Demanda por loteamentos tende a se acomodar após boom na pandemia

Segundo executivos do setor, vendas podem cair em relação ao ano passado

11 de fevereiro de 2022Mercado Imobiliário

Sabe aquela história de êxodo urbano, vida no campo e desapego dos grandes centros? Ela ainda faz sentido, mas em uma escala menor do que nos últimos 24 meses. Um bom termômetro da situação é a leitura de executivos que atuam com loteamentos e comunidades planejadas, consultados em uma sondagem do GRI Club realizada entre os dias 3 e 10 de fevereiro. 

Pouco mais da metade dos respondentes (54%) acredita que deve ocorrer uma queda nas vendas de unidades em relação ao ano passado - que, diga-se, foi bastante aquecido no segmento, assim como em 2020. Quase 30% enxergam níveis parecidos nesta mesma comparação, e apenas 15% avaliam que será outro ano de recordes, com ainda mais vendas.

Isso não quer dizer que os lançamentos vão sumir do mercado: 44% afirmam que vão colocar mais projetos este ano do que em 2021, enquanto 27% pretendem tirar o pé do acelerador; o restante crê em volume semelhante ao dos últimos 12 meses. 

A participação do mercado de capitais no financiamento dos projetos também deve ser equivalente ao dos últimos dois anos para quase metade dos executivos - o que não é uma visão negativa, visto que no período também houve marcas inéditas de captação e operações estruturadas. 

Na avaliação do mercado, os preços das unidades tendem a subir acompanhando a inflação (54%) ou mesmo acima dela (16%), o que significará uma valorização real. Ninguém no setor acredita em depreciação nominal - cerca de um terço aponta manutenção dos valores em relação a 2021, o que significará perda real.

Ao contrário do que ocorre no mercado de habitação vertical, no qual boa parte dos investimentos não deve ir para produtos mais baratos, nos loteamentos e bairros planejados há um grande equilíbrio entre os perfis preferidos: segmento econômico, renda média e renda média-alta empataram nas escolhas, com 27% cada. 

O estado de São Paulo mais uma lidera nas preferências para novos projetos, com 64,8% dos votos, seguido por Minas Gerais (19%), Paraná (16%), Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (8%). Também foram mencionados Santa Catarina (5%), Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (1%). 

No campo dos obstáculos, o aumento da taxa de juros lidera (51%), seguido pelas eleições e incertezas políticas (40%), desabastecimento e alto custo da construção (35%) e lentidão dos órgãos públicos na aprovação de projetos (35%). 

O desemprego e a perda de renda da população também aparecem com boa quantidade de votos (24%), reforçando a preocupação dos empresários com a economia. Para 78%, o desempenho do Brasil em 2022 deve ser mais ou menos como foi no ano passado; 19% estão pessimistas e apenas 3%, otimistas.

Por Henrique Cisman