Comércio virtual movimenta segmento de complexos logísticos

Para Mauro Dias (GLP), avanço de companhias como Amazon e Mercado Livre impulsiona o mercado de industrial & logística.

15 de abril de 2019Mercado Imobiliário
A expansão de e-commerces no Brasil, a chegada de companhias físicas no chamado omnichannel e o avanço dos shoppings virtuais, mais conhecidos como marketplaces, devem impulsionar também o segmento imobiliário de galpões e condomínios logísticos. No mês de março, por exemplo, o Mercado Livre anunciou o investimento de R$ 3 bilhões no País – parte desse montante será destinado a operações logísticas. Em 2018, a companhia já havia firmado um contrato de expansão de seu primeiro centro de distribuição em território nacional, uma ampliação de 200%.

"Obviamente, o e-commerce continuará crescendo em representatividade. Se comparamos o Brasil a outros mercados globais, o País ainda está sub-representado. O comércio eletrônico tem um potencial de crescer a um ritmo mais elevado do que o varejo", opina Mauro Dias, presidente da GLP Brasil. Como exemplo, o executivo cita o mercado chinês, onde os canais de compra online dominam mais de 20% da indústria.

Empresa global especializada em instalações logísticas, a GLP é responsável pela instalação do Mercado Livre no Brasil. Com a expansão, a gigante de vendas online passa a ocupar uma área de 51 mil metros quadrados no GLP Louveira VIII, interior de São Paulo.

Em compasso semelhante, em fevereiro passado, a Amazon também anunciou a ampliação de suas operações em terras brasileiras, instalando-se em um novo local, em Cajamar (SP). De propriedade da Prologis, o empreendimento possui 47 mil m², com foco em entregas rápidas para cidades da região Sudeste. “Para oferecer a melhor experiência de entrega, lançamos um novo centro de distribuição, possibilitando a entrega rápida para milhares de produtos”, comentou, à época, em nota oficial Alex Szapiro, country manager da Amazon no Brasil.

Para Mauro Dias, a perspectiva é de que novos complexos sejam instalados também em outras localidades. "São Paulo acaba sendo o maior mercado, com uma resposta mais rápida à evolução do e-commerce e do nível de serviços, mas há um potencial [de novos desenvolvimentos] no País inteiro".

Principais desafios

"A grande barreira para esse crescimento é justamente a logística e o serviço oferecido. Ninguém quer comprar [um produto] e esperar uma semana para recebê-lo. Isso vai demandar que as empresas [de comercialização via internet] estejam preparadas. A Amazon e o Mercado Livre são grandes players, possuem recursos, estruturas, tecnologia e know-how para fazer a diferença nesse mercado, elevando-o para um novo patamar", continua Dias.

De acordo com dados divulgados no último mês pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), as vendas online devem crescer 16% neste ano, atingindo um faturamento de R$ 79,9 bilhões. Segundo o Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), contudo, atualmente as negociações online representam 6% do varejo. "Ao analisarmos a experiência de outros países, vemos que há um grande espaço para continuar expandindo. Sem dúvida, a participação relativa do comércio virtual vai continuar crescendo em nosso portfólio", complementa o executivo da GLP.

Outro desafio para as companhias que atuam no setor imobiliário industrial & logística é o uso da tecnologia para a armazenagem e distribuição, cada vez mais necessário para os locatários. "Em nosso portfólio, há várias empresas que mudaram de estruturas mais antigas para galpões modernos para que pudessem agregar tecnologia e operação em sua operação. Procuramos sempre oferecer, não apenas a localização ou a infraestrutura, mas também um espaço que permita a possibilidade de investimentos de nossos clientes em modernização.

Penetração de grandes varejistas

A migração do varejo físico para o universo conectado, já apontada por Plinio Pereira, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da DHL Supply Chain, em entrevista ao GRI Hub, é outro fator de alto impacto para o mercado imobiliário.

"Acompanhamos essa movimentação e temos, em nossa carteira, empresas de comércio puramente virtual e companhias que possuem lojas físicas e espaços virtuais. Nos últimos anos, tivemos um crescimento muito grande. Em 2016, 19% do nosso portfólio estava ligado ao e-commerce. No ano passado, esse número foi a 35%", confirma Mauro Dias.
 

GRI Industrial & Logística Brasil 2019

GRI Industrial & Logística Brasil 2019

Os avanços e impactos do supply chain sobre o setor de imóveis industriais e logísticos são um dos grandes temas que estarão em discussão no GRI Industrial & Logística Brasil 2019. O evento acontece nos dias 20 e 21 de maio no Centro de Convenções do São Paulo Corporate Towers, na capital paulista.

Além de Mauro Dias (GLP), são esperados para a conferência outros alto executivos que atuam nesse segmento imobiliário, como Max Lima (HSI - Hemisfério Sul Investimentos), Armando Fragoso (Prologis) e Bruno Ackermann (Brookfield Property Group Brazil). Para conferir a programação e como participar, acesse o site do evento.