SDI trabalha para alavancar investimentos em infraestrutura

Diogo Mac Cord (Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura/ Ministério da Economia) falou dos planos para o setor.

17 de abril de 2019Infraestrutura

Ligada ao Ministério da Economia, a Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura (SDI) defende um "choque brutal em investimentos e em projetos, para atingir o grau de aportes, com um potencial de aumento de cerca de 6% do PIB em um intervalo de dez anos", segundo seu titular, Diogo Mac Cord. Para isso, a SDI está trabalhando em um planejamento macro, avaliando o potencial dos planos setoriais e também revisando alguns projetos já concluídos. 

Em entrevista ao GRI Hub, após o club meeting realizado em 03 de abril pelo GRI Club Infra sobre o planejamento integrado de infraestrutura do governo Jair Bolsonaro, Mac Cord explicou as principais ações da pasta neste início de gestão.


"O que estamos fazendo é uma avaliação das políticas públicas e uma análise econômica dos projetos [já existentes]. Quando um determinado segmento [de infraestrutura] apresenta o seu planejamento técnico de longo prazo, o nosso papel é justamente trazer a provocação – questionar a respeito da diminuição de custos, pensar em preço e demanda, verificar se tem justificativa para existir, entre outros pontos –, e analisar com cálculos. Com isso, elevamos o nível da discussão de políticas públicas, com números. Contra argumentos há sempre outros argumentos, contra as contas, será necessário refazer o cálculo. Trazemos econometria pura para o nível do debate", esclareceu.

Assim como parte dos gestores convidados a integrar a atual administração federal, Mac Cord veio da iniciativa privada. Especialista no setor de infraestrutura e ex-sócio da consultoria KPMG, ele é um dos co-fundadores do projeto Infra 2038 – uma associação criada com o objetivo de impulsionar o Brasil até o ano 2038 a um dos 20 primeiros países no pilar infraestrutura do ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial, o que representaria um avanço de 53 posições a partir de 2017, com a proposta de elevar gradativamente a taxa de investimentos no desenvolvimento do País, atingindo em 2038 a 6,47% do PIB investidos.

"A nossa secretaria seria a materialização do Infra 2038 no setor público. Passamos de um think tank para a implementação e o planejamento para viabilizar o objetivo [proposto]", continua Mac Cord.

Uma meta possível

Ainda de acordo com o secretário, esse plano é possível, a partir do interesse do setor público. "O que precisamos é de vontade política e temos isso. Não há como alguém ser contra um volume de investimentos como esse. Falamos de um aumento potencial de até 6% do PIB em um intervalo de dez anos e a da geração de dois milhões de empregos em 2022."

Na sequência, ele explicou como viabilizar tal aporte. "O que temos que fazer é desenhar um cronograma possível, mas agressivo. Para isso, a atual gestão trouxe especialistas do mercado. Estamos acostumados a correr atrás de metas".

De uma forma macro, a SDI participa do planejamento estratégico e de discussões de desenho de mercado, analisando todos os pontos relevantes, como a viabilização ou comprometimento dos investimentos. "Quando vemos alguma discussão com potencial negativo ou positivo, nos envolvemos de uma forma ampla, nunca projeto a projeto", explicou.

Para o apoio técnico, a secretaria realiza ainda benchmarking das melhores práticas do mercado internacional, a exemplo de Chile, Peru, Colômbia e Reino Unido. "O governo britânico tem uma iniciativa de cooperação com o Brasil, chamada UK taskforce, por meio da qual o Reino Unido se dispõe a transferir uma série de conhecimentos, inclusive business cases, que ajudam na construção das justificativas. Temos ainda outros vários acordos com outras nações."

Nessa análise e planejamento integrados, estarão todos os segmentos. Em uma primeira reunião do secretariado, prevista para ocorrer neste mês, Mac Cord iria mostrar os principais gaps, como transporte logístico e saneamento. Contudo, "isso não significa que um ou outro segmento é mais importante, o objetivo é olhar para todos".

Sobre a interferência direta nos planejamentos dos outros ministérios, como o do Desenvolvimento Regional ou o da Infraestrutura, ele explica que o objetivo da SDI não é revisar o que foi ou está sendo feito. "Não interferimos no planejamento técnico. O que faremos é verificar na carteira de projetos setoriais os potenciais dos diferentes projetos para sugerir uma priorização voltada à maximização do crescimento econômico nacional".

Outro ponto ressaltado pelo especialista diz respeito às mudanças no programa habitacional. Alinhado às declarações de Gustavo Canuto, titular do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), ao GRI Hub, Mac Cord reforçou a importância de revisão do Plano Nacional de Habitação.

Projetos-piloto

Outra frente da SDI é a análise de projetos já realizados. Para avaliar potenciais projetos, o organismo selecionou três empreendimentos específicos – a transposição do Rio São Francisco, o complexo hidrelétrico do Rio Madeira e o Aeroporto de Brasília – de gestões passadas. "Escolhemos esses três projetos por motivos diferentes e, obviamente, por serem desenvolvimentos relevantes, com alocação de recursos públicos altos. Iremos realizar uma avaliação econômica e realista projeto a projeto, depois de implementados."

"O objetivo é fazer uma avaliação do que foi prometido e o que foi entregue. Geraram mais ou menos empregos do que o imaginado? De fato, proporcionou o crescimento econômico regional?", complementou.

As primeiras revisões devem ser concluídas até o fim deste ano. "Depois de desenvolvida uma metodologia, as próximas serão muito mais rápidas."
 

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