Com mais de 400 participantes, Brazil GRI celebra 10ª edição

Marco na história do GRI Club no País, evento se consolidou como ponto de encontro dos líderes do setor imobiliário.

13 de novembro de 2019Mercado Imobiliário

O GRI Club realizou nestas terça e quarta-feira (12 e 13 de novembro), no Grand Hyatt São Paulo, o Brazil GRI 2019. A edição – que celebra os dez anos da conferência que deu início à jornada do clube no País – trouxe uma série de importantes discussões para a indústria imobiliária. Tópicos como a retomada econômica e do setor imobiliário, expectativas para 2020, a expansão da participação do mercado de capitais no funding a esse mercado, os segmentos que mais devem se destacar ao longo dos próximos meses e os desafios ao atender os novos consumidores dos diferentes produtos imobiliários dominaram os debates. 

"Olhando essa década que passou, vejo que nos tornamos uma comunidade de lideranças que se propõem a vir, compartilhar negócios e trocar experiências. Nos tornamos um hub do capital internacional que vem para o Brasil. Há amizade entre pessoas que compartilham o mesmo propósito", disse Gustavo Favaron, CEO da GRI Group, na abertura do evento. 


Como parte da comemoração dos dez anos, houve homenagens a profissionais que participam do Brazil GRI desde o início e também a exibição de um vídeo comemorativo, com depoimentos de Adriano Mantesso (Ivanhoé Cambridge), Giancarlo Nicastro (SiiLA), Carlos Martins (Kinea Investimentos), Paulo Almeida Lima (Patrinvest), Renato Rizzo (Ivo Rizzo Construtora e Incorporadora) e Cristiane Mamprin de C. Guerra (BMA Advogados). 

"Logo de cara, gostamos muito da forma de interação do GRI. Planejamos 80 reuniões para esses dois dias do Brazil GRI 2019, algo que maximiza muito nosso tempo. Cada vez mais, temos amigos e clientes aqui", contou Walter Cardoso, presidente da CBRE Brasil e participante ao longo de toda a década, ao dar seu testemunho no palco.

Otimismo ou cautela?

O tom geral do encontro foi animador, marcado por otimismo e perspectivas predominantemente positivas. Entre a maioria dos presentes, ficou patente o sentimento de que a retomada imobiliária, de fato, deve ocorrer com maior vigor a partir de 2020. O público inclusive foi convidado a se manifestar – numa rápida enquete informal – sobre o horizonte nos 24 meses pela frente e a maior parte acenou com expectativa de evolução. Contudo, de maneira geral, observou-se um humor mais favorável entre os players brasileiros do que junto aos estrangeiros – sobretudo os que não têm longa experiência no País. 

Nos dois dias, a conferência começou com um já tradicional painel com investidores internacionais, e, no segundo dia, houve também uma sala de discussão específica sobre a atratividade local a aportes externos, uma das mais concorridas de toda a programação. 

Na sessão do dia 12, participaram como convidados especiais Adam Gallistel, managing director e líder da área imobiliária do GIC (fundo soberano de Cingapura) para as Américas, e Sylvain Fortier, chefe de Investimentos e Inovação da canadense Ivanhoé Cambridge. A moderação ficou a cargo de Henri Alster, chairman do GRI Group. 


Da esquerda para a direita, Henri Alster (GRI Group), Adam Gallistel (GIC) e Sylvain Fortier (Ivanhoé Cambridge) | GRI Club/Flavio Guarnieri
Da esquerda para a direita, Henri Alster (GRI Group), Adam Gallistel (GIC) e Sylvain Fortier (Ivanhoé Cambridge) | GRI Club/Flavio Guarnieri

Gallistel, entre outros pontos, manifestou interesse por ativos distressed no País, mas afirmou não vê-los no momento. Já Fortier revelou apetite por residenciais para renda – considerando uma realidade como a da cidade de São Paulo – e por projetos de gentrificação de áreas urbanas degradadas. Eles ainda falaram sobre temas como proptechs, sustentabilidade e green buildings, e a reconfiguração do segmento de shopping e varejo avançando em oferta de experiências.

Já no segundo dia, foi a vez de Tom Heneghan, CEO da Equity International, Tom Shapiro, presidente e CIO da GTIS Partners, e Paulo Dias, CEO para Sudeste da Europa, África e Brasil do IWG (detentor de marcas como Regus e Spaces), compartilharem seus pontos de vista, com moderação de Gustavo Favaron, CEO do GRI Group.


Paulo Dias (IWG), Tom Heneghan (Equity International), Tom Shapiro (GTIS Partners) e Gustavo Favaron (GRI Group) | GRI Club/Flavio Guarnieri
Paulo Dias (IWG), Tom Heneghan (Equity International), Tom Shapiro (GTIS Partners) e Gustavo Favaron (GRI Group) | GRI Club/Flavio Guarnieri

Shapiro disse considerar este um momento muito especial para o Brasil e Dias revelou os planos de crescimento acelerado de sua empresa no Brasil. Heneghan se mostrou o mais cauteloso dos três, porém contou os elementos capazes de atrair sua atenção para aporte de capital: escala, recompensa adequada pelo risco e bons parceiros locais, munidos de um plano de negócios que faça sentido. 

O mercado de coworking e os episódios polêmicos recentes envolvendo a WeWork também vieram à tona em ambos os painéis. 

Tradicional formato do GRI

Mantendo suas características fundamentais de promover networking de alto nível e discussões sobre os temas mais relevantes ao setor imobiliário, a edição de 2019 do Brazil GRI trouxe mais de 20 sessões temáticas, que se sucederam ao longo de toda a programação em rodadas simultâneas. Entre os assuntos abordados, estiveram as perspectivas para o próximo ano nos distintos segmentos – residencial, loteamentos, escritórios, industrial & logística, hotéis e shopping centers & varejo –, os desafios do mercado, o panorama de investimentos e como será o futuro das vendas imobiliárias. 

O debate que buscou traçar como será o mercado imobiliário em 2020 retratou um sentimento de melhora – sobretudo em São Paulo, mas começando a se dar também no Rio de Janeiro, pautada em indicadores e na percepção dos players. Os impactos dos juros mais baixos da história no País dominaram boa parte da conversa.

O bom momento dos fundos de investimento imobiliário (FIIs), impulsionado principalmente pela queda da Selic, hoje a 5%, transpareceu na alta participação na discussão sobre o horizonte desse tipo de aporte. Concorrida, a sala abordou a evolução e o desenvolvimento desse mercado, a crescente disseminação de informação, e a necessidade de um trabalho educacional cada vez maior com os diferentes públicos investidores, além do potencial de instrumentos como FIIs de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), fundos multimercados e fundos de fundos.


GRI Club/Flavio Guarnieri
GRI Club/Flavio Guarnieri

A maior penetração do mercado de capitais como fonte de funding ao setor imobiliário foi alvo da sala de crédito imobiliário. Nela, foram tratados também o potencial para a Letra Imobiliária Garantida (LIG) deslanchar, os desafios da concessão de crédito no médio e no longo prazos e as recentes reduções de taxas em linhas de financiamento. 

O ramo de shoppings centers & varejo foi outro tema analisado. Entre os pontos discutidos, estiveram a resiliência do segmento no País frente à crise dos últimos anos; a melhora do desempenho dos ativos, com recuperação da taxa de ocupação; e os desafios para projetos greenfield. A jornada do consumidor e os diferentes tipos de personas igualmente foram assuntos abordados. 

O futuro de segmentos como o hoteleiro e de imóveis industriais & logísticos também foram pautas. Para o mercado de hotéis, entre outros aspectos, há percepção de melhora notadamente em São Paulo, mas também sentida paulatinamente em outras praças, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, em termos de ocupação e tarifa. Também ficou patente a expectativa de aumento de presença de marcas lifestyle, que tendem a proporcionar RevPar superior. 

Players do segmento de galpões e complexos logísticos, por sua vez, trataram de novos mercados, oportunidades e desafios frente ao avanço do e-commerce e demanda por novas configurações de espaços que atendam a last mile. No debate, os executivos de real estate puderam trocar ideias e experiências com companhias que atuam em ambiente digital, como
Natura e Ricardo Eletro. O ambiente foi oportuno para falar de novos negócios e potenciais produtos.

GRI Club/Flavio Guarnieri
GRI Club/Flavio Guarnieri

Tecnologia e real estate

Em sessões destinadas a discutir o futuro do mercado imobiliário atrelado a inovações e tecnologia, o Brazil GRI trouxe ricas análises sobre o potencial das 
proptechs e de novas aplicações. Na sala de financiamento e crédito, discutiu-se o advento de novas plataformas de
peer-to-peer lending (empréstimos entre indivíduos) e como ampliar esse mercado.

Outro debate que registrou grande participação foi o dedicado ao futuro da venda de imóveis. Na sessão, falou-se sobre o quanto a tecnologia pode contribuir, via realidade virtual, para proporcionar experiências aos clientes – otimizando o processo de busca por um imóvel e complementando ou mesmo substituindo alternativas tradicionais como estandes, maquetes de apartamentos decorados –, reduzir burocracias, facilitar a geração de leads mais assertivos e também o processo de tomada de crédito. A perspectiva é de que futuramente seja possível oferecer produtos imobiliários customizados a cada cliente, encantando-o com assertividade.

O Brazil GRI teve ainda uma apresentação de
Adevani Rotter, presidente e fundadora da Ação Integrada, sobre 'Comunicação que gera resultado'. Ela ressaltou a importância da comunicação interna nas empresas, de modo a promover engajamento dos colaboradores à estratégia e impulsionar resultados. 

O encerramento da décima edição do Brazil GRI foi dedicado à revolução tecnológica e a como transformar o setor imobiliário em uma indústria crescentemente inteligente e inovadora, com Roberto Prado, CTO da Microsoft Brasil. Além de abordar temas como a presença da inteligência artificial e de outras novas tecnologias que já estão impactando a vida das pessoas, inclusive na indústria de real estate, ele trouxe importantes questionamentos ao público do evento, a exemplo da visão de mundo por parte das companhias, da necessidade de entregas cada vez mais rápidas e de como as mudanças interferem em todas as escolhas.

Participaram desta edição do evento mais de 400 players imobiliários, incluindo nomes como Augusto Martins (
Credit Suisse Hedging-Griffo), Roberto Perroni (Brookfield Property Group), Carlos Calheiros (Tegra Incorporadora), Ken Wainer (VBI Real Estate), Leandro Bousquet (Vinci Partners), Marcelo Hannud (XP Asset), Ron Rawald (Cerberus Capital Management), Joshua Pristaw (GTIS Partners), Marcela Drigo (CPPIB), Armando Fregoso (Prologis), Mauro Rial (AccorHotels), Paulo Gomes (Adia), Ruy Kameyama (BR Malls) e Ricardo Raoul (Paladin).