Octavio de Barros: mercado começa a retomar confiança

Segundo ex-economista-chefe do Bradesco, inflação e juros devem diminuir até final de 2017, beneficiando setor produtivo.

5 de janeiro de 2017Infraestrutura

A confiança – palavra que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, repete como um mantra, por entendê-la como principal vetor para a retomada da atividade econômica no Brasil – parece estar voltando de fato. Números e análises apresentados por Octavio de Barros, ex-diretor de Pesquisas Macroeconômicas e ex-economista-chefe do Bradesco, confirmam a tese. Se, por um lado, as projeções feitas pelo economista não alimentam o sonho de um novo ciclo de crescimento vigoroso, ao menos apontam para uma melhora relevante de aspectos fundamentais ao mercado imobiliário.

Presente a um club meeting realizado pelo GRI no mês de outubro em São Paulo, Octavio indicou que o PIB nacional deve agora recobrar a trajetória de expansão, embora com certa timidez. Cálculos do banco apontam para uma evolução de 1,5% em 2017 e de 3% ao ano entre 2018 e 2020.

Mesmo que esteja se desenhando essa melhora, repetir o maior nível de atividade econômica nacional, alcançado em março de 2014, é algo que não deve acontecer antes de 2021. O cenário global não ajuda.

"Neste quadro de estagnação duradoura da economia mundial, o crescimento sustentável do País dificilmente vai ser de 4% ou 5%. Isso é coisa do passado", afirma ele.

Inflação e juros

Segundo Octavio de Barros, vamos ver melhoras em breve em dois aspectos cruciais para o setor produtivo: inflação e juros. Ambos tendem a diminuir significativamente até o final de 2017.

O economista espera que a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), feche 2017 com alta acumulada de 4,9% e termine 2018 um pouco mais amena, em 4,5% ao ano – menos da metade dos 10,7% computados ao final de 2015.

Com isso, são elevadas as chances de a taxa básica de juros (Selic) cair para um dígito em meados de 2018, beirando 9,75% ao ano – ou seja, 4,5 pontos percentuais menor do que o patamar que vigorou entre julho de 2015 e setembro de 2016 (14,25%).