Maior operadora privada de saneamento básico no Brasil, a Aegea prepara o terreno para dar os próximos passos na agenda de universalização dos serviços, prevista no novo marco legal do setor.
Recentemente, a companhia captou 500 milhões de dólares em títulos sustentáveis (SLB), tornando-se a primeira operadora de saneamento da América Latina a emitir títulos de longo prazo atrelados ao cumprimento de metas socioambientais, como redução do consumo de energia em 15%, aumento de mulheres e negros em cargos de liderança, de 32% para 45% e de 17% para 27%, respectivamente.
Em entrevista ao GRI Club Infra, o presidente da Aegea, Radamés Casseb, diz acreditar que “a complementaridade entre os setores público e privado é essencial para o país solucionar o déficit no saneamento, que ainda possui realidades alarmantes”. Na carteira de concessões da companhia, seis projetos são no modelo de parceria público-privada (PPP).
“Destaco nossa concessão em Piracicaba, no interior de São Paulo, onde a universalização foi alcançada apenas dois anos após o início da PPP para gestão da coleta e tratamento do esgoto”. Hoje, a cidade aparece na 7ª colocação entre as dez melhores do país, segundo o Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil, publicado em 2021.

Operação Águas de Teresina, no Piauí, atende 1 milhão de pessoas com água tratada e 310 mil com esgotamento sanitário. Foto: Divulgação/Aegea
O executivo ressalta que outro ponto importante para o avanço do saneamento é as companhias - tanto públicas quanto privadas - apresentarem bons planos de negócios, demonstrando capacidade operacional e de investimentos.
Oportunidades no radar
Perguntado sobre as oportunidades no momento, especificamente a operação da Copanor, em Minas Gerais, que foi reprovada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Casseb afirma que a Aegea está sempre atenta e tem avaliado novas licitações em todas as regiões do país.
Segundo reportagem do Valor Econômico, a companhia se prepara para disputar as parcerias público-privadas no Ceará, que deverão ser licitadas em setembro, e tem especial interesse em novos projetos no Rio Grande do Sul, onde desde 2019 participa de uma PPP de esgoto que abarca nove municípios.
Na entrevista ao
GRI, Casseb elogiou o novo marco legal do saneamento, que segundo o executivo traz a segurança jurídica necessária para atrair mais investimentos e acelerar a universalização dos serviços de água e esgoto.
“É notável a escala que a regionalização oferece, reunindo municípios pequenos - ou com recursos mais limitados - para aumentar a atratividade dessas cidades. Este é um dentre vários aspectos da nova legislação que atua de modo a incentivar o crescimento dos investimentos privados no setor”, afirma.
Hoje, a Aegea está presente em 154 municípios brasileiros, atendendo populações que variam de três mil a 6,8 milhões de habitantes. “Nos adaptamos aos muitos ‘Brasis’ que existem no país. Para nós, uma concessão é mais do que um contrato com o poder concedente; é um compromisso com a prosperidade em cada território onde atuamos”.
Por fim, Casseb diz que a companhia acompanha com interesse as discussões sobre a integração de serviços relacionados a drenagem e resíduos sólidos nas concessões de água e esgoto. “Para nós, o setor de drenagem pluvial tem sinergia com diversos projetos. O desafio para solucionar o déficit do saneamento no Brasil passa diretamente pela integração de todo o processo do ciclo da água”.
Por Henrique Cisman