Implementação do 5G no Brasil: executivos apontam próximos passos e desafios

Discussão em torno do 5G e smart cities já movimenta estratégias dos principais players de infraestrutura

4 de outubro de 2022Infraestrutura

Desde julho de 2022, o 5G no Brasil já é uma realidade. Ainda que a previsão para alcançar todo o país seja dezembro de 2029, a discussão em torno de smart cities já movimenta estratégias dos principais players de infraestrutura. 

Com o intuito de pensar e debater iniciativas e modelos de financiamento em projetos de cidades inteligentes, executivos sêniores se reuniram em um Club Meeting, no último dia 29, em São Paulo. O evento contou com a participação de empresas privadas e membros do governo. 

Confira abaixo alguns dos principais pontos levantados durante a reunião.

Metas e plano de ação 

O conceito de cidade inteligente está atrelado a três objetivos centrais: desenvolvimento econômico, sustentabilidade e qualidade de vida dos cidadãos. A implementação de “mais tecnologia” ou não, é algo que traz muito debate, mas com o surgimento do 5G, juntamente com a crescente disrupção do IoT (Internet das Coisas) na última década, o fator tecnológico tornou-se incontornável. 

Para a convidada especial Maria Estella Dantas, secretária executiva do Ministério das Comunicações, o papel do ministério está em definir a estrutura e o incentivo para a construção de cidades inteligentes. Por isso, segundo ela, o leilão para a concessão de operação 5G  foi de caráter não arrecadatório, possibilitando colocar em primeiro plano o potencial de smart cities

Alguns dos avanços da pauta 5G provenientes da decisão, segundo Dantas:  

  • Até 2029:

    • Levar 5G a todas as sedes de municípios* do Brasil; 

    • Levar 5G para 1.700 localidades não-sedes de municípios;

    • Levar 4G para mais 7.400 localidades; 

    • Levar 4G para 35 mil km de rodovias federais.

  • Implantação de redes de fibra óptica em 530 cidades (até 2026); 

  • Investir R$ 3.1 milhões em escolas para educação conectada; 

  • Investir R$ 700 milhões na aceleração da infraestrutura de telecomunicações com prioridade na educação – orçamento do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust).

* Localidade com o mesmo nome do município a que pertence (sede municipal) e onde está sediada a respectiva Prefeitura.


Desafios econômicos e novos horizontes legais 

Do ponto de vista do Ministério da Economia, para alavancar as cidades inteligentes e o 5G, a prioridade será melhorar a financiabilidade e as condições de ambientes de negócios. Para Fabio Ono, subsecretário do Ministério da Economia, é também necessário desburocratizar legislações municipais para a instalação de antenas 5G. 
“Ainda temos ao menos 6 capitais com problemas sérios de comunicação e legislação defasada. Não é apenas papel do governo federal conseguir transformar um município em uma cidade inteligente, mas também viabilizar a relação com o setor privado em um ambiente de negócios favorável”, disse.

A Nova Lei de Licitações (14.133/2021) também foi ressaltada na discussão, uma vez que possui uma série de dispositivos que permitem aquisições de tecnologia com diálogos competitivos que ainda podem ser muito explorados. Outros avanços regulatórios importantes e trazidos como destaque foram o Marco Legal das Startups e a Lei de Governo Digital

Membros do clube também discutiram os desafios a nível municipal no contexto brasileiro: as cidades dependem consideravelmente do Governo Federal e do Estado. Um trabalho conjunto no sentido de consolidar a integração entre os entes torna-se urgente para desbloquear o potencial das cidades.


Ensino, pesquisa, extensão e inovação 

Para Marcelo Zuffo, Professor, e Coordenador-Geral do InovaUSP, a sinergia entre pesquisa no setor público e as alianças privadas no que tange à inovação nas cidades é fundamental. “Se não fosse o ITA, não teríamos a Embraer. Se não fosse a UFRJ, não teríamos a Petrobrás. Nós precisamos ter outro patamar de engajamento que seja fruto de investimento público e privado, para que o Brasil destrave o seu potencial nas cidades”, afirma. 

O professor trouxe como exemplo o recente projeto de semáforos inteligentes. No momento, foram instalados oito semáforos no Campus da USP, com inteligência artificial de redes neurais.  O projeto está sendo financiado pelo BNDES, com apoio da Deloitte. “A ideia é transformar o campus numa espécie de ‘bairro experimental’ onde serão testadas tecnologias de internet das coisas instaladas em semáforos e em automóveis”, explica o professor.


Considerações finais

Para muitos executivos, o Brasil tem sido historicamente bem-sucedido no avanço de IoT e na indústria 4.0 para a melhoria de cidades, destacando-se mundialmente em awareness na utilização de tecnologias disruptivas. Apesar dos desafios legais (municípios dependentes e burocratização), todos parecem concordar que será necessário uma sinergia entre setores público e privado. O ensino, a pesquisa, a extensão e a inovação de instituições públicas também terão  papel fundamental. 

 
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Por Lucas Brancucci