especialmente para empreendimentos no eixo Rio-São Paulo, área que registra importantes oportunidades decorrentes do avanço do e-commerce. Nesse contexto, os FIIs desse mercado também apresentam um grande potencial de crescimento. 

Depois de intervalo para almoço, gestores de shoppings e de FIIs focados em shoppings contaram sobre suas estratégias e aprendizados, passando pela evolução na comunicação transparente com os investidores, e defenderam a alocação de capital bem feita como maior determinante para o bom desempenho dos fundos, mais relevante inclusive do que o desempenho dos próprios shoppings.

Em seguida, painelistas se debruçaram sobre o cenário que pavimentou a recente evolução dos fundos imobiliários e, sobretudo, sobre a perspectiva de continuidade de juros baixos (no Brasil e também no mundo) e como isso deve seguir impulsionando o deslocamento de recursos da renda fixa para investimentos alternativos como os FIIs e a multiplicação do universo de investidores desse tipo de produto – hoje na casa de 400 mil – nos próximos anos.

Por fim, Adeodato Netto, estrategista-chefe da Eleven Financial Research, falou sobre as tendências e perspectivas futuras dos fundos imobiliários, reforçando a mensagem de que o País passa por um direcionamento positivo e de que o instante é positivo para investimentos em FIIs. Ele ainda enfatizou a importância de claro entendimento por parte do investidor a respeito dos diferentes tipos de ativos e FIIs, e suas características. 

Os painéis contaram com a presença dos principais experts do mercado: Adeodato Netto (Eleven Financial Research), Alessandro Vedrossi (Valora Investimentos), Augusto Martins, Bruno Margato (Credit Suisse Hedging-Griffo/ CSHG Brazil), Arthur Vieira de Moraes (FGV), Bruno Ackermann (Brookfield Property Group Brazil), Dani Ajbeszyc (GLP), Eduardo Malheiros (Habitat Capital Partners), Fernando Terra (CBRE), Juliana Mello (Fortesec Securitizadora), Leandro Bousquet Viana (Vinci Partners), João Pádua, Rodrigo Cardoso de Castro (ambos Clube FII), Luiz Sedrani (Votorantim Asset Management), Martín Jaco (BR Properties), Marcos Fernandes (Santander Asset Management), Mauro Junqueira (Aliansce Sonae), Regis Dall’Agnese (RB Capital), Thiago Oliveira (JHSF Participações) e Tony Volpon (UBS). 

Brazil GRI 2019

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Nota da redação: matéria atualizada em 23 de agosto e 11 de setembro.