Imagem de capaKlausner Monteiro, CEO da Alphaville Urbanismo<br />Crédito: GRI Club/ Flavio Guarnieri

Alphaville retoma lançamentos e minimiza saída da Blackstone

Companhia colocará mais de 20 produtos no mercado em 2019-20 e novas mudanças societárias podem vir, diz CEO.

24 de setembro de 2019Mercado Imobiliário
Depois de anos complicados, que exigiram renegociação de dívidas e a suspensão de lançamentos, a Alphaville Urbanismo ensaia retomada. Neste ano, já colocou no mercado quatro novos produtos, prepara outros quatro para este semestre e mais 12 a 15 para 2020. Isso falando apenas nas marcas Alphaville e Terras Alpha. Se considerarmos o Jardim Alpha, voltado à classe média, com lotes menores, a conta deve incluir mais dois ou três projetos, antecipa o CEO Klausner Monteiro">Klausner Monteiro.

Em entrevista ao GRI Hub, concedida durante sua participação no
GRI Loteamentos 2019, ele também comentou – e minimizou – os impactos da recente saída da gigante Blackstone do quadro societário da companhia. E mais: indicou que outras mudanças podem vir pela frente.

Confira a entrevista: 


Como percebe o cenário para o setor imobiliário neste segundo semestre de 2019 e mirando 2020?
O setor tem mostrado uma recuperação depois de alguns anos mais duros, de crise forte, principalmente para loteamentos. Neste ano, já há uma retomada. Não estamos no ritmo pré-crise, mas já observamos sinais melhores. Na companhia, lançamos quatro produtos [em 2019] e estamos com uma velocidade de vendas muito forte. Isso mostra que produtos bem localizados, com preço [adequado] e qualidade têm saída. Acreditamos muito daqui para a frente. Nesse cenário de queda de juros e inflação controlada, cremos em retomada da economia. Por outro lado, os estoques das empresas [do setor] estão muito baixos. Isso faz com que surja demanda por novos produtos. Vemos que, pontualmente, já estão surgindo oportunidades muito interessantes em algumas cidades para loteamentos.

Que tipo de produto é hoje o principal foco da Alphaville Urbanismo para lançamentos?
Temos três linhas de produtos: Alphaville, Terras Alpha e Jardim Alpha. Hoje, nosso mix está distribuído meio a meio entre Alphaville e Terras Alpha, combinação que pretendemos manter. Além disso, estamos agora começando de fato a abrir uma frente mais forte para Jardim Alpha.

A demanda da alta renda tem mostrado resiliência?
Em julho, lançamos um empreendimento de segunda moradia, nosso inicial [nesse segmento], em Guarajuba, litoral norte de Salvador. Trata-se de um empreendimento de alta renda, com lote de 800 m2, [ao preço de] R$ 1500/m2, e vendemos 80% do produto, que custa, em média, R$ 1,2 milhão por lote. Então, alta renda tem demanda. Há que se casar o produto com oferta e localização. Tendo uma combinação boa, existe demanda.   

A Alphaville prevê novos lançamentos no restante deste ano e no próximo?
Devemos ter mais quatro neste semestre e, em 2020, com a retomada da economia, 12 a 15, mantendo o mix de distribuição entre Alphaville e Terras Alpha. 

E para o Jardim Alpha, quais os planos?
Acrescentados a esse número, para Jardim Alpha, estamos com dois a três projetos em fase de aprovação e estudo que devemos lançar no próximo ano. Em função da mudança do consumidor, do perfil da família, percebemos uma demanda grande por esse produto, que é de tíquete menor. Não queremos fazer produto econômico. O Jardim Alpha fica um pouco abaixo do Terras Alpha, mas pega classe média. Na verdade, vemos que se trata do o mesmo consumidor. O perfil do consumidor é que está mudando e ele vem comprando imóveis cada vez menores. Uma tendência que vamos ver no mercado é a redução do tamanho do lote. A dinâmica da família se transformou muito. O número de moradores por habitação saiu de 3.8 em 2000 para 2.8 hoje, com tendência de redução ainda maior. Isso faz com que as casas sejam menores, [refletindo] uma simplificação da vida. O mercado tem de acompanhar isso. 

Localizações premium sempre serão alvo da marca Alphaville ou podem dar lugar aos demais produtos da companhia?
Em localizações mais prime, tendemos a ir com Alphaville. Em localizações não tão prime, estudamos o produto, se será Terras Alpha ou Jardim Alpha. 

A Alphaville Urbanismo atravessou um período crítico recentemente, que exigiu renegociação de dívidas e suspensão de lançamentos. Essa fase ficou para trás?
Passamos dois a três anos sem praticamente nenhum lançamento, mas já os retomamos. Estamos fazendo também uma reestruturação societária e de alavancagem da companhia. Portanto, estamos agora num momento de retomada da empresa e, consequentemente, dos lançamentos. 

A saída da
Blackstone do quadro societário trouxe algum impacto à gestão?
Nenhum; pelo contrário, tem um efeito positivo, pelo fato de o acionista principal da companhia [Patria Investimentos] estar cada vez mais presente, participando mais das decisões e do dia a dia. O Patria está aqui no Brasil, conhece mais nosso mercado e está muito mais próximo da empresa. Isso nos deixa mais seguros e confiantes.

Podemos ver mais alguma mudança societária pela frente?
Podemos. Devemos ter. Ainda não é nada que eu possa comentar, mas é possível haver.

Falou-se muito, há alguns anos, na possibilidade de um IPO da
Alphaville Urbanismo. Isso, olhando para o futuro, é algo que ainda pode vir a se concretizar?
O mercado de IPO, para o setor imobiliário, ainda está com as janelas fechadas. O setor imobiliário como um todo sofreu muito e o investidor olha para ele com dois pés atrás. Com a retomada da economia e da entrega de resultados, e com uma estabilização do mercado imobiliário, vai haver oportunidades para IPO e nós, como companhia, estamos sempre alertas às possibilidades.

Do seu ponto de vista, qual o maior desafio do setor loteador no futuro próximo?
A grande questão do mercado de loteamentos é a redução da taxa de juros, como será esse impacto e de que forma o cliente vai percebê-lo. 

Como vê a agenda que o governo Bolsonaro vem implementando no tocante ao ramo imobiliário, sobretudo via Caixa Econômica Federal – por exemplo, com a introdução de uma nova linha de crédito que usa o IPCA como indexador?
Infelizmente, não temos acesso a esse financiamento da Caixa. Vejo um risco de comparação, pelo consumidor, entre os juros da Caixa e os nossos, e acho ruim alguém do mercado imobiliário começar a fazer a redução dos juros para financiamento porque, aqui na ponta da saída, que são as securitizadoras, ainda não estão sendo diminuídos. Ainda estamos combinando esse momento, Contudo, é algo que deve acontecer daqui para a frente. 


Entrevista concedida à editora-chefe Giovanna Carnio

 

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