Energia eólica offshore é assunto de debate entre players do setor

Discussões aconteceram durante evento do GRI Club e a se voltaram para os impactos de decreto do governo

28 de abril de 2022Infraestrutura
Na última quarta-feira, 27 de abril, o GRI Club realizou o Club Meeting (CM) “Geração de energia eólica offshore” no escritório da Trench Rossi Watanabe, em São Paulo (SP). O encontro foi uma excelente oportunidade para nossos membros discutirem os próximos passos em relação à regulação, ao financiamento e às tecnologias no setor.
 
Essas questões são de particular interesse no momento em virtude do Decreto Federal nº 10.946/2022. A normativa estabelece e regulamenta as diretrizes para a geração de energia elétrica em empreendimentos offshore, em especial em relação ao uso do espaço marítimo e aproveitamento dos recursos naturais. Com a publicação do decreto, espera-se uma maior segurança regulatória envolvendo o desenvolvimento de projetos desta natureza.


Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club

A proposta do CM foi discutir a exploração comercial das centrais geradoras de energia eólica offshore no regime de produção independente de energia ou de autoprodução de energia;  os objetivos dos contratos de cessão; os modelos de financiamento; e os principais avanços possibilitados a partir do decreto supracitado.

O evento contou com a participação de Roberto Martins (sócio, Trench Rossi Watanabe), moderador do debate, e dos convidados especiais Élbia Gannoum (presidente, Associação Brasileira de Energia Eólica - ABEEÓLICA), Gustavo Ponte (superintendente adjunto, DEE\SGE, Empresa de Pesquisa Energética – EPE), Joaquim Leite (ministro, Ministério do Meio Ambiente), Marcello Cabral (secretário adjunto de planejamento e desenvolvimento energético, Ministério de Minas e Energia) e Vitor França (assessor, Agência Nacional de Energia Elétrica do Brasil – ANEEL). Vamos rever abaixo alguns dos principais pontos de discussão.

O offshore no Brasil e no mundo

Em caráter de reflexão e otimismo, os convidados ressaltaram a importância do Brasil no cenário global de transição energética. O país hoje dispõe de uma oportunidade para transformar a energia eólica offshore em hidrogênio verde e, com isso, tornar-se uma segurança energética. Além disso, chegou-se à marca de 22 GW de capacidade instalada de energia eólica e há estudos que indicam que o Brasil deve arrecadar mais de 200 bilhões em investimento de energia eólica. Tal perspectiva implica avanços positivos em outros âmbitos, como a estimativa de geração de 160 mil novos empregos diretos e indiretos.  
 
O licenciamento de parques eólicos offshore no país possui 103 GW de potência em cadastro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Atualmente, existem 55 projetos solicitados, os quais representam 45 GW e dizem respeito a processos abertos no IBAMA até 20 de abril de 2022. A fim de analisar tudo o que está envolvido nesses processos, o órgão realizou um estudo de avaliação de impactos de complexos eólicos offshore, em que comparou dados do Brasil com os de países europeus, como Espanha, Dinamarca, Reino Unido e Portugal.
 
Os participantes do debate observaram que a estruturação e a implementação de soluções offshore não será imediata. Embora o tema esteja em evidência – foi tratado, por exemplo, na última COP26 – e os investimentos tenham aumentado significativamente, ainda há muito a ser feito. O principal passo, no entanto, foi dado: reconhecer a necessidade urgente e mandatória de redução das emissões geradas por combustíveis fósseis em nível global. Nesse contexto, estima-se que o Brasil se torne o país com melhor custo de energia offshore do mundo, com potencial de produção de 700 GW, o que lhe conferiria o lugar de referência internacional na exportação de energia no futuro.
 
Afirmou-se, ao longo das conversas, que “a offshore é uma nova tecnologia e, ao investir nela, investe-se na geração de novos negócios, no desenvolvimento e na diversificação da matriz energética”. A offshore, portanto, é considerada uma alternativa viável que virará realidade no mundo.
 
Por último, a relevância do Brasil nos próximos anos pode ser expressiva, haja vista a capacidade de exportação de energia limpa e renovável em escala. Mesmo com os custos mais elevados da tecnologia offshore diante de outras opções atualmente, isso não é impeditivo, considerando que pode haver incentivos para a aceleração da sua implementação, como ocorreu no caso do onshore.

Próximos encontros  

O GRI Club e seus membros continuam comprometidos na busca pelo desenvolvimento de novos projetos e iniciativas no setor energético. A fim de aprofundar questões relacionadas ao crescimento dessa indústria de enorme potencial no país, haverá dois grandes debates nas próximas semanas.
 
No dia 11 de maio, ocorrerá uma sessão simultânea – “Brazil renewables” – no maior evento de infraestrutura e energia da América Latina: o Latam GRI Infra & Energy 2022. Por sua vez, no dia 14 de junho, será realizado o Club Meeting “Mercado livre de energia: regras claras podem garantir a expansão do mercado?”.
 
11 de maio
 
Veja mais informações sobre a sessão “Brazil renewables” e inscreva-se aqui.
 
14 de junho

Confira mais informações sobre o Club Meeting “Mercado livre de energia: regras claras podem garantir a expansão do mercado?” e inscreva-se aqui!

Confira abaixo fotos do evento!


Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club


Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club


Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club


Foto: Flávio Guarnieri/GRI Club

Por Lucas Badaracco