Imagem de capaTeresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental<br/>Crédito: GRI Club/ Flavio Guarnieri

2020 deve ser intenso em investimentos em saneamento, vê BRK

CEO Teresa Vernaglia aponta perspectiva muito melhor do que a de 2019, a partir da aprovação do novo marco do setor.

16 de dezembro de 2019Infraestrutura
Sob a égide de um novo marco regulatório, o setor de saneamento deve inaugurar uma fase de intensificação dos necessários investimentos rumo à universalização desses serviços no País a começar dos primeiros meses de 2020. 

"A partir da aprovação do PL [4162/19, que atualiza o marco regulatório], outros projetos [do setor] devem sair. Imagino que isso ocorra já entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, ainda que seja um ano eleitoral para os municípios, o que tende a trazer algum represamento de projetos. Entendo que as perspectivas para investimento em 2020 são melhores do que foram em 2019. Devemos ter um 2020 bastante intenso", diz Teresa Vernaglia, CEO da
BRK Ambiental

Ela concedeu entrevista ao GRI Hub durante o evento
Infra Brazil GRI 2019, organizado pelo GRI Club Infra, antes da aprovação da nova regulamentação. Confira: 

Com a aprovação do novo marco regulatório do saneamento, devemos ver um desrepresamento de investimentos? O ano de 2020 pode ser importante nesse sentido?
Mesmo à espera da aprovação do PL [4162/19], houve um projeto rodando no mercado, o da PPP da Corsan [leilão de parceria público-privada da Companhia Riograndense de Saneamento vencido pelo consórcio Aegea em 29 de novembro], o primeiro grande dos últimos três a quatro anos. A partir da aprovação do PL, outros projetos devem sair. Imagino que isso ocorra já entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, ainda que seja um ano eleitoral para os municípios, o que tende a trazer algum represamento de projetos. Entendo que as perspectivas para investimento em 2020 são melhores do que foram em 2019. Devemos ter um 2020 bastante intenso.

A privatização de companhias estaduais de saneamento tem despertado o interesse da BRK Ambiental?
O ponto principal é como chegar na universalização, o que pode se dar via privatização, mais concessões, PPPs e aquisições. Sob a nossa perspectiva, olhamos todas as possibilidades. O gap de investimentos em saneamento é tão grande que haverá uma cesta de opções bastante interessante, sendo a privatização uma delas. Então, sim, vamos analisar todas as formas que se apresentarem, desde que de maneira bem estruturada, com correta alocação de risco, clareza sobre a composição do contrato e segurança jurídica. Haverá muito interesse do setor privado por bons projetos, sejam eles de privatização, concessão ou PPP. Vejo a necessidade de um tripé para o setor andar: o primeiro é o PL; o segundo, projetos de qualidade a serem licitados – e o BNDES tem um papel importante nisso, já que se trata de projetos complexos, que demandam robusta análise técnica, de financiamento e regulatória; e o terceiro, uma agência reguladora com recursos financeiros e técnicos para cumprir o seu papel, que é dar as diretrizes para o setor. Com essas três condições postas, os recursos virão.

Funding, portanto, tende a não ser uma dificuldade significativa?
A discussão de financiamento é extremamente relevante porque, em infraestrutura, são necessários recursos de longo prazo a taxas adequadas; porém, é preciso haver projetos para aplicar esses financiamentos. Começarmos a ter esse nível de discussão – abrangendo como o mercado de capitais vai se desenvolver, quem vai tomar parte, onde serão captados os recursos, de que forma, em que tempo e tudo o mais – parte do princípio de se ter o marco regulatório, projetos e regulamento. Isso posto, o próximo problema é o funding, mas não será uma dificuldade se houver projetos bem estruturados. 

O que motivou o pedido de registro de companhia aberta, realizado pela BRK Ambiental em agosto junto à Comissão de Valores Imobiliários (CVM)? Quais os planos?
Hoje, captamos recursos no IDB Invest [braço do grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID], no Banco do Nordeste e na Caixa Econômica Federal – via [programa] Saneamento para Todos. Ir para o mercado de capitais e ter um leque maior de fundos para investimento é parte da nossa estratégia de diversificação de fontes de financiamento aos nossos projetos. Investimos R$ 1 bilhão por ano, mesmo antes do PL, com as operações existentes. Nosso objetivo é fazer a empresa crescer, com mais operações sob gestão. Então, será necessário muito recurso num curto espaço de tempo. Estarmos listados como companhia aberta tipo B é algo que contribui para aumentar nosso leque de opções de fundos de financiamento.

Entrevista concedida à editora-chefe, Giovanna Carnio

 

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