Ciclo de expansão deve destravar setor de infraestrutura

Para Gesner Oliveira, da GO Associados, existência de demanda reprimida contribui para um quadro positivo.

29 de março de 2019Infraestrutura

O esperado investimento em infraestrutura no Brasil, fundamental para alavancar o País e suas mais diversas indústrias, pode finalmente decolar durante a gestão Jair Bolsonaro. Para Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, "há um conjunto de fatores favoráveis e o ambiente de negócios deve melhorar".

Na visão do  economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP), a reforma da Previdência – considerada prioritária para acelerar os motores da economia brasileira, incluindo o setor de infraestrutura, e atualmente em discussão na Câmara dos Deputados – deve avançar ainda na primeira metade de 2019.

"Como percebemos, a tramitação não será fácil, mas está bem encaminhada e há chances de aprovação no primeiro semestre do ano", declarou ao GRI Hub, durante sua participação no GRI Escritórios Brasil 2019, evento realizado no dia 14 de março na cidade de São Paulo.

Para Oliveira, apesar dos percalços, um dos fatores positivos rumo a avanços é o fato de a orientação econômica definida pela gestão federal ter clareza em suas diretrizes. "A equipe escolhida é bastante homogênea, tem um perfil liberal e uma política econômica clara".

Necessidade de investimentos

Outro ponto ressaltado pelo especialista é o fato de existir uma demanda reprimida nos mais diversos segmentos da infraestrutura brasileira, o que faz com que o setor seja crucial para a retomada do crescimento econômico.

Na análise a respeito das pautas dessa indústria versus a agenda do governo federal para os próximos meses, o panorama também se mantém positivo, principalmente em vista do que já foi feito nos primeiros meses da nova gestão.

Divulgado no final de março, o Termômetro do GRI Club Infra corrobora a fase de bom humor. A pesquisa, realizada desde 2015, registrou na mais recente apuração seu resultado mais favorável em três dos quesitos abordados: perspectiva de performance das companhias, perspectiva de desempenho do setor e expectativa para a economia.

No momento da consulta, 64,4% dos entrevistados disseram acreditar que a performance do setor como um todo tende a ser positiva no ano pela frente. Quanto à economia brasileira como um todo, o Termômetro do GRI registrou um salto de 40,2% há seis meses para 85,3% agora dos que entendem que o PIB nacional deve registrar significativa evolução no futuro próximo.

Designações técnicas

Para o especialista, a assertividade do governo federal ao escolher perfis técnicos – a exemplo do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que atuava como secretário de Coordenação de Projetos na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e assumiu o novo ministério – é outro indicador importante.

"O PPI foi um avanço fenomenal, muito bem estruturado [durante a gestão de Michel Temer]. Este governo deu um passo além ao nomear um profissional [do programa] para o Ministério de Infraestrutura. Tarcísio de Freitas é uma pessoa extremamente técnica e está no lugar certo", afirmou.

Nos últimos dias, o ministro tem sido apontado como um dos preferidos de Bolsonaro, visto o volume de publicações dedicadas ao setor de infraestrutura no Twitter do líder brasileiro. O prestígio se deve, principalmente, às recentes concessões de portos e aeroportos à iniciativa privada, cujos leilões foram realizados nas últimas semanas, com sucesso.

Racionalização de recursos

Igualmente valorada pelo especialista é a possível fusão entre a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). "Essa junção faz todo o sentido e sou favorável ao máximo de racionalização dos órgãos públicos".

Para avaliar a possibilidade da união, o Ministério da Infraestrutura deve criar um grupo de trabalho. Tarcísio de Freitas já anunciou publicamente ser a favor de tal rearranjo.

Na mesma orientação, Gesner Oliveira pontua como fundamental o avanço na tramitação de uma legislação para as agências reguladoras. "Do ponto de vista regulatório, o PL das agências reguladoras [Projeto de Lei 6621/2016], que não tem avançado, é fundamental na perspectiva de integrar, racionalizar e tornar as agências mais independentes e com excelência técnica".

Conforme já apontado em reportagem do GRI Hub sobre os desafios do setor de infraestrutura na América Latina, uma evolução nessa direção traz segurança a novos investimentos. "O investidor sente-se mais seguro se souber que quem vai decidir as tarifas é alguém imparcial e técnico. As empresas estão preparadas [para aportar no País]", confirmou Gesner Oliveira.

"O esforço de desburocratização também ajuda muito porque diminui o espaço para a corrupção e a morosidade. Estamos em um caminho interessante e promissor", concluiu.

Infra Latin America GRI 2019



Temas prioritários para novos projetos brasileiros estão na agenda do GRI Club Infra ao longo de todo o ano, e também no Infra Latin America GRI 2019. Além de discussões regionais, a quarta edição do evento traz pautas específicas para o País – como o financiamento do setor e novas oportunidades no segmento rodoviário.

A conferência do GRI acontece nos dias 16 e 17 de maio no The Roosevelt Hotel, em Nova York, com o objetivo de gerar discussões ricas em busca de soluções que promovam o desenvolvimento da infraestrutura na América Latina. Confira a agenda completa.