E-commerce faz varejo, shoppings e galpões se reposicionarem

Comércio eletrônico avança anualmente na casa dos dois dígitos.

26 de setembro de 2016Mercado Imobiliário

Em um contexto de realidades aumentadas, experiências online com impactos concretos e criação de universos inteiros na internet, as fronteiras entre o virtual e o real se embaraçam. Utilizando novas tecnologias, reinventamos o entretenimento, a comunicação, e, como não poderia deixar de ser, o comércio.

Hoje, os canais de e-commerce crescem aceleradamente e seus impactos sobre as vendas tradicionais são visíveis, intensos e inevitáveis. Nessa nova era, é fundamental que as operações offline se adaptem para continuar a evoluir (e existir).

Redes varejistas, shoppings e players do segmento logístico vão se empenhando nessa tarefa. Tudo para não ser sobrepujados num cenário em que o comércio eletrônico avança anualmente na casa dos dois dígitos. No País, o faturamento das vendas online subiu 15% em 2015 e 25% em 2014, segundo dados da E-bit, do grupo Buscapé. Globalmente, a taxa foi de pouco mais de 15% em 2015 e a previsão é de alta de 13% em 2016, calcula a consultoria internacional Statista.

A loja do futuro

O crescimento das vendas online promete trazer mudanças expressivas na estratégia, no posicionamento e nas dimensões das lojas físicas. Elas vão precisar repensar o volume dos estoques e a disponibilidade de modelos, cores e tamanhos de produtos para pronta entrega.

Conforme Pedro Guasti, CEO da E-bit, as lojas, além de reconfiguradas, vão ficar menores. “É impossível colocar em um espaço finito todo o sortimento encontrado na internet. A loja vai virar showroom, ponto de entrega de produtos [comprados na web] e centro de troca e devolução”, prevê.

Ele aposta também na diminuição da quantidade de estabelecimentos a médio prazo. “Não há como ser diferente. É só ver o que está acontecendo com os bancos. O varejo tradicional de bens de consumo vai, igualmente, passar por esse movimento”, compara.

Os varejistas são mais comedidos nas projeções. Admitem mudanças no perfil da lojas, mas questionam a redução do espaço físico e, mais ainda, a estimativa de menor quantidade de estabelecimentos.

Paulo Correa, CEO da C&A, entende que é a localização de cada unidade física que vai determinar a intensidade de abastecimento do estoque e a dimensão das instalações. De acordo com ele, essas são decisões diretamente relacionadas com o fluxo de pessoas no entorno e o nível de conveniência do lugar para o consumidor.

Em uma região com volume reduzido de compradores, o inventário da loja pode ser menor e qualquer produto não disponível tem a possibilidade de ser adquirido online no próprio site da marca. Por outro lado, em pontos próximos dos grandes centros de consumo, a provisão vai precisar ser maior do que a de hoje para facilitar a experiência do cliente e a retirada de itens comprados na web, diz ele.

Case C&A

A C&A iniciou seu retorno ao varejo online nos primeiros meses de 2015, mais de uma década após uma tentativa frustrada de inserção, ainda nos primórdios do e-commerce. Desde essa retomada, a loja virtual se tornou líder em vendas da companhia.

Procurando se ajustar ao rápido desenvolvimento do canal, a gigante do vestuário vem criando, em todos os seus pontos de comercialização físicos, áreas para acolher o consumidor que chega para receber ou trocar uma peça comprada na internet. Recentemente, tem trabalhado para instalar dispositivos nos estabelecimentos a fim de que o consumidor possa fazer, de lá, o pedido online de alguma mercadoria que não encontrou pessoalmente.

“Temos uma série de iniciativas de integração entre o online e o offline. Ainda não posso contar quais são, mas todas vão no sentido de melhorar a experiência do cliente. A questão é como saber que ele entrou na loja, se já teve interações conosco em redes sociais e usar essas informações de algum jeito para oferecer uma experiência diferente”, aponta Paulo. Neste instante, a empresa está em fase de formação de um cadastro de seus consumidores para criar as bases para implementar planos futuros.

Embora não revele números, o CEO afirma que as metas de crescimento da operação de e-commerce da C&A são agressivas. “Entendemos que temos o potencial para ser um player bastante significativo no mundo online porque o somos no offline. Deveria ser natural termos nível de ambição elevada nesse assunto, e estamos fazendo investimentos compatíveis com isso”, garante.

 

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