Expectativas para a infraestrutura brasileira em 2018

GRI consultou executivos de companhias como Brookfield, Vinci Partners e Aegea.

25 de janeiro de 2018Infraestrutura

O GRI ouviu alguns dos mais importantes líderes de infraestrutura no Brasil sobre o que esperam para o setor ao longo deste novo ano. Acompanhe:

 

José Guilherme Souza, senior partner e head de Investimentos em Infraestrutura da Vinci Partners

“Por conta do contexto eleitoral no Brasil, o setor de infraestrutura já está sendo impactado e assim deve continuar até o segundo trimestre de 2018, quando teremos uma maior definição.

Acredito que o segmento elétrico deve impulsionar os investimentos, seguido pelo de saneamento, que já conta com importantes progressos.

Em um horizonte de médio prazo, vemos perspectivas positivas, de um crescimento substancial em infraestrutura. Nesse sentido, nos próximos dois anos, a Vinci Partners deve dobrar os investimentos no setor, passando de R$ 2 bilhões a R$ 4 bilhões, com foco em transmissão e geração de energia elétrica, aeroportos e saneamento básico.”

 

Renato Proença, diretor executivo da Divisão de Holdings da Previ

“Estamos bastante otimistas de que 2018 será um ano de recuperação no Brasil. O crescimento da economia tende a se refletir direta e positivamente no setor de infraestrutura. Há perspectivas de oportunidades importantes nos modais de rodovias e, eventualmente, em aeroportos, além do segmento de energia, que continuará a ser um dos prioritários.

O desafio será obter fontes de financiamento de forma diferente do passado. O BNDES tem coordenado um movimento na busca de fontes alternativas que possam compor a necessidade de investimento. Havendo condições mínimas, os fundos de pensão poderão atuar no incremento aos investimentos em infraestrutura.

Para a Previ, o setor como um todo continua sendo prioridade, com predisposição de continuidade de investimentos, menos em equity e mais em dívida, contribuindo para  o desenvolvimento de projetos por meio de financiamentos de longo prazo e com o benefício de ter remuneração compatível com nossos objetivos.”

 

Eduardo Centola, managing partner e co-CEO do Banco Modal

“Para 2018, esperamos que o cenário de volatilidade de 2017 se mantenha, dado que será um ano eleitoral no Brasil. Resta-nos ainda saber se os grandes projetos do PPI [Programa de Parceria de Investimentos do governo federal] serão de fatos lançados. Contudo, acredito que a economia e o apetite dos investidores externos continuarão numa trajetória crescente.

Creio que os investidores chineses estão muito menos preocupados com o impacto dessa volatilidade de curto prazo. Se analisarmos 2017, grande parte dos investimentos anunciados foi brownfield ou greenfield, o que representa um comprometimento de aportes em 2018 e nos anos seguintes. Teremos uma continuidade do fluxo, seja pelos aportes desses compromissos ou por novos projetos.

Para o Banco Modal, vejo 2018 de forma muito otimista. Temos parcerias com as mais importantes empresas chinesas do setor, além de estarmos envolvidos como assessores financeiros e coinvestidores em projetos estratégicos aos dois países. Esperamos em breve oferecer contratos futuros diretos para commodities e moeda Brasil-China, assim como continuar trabalhando em produtos e estruturas que permitam uma troca direta BRL-RMB.”

 

Marcos Almeida, managing partner da Brookfield Infrastructure Partners

“A Brookfield tem uma longa história de investimentos em Infraestrutura no Brasil. Hoje, administramos cerca de R$ 60 bilhões em ativos no País, dos quais R$ 21 bilhões em infraestrutura.

Como investidores de longo prazo, sempre acreditamos no grande potencial de desenvolvimento da Infraestrutura no Brasil. Nossas perspectivas para 2018, portanto, são de continuarmos aplicando um grande volume de capital no País.”

 

Ricardo Antônio Mello Castanheira, diretor vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo CCR

“Para 2018, acreditamos em crescimento para a CCR. A infraestrutura representa o grande gargalo do desenvolvimento e, por isso, vemos grandes oportunidades de participação em concessões, PPPs ou outros formatos de parceria, dentro e fora do Brasil, nos mais variados segmentos.

No Brasil, o governo tem sinalizado com novos leilões de rodovias e aeroportos, os quais são de grande interesse para a CCR. Portanto, havendo sinergia e estando adequados aos modelos de negócio e investimentos da companhia, participaremos dos processos licitatórios.”

 

Hamilton Amadeo, CEO da Aegea Saneamento

“Nossa perspectiva para 2018 é moderada, em função das incertezas que virão como decorrência do processo eleitoral no Brasil. Entretanto, temos expectativas muito positivas em relação à manutenção da agenda de reformas tocada atualmente pelo governo federal, que deve resultar na retomada de um bom ritmo de desenvolvimento para o País e na preparação da empresa para as situações que se manifestarão após a conclusão das votações.

Em relação aos projetos que virão ao mercado, será um ano morno. De todo modo, destacamos a importância da continuidade das iniciativas do PPI via BNDES e dos esforços da Caixa Econômica Federal para apoiar as prefeituras em PPPs.

Para a Aegea, 2018 deverá ser um período para cuidar do amadurecimento das concessões que operamos. Pretendemos incrementar em até 50% o nível de investimento anual, estendendo a cobertura dos serviços e antecipando metas contratuais. Ainda assim, estaremos atentos a qualquer oportunidade que possa a vir ao mercado.”

 

Reynaldo Passanezi Filho, presidente da ISA CTEEP

“Estamos otimistas em relação ao próximo ano. O setor elétrico foi o que mais avançou em infraestrutura no Brasil e está em um momento positivo de transformação regulatória e institucional, o que favorece o investimento privado. Há mais oportunidades para os agentes econômicos e um aparato regulatório menos centralizado.

Particularmente no setor de transmissão, esse cenário nos permitiu a retomada dos investimentos em leilões em 2016 e 2017. Em 2018, deveremos continuar ativos nesse processo, sempre com atenção à segurança jurídica.”