Aena busca crescimento intenso no Brasil nos próximos anos

Empresa vê Brasil como o país mais interessante da América Latina para projetos de infraestrutura de transporte aéreo.

12 de junho de 2019Infraestrutura
A espanhola Aena, que acaba de aterrissar no Brasil, tendo arrematado o bloco Nordeste – composto pelos aeroportos de Recife, Maceió, Aracaju, João Pessoa e Juazeiro do Norte – em leilão realizado em março, tem planos ambiciosos para o País.

"O Brasil é a oitava economia mundial, a maior da América Latina – com grande diferença em relação às demais – e o quinto maior país do globo em área e população. Além disso, tem um importante trabalho de desenvolvimento do transporte aéreo por realizar. Esses elementos, ao lado das incipientes políticas de liberalização do mercado de transporte aéreo, fazem do Brasil, atualmente, o país mais interessante para desenvolvimento de projetos de infraestrutura de transporte aéreo", declara a companhia, por meio de sua subsidiária Aena International ao GRI Hub. "A Aena é a operadora que mais cresceu na Europa e no México nos últimos cinco anos e tem o know-how e a experiência necessários para fazer o mesmo no Brasil", adiciona.
 
A empresa participou da segunda rodada de concessões aeroportuárias e analisou a possibilidade de tomar parte em outras, mas foi na quinta que efetivamente decidiu fincar bases em território brasileiro. Isso porque as circunstâncias se mostraram mais adequadas e a estruturação da concessão foi diferente das anteriores, mais alinhada com o critério estratégico da companhia – sem falar nas características específicas do bloco arrematado, que agradaram.

Ao lado da Europa, a América Latina é hoje o foco geográfico principal da estratégia de expansão da estatal espanhola. A palavra de ordem para sustentar o crescimento futuro é diversificação de mercados, priorizando os de grande porte. A companhia, que está presente na região latino-americana também no México (12 terminais), na Colômbia (2) e na Jamaica (2), não nomeia outros países prediletos, mas ressalta que os mais atrativos são os "que focam o desenvolvimento do transporte aéreo e a entrada de capital privado, e que oferecem segurança jurídica suficiente".

Sexta rodada e Viracopos

Com relação a planos futuros para o Brasil, questionada a respeito da sexta rodada de concessões aeroportuárias – que abrangerá 22 terminais situados nas regiões Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste e está programada para 2020 – e do novo processo de concessão do Aeroporto Internacional de Viracopos, a Aena adota uma postura cautelosa e apenas reporta monitorar ambos os processos.

"A Aena está sempre analisando oportunidades de desenvolvimento internacional existentes no mercado que possam ser incluídas em seu plano estratégico. Isso inclui as próximas oportunidades anunciadas pelo governo do Brasil [na sexta rodada], uma vez que os estudos de estruturação, que apenas começaram, estejam concluídos", sinaliza a companhia.
 
Já quanto a Viracopos, a Aena destaca que se trata de um dos principais do País, dotado de novas infraestruturas e ampla capacidade. "Porém, no momento, essa concessão se encontra numa situação muito complexa", pondera.

Bloco Nordeste

A prioridade da Aena no Brasil, por ora, é mesmo o bloco Nordeste, apreciado por sua participação no tráfego aéreo turístico, segmento em que a empresa tem relevante atuação global. Apenas na Espanha, 134 milhões de turistas passaram por aeroportos da estatal em 2018.
 
Para a Aena, os terminais do bloco Nordeste compõem um relevante corredor turístico nessa área geográfica brasileira e têm proeminência em seus estados. Contudo, indubitavelmente, é o terminal de Recife a peça-chave do grupo, pelo potencial de se tornar um grande hub de voos entre América Latina e Europa.
 
"A Aena é líder no tráfego que conecta Europa e América Latina e opera dois dos principais hubs europeus: Madri e Barcelona. Portanto, nossa experiência, o desenvolvimento da infraestrutura de Recife, sua localização e o suporte de autoridades federais, estaduais e municipais devem consistir uma boa base para o desenvolvimento de um hub intercontinental", indica a gigante espanhola.
 
Não à toa, a empresa topou desembolsar um ágio de mais de 1000% sobre o preço inicial estipulado para o bloco, alcançando R$ 1,9 bilhão pela concessão de 30 anos – um preço que avaliou como "adequado" na disputa com os demais finalistas do leilão, Patria-Blackstone e Zurich Airports. "Entendemos que a oferta mínima, baixa, estava mais relacionada à intenção do governo brasileiro de promover a participação e a competição no leilão, evitando barreiras de entrada no início dos estudos por potenciais proponentes", analisa a companhia.
 
A Aena também explicou ao GRI Hub que, ainda que tenha decidido usar recursos próprios para suprir os requerimentos de capital mandatórios à concessionária, decidirá a melhor forma de estruturação de capital e dívida para financiar os investimentos necessários ao desenvolvimento dos aeroportos do bloco.
 

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