Potencial do plano de gasodutos é pauta do GRI Club Infra

Além do planejamento formulado pela EPE, club meeting debateu geração de demanda de gás, ajustes de preço e regulação.

18 de outubro de 2019Infraestrutura

 

O GRI Club Infra realizou em 11 de outubro, no Rio de Janeiro, um club meeting dedicado à análise do Plano Indicativo de Gasodutos (PIG). Elaborado e proposto pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o PIG mapeou 11 projetos potenciais para expansão da malha de transporte de gás natural, totalizando cerca de dois mil quilômetros de novos dutos.

Para enriquecer a discussão, participaram como convidados especiais Aldo Barroso Cores Júnior, coordenador-geral do Ministério de Minas e Energia (MME), José Mauro Coelho,  diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, Marcelo Alfradique, superintendente adjunto da EPE, e Haroldo Prates, chefe de Departamento da Área de Energia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

Entre os players da indústria presentes, estiveram André Leite (Equinor), Roberto Ardenghy (Petrobras), Luciana Rachid (Prumo Logística), Guilherme Penteado (Gás Natural Açu), Bruno Chevalier (Marlim Azul Energia), Antonio Ferreira (Haitong), Mauro Battisti (BNP Paribas) e Mauro Viegas Neto (Concremat).

Do ponto de vista da oferta, discutiram-se as perspectivas da produção de gás a partir dos avanços exploratórios nas bacias de Campos, Santos, Sergipe e Alagoas. Em meio aos pontos levantados, foram abordadas as expectativas de duplicação da produção de gás em um período de dez anos e a previsão de que as três rotas existentes, uma delas ainda em construção, terão atingido sua capacidade máxima em alguns anos. 

Flexibilidade a investimentos

Outro ponto analisado na reunião foi o caráter menos impositivo proposto pelo PIG ao planejamento dos investimentos. O PIG surgiu em substituição ao Plano Decenal de Expansão da Malha de Transporte Dutoviário (Pemat), autorizado por meio do decreto nº 9.616, de 2018. Enquanto o plano anterior tinha caráter determinativo, o novo é indicativo, deixando maior liberdade aos entes privados para direcionarem seus investimentos da forma que julgarem mais estratégica.

Um contraponto que foi levantado pelos operadores nesse cenário mais flexível foi a incerteza quanto aos gasodutos que serão efetivamente desenvolvidos. Nesse sentido, esses players esperam que Ministério de Minas e Energia (MME) assuma a coordenação entre interesses e necessidades de operadores para que mesmo os poços mais isolados tenham alternativa de escoamento.

A respeito do Plano Indicativo de Processamento e Escoamento de Gás Natural (Pipe), falou-se no club meeting sobre as possibilidades consideradas mais viáveis e estratégicas para a expansão da malha. 

Geração de demanda

Considerando que metade da produção atual é destinada à geração termelétrica, o crescimento coordenado da demanda foi outro assunto em debate. O leilão desta sexta-feira (18 de outubro), com 26 projetos termelétricos habilitados, recebeu especial atenção.

O entendimento é de que, embora a geração de energia seja uma primeira âncora de demanda, essa não será suficiente. Portanto, em conjunto com o BNDES, a EPE vem mapeando o potencial elétrico e industrial – o que engloba setores produtores de fertilizantes, metanol para biodiesel, vidro e siderurgia, por exemplo – de absorção da oferta de gás, com o objetivo de identificar possíveis polos de consumo. Ou seja,compreende-se a importância de se definirem âncoras fortes de consumo para levar o gás a novas regiões. 

Segundo estudos do BNDES, uma quantidade expressiva de empresas já teria interesse em consumir gás mesmo pelo preço atual; porém, não conta com mais de distribuição. Uma alternativa é a distribuição remota como forma de induzir a expansão da rede, ou seja, inicialmente, se fornece o produto por transporte terrestre, até a consolidação de uma demanda que justifique investimento na rede. 

Ajustes tarifários

Os players presentes ao club meeting do GRI Club Infra mencionaram ainda que o desenvolvimento da demanda vai depender de preço que, por sua vez, resulta de fatores técnicos – como distância e profundidade do combustível, e índice de CO2 do gás – e tributação. O custo da molécula equivale hoje a 46% do preço total. Portanto, é importante fazer uma diferenciação entre custo e preço. Quando se fala em chegar à faixa entre US$ 2 e US$ 6 por milhão de BTU (unidade de poder calorífico), a proposta é referente ao custo da molécula e não ao preço para o consumidor.

Segundo o que foi relatado no meeting, o MME vem avançando em conversas com os estados para eliminar barreiras tributárias e viabilizar o compartilhamento da infraestrutura de transporte.

O gás natural veicular (GNV) também é visto como uma solução de demanda. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, as concessões de ônibus em fase de renovação devem exigir que as frotas sejam revertidas a GNV.

Outros importantes tópicos para o desenvolvimento do setor na pauta do encontro foram o novo marco legal do gás, atualmente em análise no Congresso, e o trabalho do BNDES em privatizações de companhias públicas e modelagens para uma solução para regaseificação e escoamento. 


 

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