Digitalização promove mais eficiência nos parques eólicos

Confira artigo de Rafael Paniagua, presidente da ABB Brasil e membro do GRI Club Infra.

25 de março de 2019Infraestrutura

A energia eólica limpa e renovável continua a crescer à medida que os países buscam reduzir as emissões de dióxido de carbono. No Brasil, a capacidade instalada de energia eólica já ultrapassou a marca de 14 GW, potência superior à da binacional Itaipu, maior hidrelétrica da América Latina. Acrescente a esse montante os 4,33 GW já contratados, em construção ou em projeto, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Nesse ritmo, o Brasil tem tudo para se tornar a 8ª maior potência instalada em geração eólica até 2026, como já apontou um estudo da consultoria A.T. Kearney.

Para acompanhar essa evolução, será essencial aos operadores de parques eólicos melhor tempo de operação de turbinas, com altas taxas de confiabilidade e disponibilidade. O tempo de inatividade não programado em uma turbina terá um impacto significativo na geração de energia, receita e lucratividade.

A digitalização pode ajudar a aumentar o rendimento energético e reduzir os custos, ao permitir a manutenção baseada em condições de maior previsibilidade.

Parques eólicos, instalados no Brasil ou em outros países do mundo, estão frequentemente localizados em regiões montanhosas ou no mar, para capturar as condições de vento mais favoráveis. Como o deslocamento até esses sites é difícil, os serviços de suporte remoto baseados em tecnologia digital podem desempenhar um papel importante na manutenção das turbinas.

A digitalização permite que os dados sejam adquiridos do sistema de controle do conversor, com amostragem em intervalos de milissegundos, bem como de sensores montados no gerador e no transformador. Os dados são transmitidos via Internet para uma plataforma segura na nuvem, onde são armazenados e processados em tempo real, usando algoritmos e análises inteligentes.

Essas análises realizam diagnósticos e possibilitam que os principais indicadores de desempenho sejam continuamente monitorados, proporcionando ao operador do parque eólico visibilidade do gerador, do conversor e do transformador.

Utilizando os novos serviços remotos, os operadores de parques eólicos podem passar de programas de manutenção corretiva e preventiva para estratégias proativas. Isso proporcionará economia em manutenção, além de aumentar o tempo de operação das turbinas.

Um exemplo prático é o uso de algoritmos na plataforma em nuvem para detectar se uma turbina está desenvolvendo algum defeito. Neste caso, o operador poderá tomar medidas para proteger a turbina, ativando o modo de priorização de energia e a turbina com defeito passará para um modo de operação reduzida. Isso ajudará a evitar estresse excessivo e desgaste acelerado dos componentes. Ao mesmo tempo, o parque eólico pode continuar com a operação estável, atendendo aos requisitos da rede e gerando receita. Enquanto isso, a manutenção é planejada para remediar a turbina defeituosa com tempo de inatividade mínimo e segurança máxima.

O aumento da importância da energia eólica em comparação com outras fontes vem atraindo empresas e investidores e os serviços de suporte remoto ajudarão os parques eólicos a impulsionar a produção anual de energia e a reduzir os custos de produção. Isso tornará a energia eólica mais competitiva em relação aos combustíveis fósseis, levando a um aumento na parcela de energia produzida de maneira limpa e sustentável.


Por Rafael Paniagua, presidente da ABB Brasil e membro do GRI Club Infra


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